T
TIN
Visitante
Tudo sobre a TV do futuro
O sinal da TD Terrestre chegará às casas através das antenas hertzianas
Muito se tem falado do advento da Televisão Digital Terrestre, que no prazo de quatro anos irá substituir por completo a televisão analógica. Mas, para a maioria das pessoas, a sigla TDT encerra mais interrogações que respostas. Afinal, em que consiste este sistema, que deverá estar em todos os lares já em 2012?
Parece um bicho de sete cabeças mas a realidade é mais simples do que parece: a Televisão Digital Terrestre é uma nova forma de distribuição do sinal de televisão que chega a casa dos telespectadores através das antenas. Hoje ele é analógico. Passará, no máximo em 2012, a ser digital, o que significa uma melhor qualidade de imagem e som, além da possibilidade de acesso a mais canais em sinal aberto. Esta possibilidade foi confirmada na passada semana, quando o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, que tutela a pasta da Comunicação Social, anunciou que “parte do espaço remanescente (na plataforma de frequência digital terrestre) deve ser afectada à difusão em sinal aberto de um novo canal generalista”. O que, na prática, significa que quando se der a chamada ‘migração’ – leia-se, quando a TDT for uma realidade – os telespectadores terão acesso gratuito a cinco canais generalistas.
Mas, num primeiro tempo, quem não quiser ficar ‘às escuras’ terá inevitavelmente de fazer um investimento, a não ser que o futuro concessionário (operador da plataforma) venha a distribuir gratuitamente as set-top boxes, ou seja, os descodificadores, que irão transformar o sinal nos televisores tradicionais. Outra possibilidade passa por adquirir um aparelho novo. Mas não basta chegar à loja e comprar. Terá de ser um televisor com receptor digital integrado, a não confundir com um equipamento que permita visualizar emissões em alta definição (HD). Quanto ao preço que poderá custar o descodificador, embora já se fale de valores que poderão oscilar entre os 50 e os 100 euros, a verdade é que só após a atribuição das licenças se poderá ter uma noção mais clara. Para já só se pode especular, e enquanto alguns opinam que o Estado deveria comparticipar a aquisição da referida set-top box – este é o nome do descodificador –, à semelhança de alguns países, outros arriscam mesmo a possibilidade de o concessionário optar por oferecê-la aos telespectadores, sob pena de os clientes das operadoras de televisão por cabo poderem boicotar o novo sistema.
Na opinião de Teresa Ribeiro, presidente do Gabinete para os Meios de Comunicação Social, “ainda é prematura” a discussão em redor da eventual comparticipação do Estado. A mesma responsável adianta que “o Governo irá reunir as condições para monitorizar o processo de migração em todo o País”. Só ainda não se sabe a forma que assumirá a referida monitorização.
Seja como for, uma coisa é certa: a 1 de Janeiro de 2012 cessará definitivamente em todos os países da União Europeia a emissão do sinal analógico de televisão hertziana. A este momento deu-se o nome de ‘switch-off’, ou ‘apagão analógico’. Fala-se também de ‘switch-over’, o que, segundo explicações de Teresa Ribeiro, introduz uma ‘nuance’ importante: não se apaga simplesmente o sinal analógico, “muda-se para algo concreto”. A TDT é considerada da maior importância a nível social e económico e vai permitir que toda a população europeia tenha acesso, nas mesmas condições, à cultura e ao desenvolvimento.
PROCESSO EM FASE AVANÇADA
A data anunciada emana de uma comunicação publicada em Maio de 2005 pela Comissão Europeia, intitulada ‘Acelerar a transição da radiodifusão analógica para a digital’. Uma vez que, em vários países da União Europeia, o processo está em fase bastante avançada, como o previa na altura Vivianne Reding, comissária responsável pela área da Sociedade de Informação, 2012 representa uma placa giratória incontornável. Face a esta realidade, uma dúvida impõe-se: estará Portugal preparado para o switch-off? Nem todos estão optimistas. O concurso para a exploração do serviço da TDT, que ainda não tem data e que está a ser coordenado pela Autoridade Nacional para as Comunicações (ANACOM), chega tarde relativamente aos restantes países da Europa. Contudo, já cativou o interesse de pelo menos dez grupos nacionais e estrangeiros: Portugal Telecom, Sonaecom, AR Telecom, TDF, Retevisión, RTP, Impresa, Prisa, Controlinveste e Cofina.
