Inspectora da PJ diz que tiro a líder de Os Mosqueteiros terá sido a curta distância
«Foi um disparo de contacto ou, pelo menos, a muito curta distância», afirmou Isabel Alexandre ao colectivo de juízes do Tribunal Judicial de Leiria que está a julgar o cidadão francês Marc Lastavel, acusado pelo Ministério Público do crime de homicídio qualificado.
A inspectora adiantou que o tiro foi feito «a menos de meio metro», descrevendo a ferida provocada pelo projéctil.
Isabel Alexandre explicou, de seguida, como foi encontrado o empresário, proprietário dos supermercados Intermarché em Ourém, Leiria (Pousos e Marrazes) e Marinha Grande, no apartamento que possuía em Leiria e onde residira o arguido.
«O corpo da vítima estava debaixo da cama, com os pés voltados para a cabeceira, com a cabeça e o tronco envolvido numa toalha», explicou a inspectora do Departamento de Investigação Criminal de Leiria da PJ, acrescentando que nas mãos do empresário, atadas com fita gomada, foram ainda encontrados cabelos do presumível homicida, que fora, até Abril de 2008 administrador da loja Baobab, no Intermarché de Pousos
Durante a tarde prestou ainda depoimento Stephane Laluque, funcionário do Intermarché dos Pousos, Leiria, que declarou ter acompanhado na noite do crime António Figueira no encontro com Marc Lastavel no apartamento.
Stephane Laluque afirmou que o acusado se mostrou incomodado com a sua presença.
«Ele [Marc Lastavel] queria conversar a sós com o senhor Figueira», relatou, garantindo ao Tribunal ter visto, em data anterior ao homicídio, uma espingarda no apartamento.
Nesta primeira audiência testemunharam ainda uma das filhas do empresário, duas funcionárias do Intermarché e a pessoa responsável por ter alterado a fechadura do apartamento onde viveu o arguido.
A meio da tarde, o acusado, que esteve ao longo da sessão a tomar notas escritas, pediu a palavra ao presidente do Tribunal colectivo, dizendo-se «surpreendido com o desenvolvimento do julgamento, porque ainda não disse nada», queixando-se mesmo de não ter tido «oportunidade para falar».
O presidente do colectivo de juízes, João Guilherme Silva, lembrou a Marc Lastavel que o pôde fazer durante a manhã sobre o despacho de acusação, mas que o arguido «sobre isso não quis falar».
A sessão acabou por ser interrompida alguns minutos, para que o arguido e o seu advogado conferenciassem.
O julgamento continua quarta-feira às 9h20, com a audição de mais testemunhas, no âmbito do processo criminal e dos pedidos cíveis.
A família do empresário António Figueira pede uma indemnização de 1,2 milhões de euros, adiantou à Agência Lusa o advogado que a representa.
A este valor acresce o pedido, de 25 mil euros, da empresa detentora do grupo Os Mosqueteiros e na ordem dos 51 mil euros do Instituto da Segurança Social.
Fonte: Lusa / SOL