Em causa está a atribuição da licença para os futuros operadores de plataforma, que irão gerir os chamados ‘multiplexers’ – espaços, ou frequências, do ‘espectro’ digital onde cabem vários canais – A (para os canais em sinal aberto) e B a F, que alojarão os futuros canais codificados pagos. Numa segunda fase está prevista a criação de um quinto canal generalista. “O plano para a cobertura de 99% do País em três anos é muito ambicioso, uma vez que, economicamente, um negócio centrado na TDT será difícil”, avisou Luís Reis, da Associação dos Operadores de Telecomunicações (APRITEL), durante o Congresso das Comunicações’07.
O pessimismo é compartilhado por Zeinal Bava, vice-presidente da Portugal Telecom, para quem a diferenciação, a ser feita por conteúdos e qualidade de serviço, “será complicada numa altura em que os operadores existentes têm um poder de mercado significativo, o que lhes permite adquirir exclusivos”. Já Manuel Polanco, administrador-delegado da Media Capital, não dá tanta importância à infra-estrutura: “O sucesso da TDT depende do interesse que irá despertar no consumidor.” Francisco Maria Balsemão, administrador executivo da Impresa, sugere que, numa primeira fase, os canais abertos operem um canal em conjunto, para diminuir “os custos de duas operações de ‘broadcast’ em simultâneo (digital e analógico).” Em 2012, cada um teria o seu canal.
OPINIÃO DO GOVERNO: GRANDE DESAFIO
No último dia do Congresso das Comunicações’07, o secretário de Estado adjunto das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Paulo Campos, reafirmou o interesse do Governo em lançar o mais brevemente que possível o concurso para a TDT. “Este representará, para o sector das comunicações, o fim de um ciclo centrado na tecnologia e a entrada num novo ciclo em que o centro é o consumidor e em que as redes de nova geração terão um papel preponderante”, afirmou Paulo Campos, consciente dos desafios que tem pela frente, nomeadamente o switch-off em 2012, a gestão do dividendo digital e o facto de o concurso não ser lançado mais cedo.
LÁ POR FORA: PORTUGAL EM ÚLTIMO
ESPANHA
Após um fracasso em 2003, a TDT foi relançada em 2005. O plano de cobertura da população é de 90%. O switch-off está agendado para 2010.
REINO UNIDO
A oferta de TDT freeview (serviço digital, multicanal, sem assinatura) cobre mais de 77% da população. O switch-over será em 2012.
FRANÇA
A penetração da TDT é de 70%. O apagão analógico está previsto em lei para 30 de Novembro de 2011.
ITÁLIA
Num país onde os receptores foram financiados pelo Estado, a TDT está disponível para 70% da população, com 20 canais.
SUÍÇA, ALEMANHA E ÁUSTRIA
O switch-off está a ser feito por regiões.
HOLANDA
O primeiro país a realizar o apagão analógico, a 11 de Dezembro de 2006.
VASTA ESCOLHA
A obrigatoriedade de aderir ao sistema de TDT só se põe para os telespectadores da televisão analógica hertziana, que dispõem actualmente dos quatro canais generalistas. A partir de 2012, o consumidor poderá optar entre cinco sistemas: a TDT, a TV por satélite, a TV por cabo, a IPTV (estas duas proporcionando um número muito elevado de canais) e TV por telemóvel.
CAUTELA
Os consumidores devem ter cautela na compra de novos televisores pois ainda não há certezas quanto às especificidades do sistema a adoptar. Na dúvida, aconselha-se o ‘mpeg 4’, tido como o mais avançado.
Correio da Manhã
O sinal da TD Terrestre chegará às casas através das antenas hertzianas
Muito se tem falado do advento da Televisão Digital Terrestre, que no prazo de quatro anos irá substituir por completo a televisão analógica. Mas, para a maioria das pessoas, a sigla TDT encerra mais interrogações que respostas. Afinal, em que consiste este sistema, que deverá estar em todos os lares já em 2012?
Parece um bicho de sete cabeças mas a realidade é mais simples do que parece: a Televisão Digital Terrestre é uma nova forma de distribuição do sinal de televisão que chega a casa dos telespectadores através das antenas. Hoje ele é analógico. Passará, no máximo em 2012, a ser digital, o que significa uma melhor qualidade de imagem e som, além da possibilidade de acesso a mais canais em sinal aberto. Esta possibilidade foi confirmada na passada semana, quando o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, que tutela a pasta da Comunicação Social, anunciou que “parte do espaço remanescente (na plataforma de frequência digital terrestre) deve ser afectada à difusão em sinal aberto de um novo canal generalista”. O que, na prática, significa que quando se der a chamada ‘migração’ – leia-se, quando a TDT for uma realidade – os telespectadores terão acesso gratuito a cinco canais generalistas.
Mas, num primeiro tempo, quem não quiser ficar ‘às escuras’ terá inevitavelmente de fazer um investimento, a não ser que o futuro concessionário (operador da plataforma) venha a distribuir gratuitamente as set-top boxes, ou seja, os descodificadores, que irão transformar o sinal nos televisores tradicionais. Outra possibilidade passa por adquirir um aparelho novo. Mas não basta chegar à loja e comprar. Terá de ser um televisor com receptor digital integrado, a não confundir com um equipamento que permita visualizar emissões em alta definição (HD). Quanto ao preço que poderá custar o descodificador, embora já se fale de valores que poderão oscilar entre os 50 e os 100 euros, a verdade é que só após a atribuição das licenças se poderá ter uma noção mais clara. Para já só se pode especular, e enquanto alguns opinam que o Estado deveria comparticipar a aquisição da referida set-top box – este é o nome do descodificador –, à semelhança de alguns países, outros arriscam mesmo a possibilidade de o concessionário optar por oferecê-la aos telespectadores, sob pena de os clientes das operadoras de televisão por cabo poderem boicotar o novo sistema.
Na opinião de Teresa Ribeiro, presidente do Gabinete para os Meios de Comunicação Social, “ainda é prematura” a discussão em redor da eventual comparticipação do Estado. A mesma responsável adianta que “o Governo irá reunir as condições para monitorizar o processo de migração em todo o País”. Só ainda não se sabe a forma que assumirá a referida monitorização.
Seja como for, uma coisa é certa: a 1 de Janeiro de 2012 cessará definitivamente em todos os países da União Europeia a emissão do sinal analógico de televisão hertziana. A este momento deu-se o nome de ‘switch-off’, ou ‘apagão analógico’. Fala-se também de ‘switch-over’, o que, segundo explicações de Teresa Ribeiro, introduz uma ‘nuance’ importante: não se apaga simplesmente o sinal analógico, “muda-se para algo concreto”. A TDT é considerada da maior importância a nível social e económico e vai permitir que toda a população europeia tenha acesso, nas mesmas condições, à cultura e ao desenvolvimento.
PROCESSO EM FASE AVANÇADA
A data anunciada emana de uma comunicação publicada em Maio de 2005 pela Comissão Europeia, intitulada ‘Acelerar a transição da radiodifusão analógica para a digital’. Uma vez que, em vários países da União Europeia, o processo está em fase bastante avançada, como o previa na altura Vivianne Reding, comissária responsável pela área da Sociedade de Informação, 2012 representa uma placa giratória incontornável. Face a esta realidade, uma dúvida impõe-se: estará Portugal preparado para o switch-off? Nem todos estão optimistas. O concurso para a exploração do serviço da TDT, que ainda não tem data e que está a ser coordenado pela Autoridade Nacional para as Comunicações (ANACOM), chega tarde relativamente aos restantes países da Europa. Contudo, já cativou o interesse de pelo menos dez grupos nacionais e estrangeiros: Portugal Telecom, Sonaecom, AR Telecom, TDF, Retevisión, RTP, Impresa, Prisa, Controlinveste e Cofina.
Em causa está a atribuição da licença para os futuros operadores de plataforma, que irão gerir os chamados ‘multiplexers’ – espaços, ou frequências, do ‘espectro’ digital onde cabem vários canais – A (para os canais em sinal aberto) e B a F, que alojarão os futuros canais codificados pagos. Numa segunda fase está prevista a criação de um quinto canal generalista. “O plano para a cobertura de 99% do País em três anos é muito ambicioso, uma vez que, economicamente, um negócio centrado na TDT será difícil”, avisou Luís Reis, da Associação dos Operadores de Telecomunicações (APRITEL), durante o Congresso das Comunicações’07.
O pessimismo é compartilhado por Zeinal Bava, vice-presidente da Portugal Telecom, para quem a diferenciação, a ser feita por conteúdos e qualidade de serviço, “será complicada numa altura em que os operadores existentes têm um poder de mercado significativo, o que lhes permite adquirir exclusivos”. Já Manuel Polanco, administrador-delegado da Media Capital, não dá tanta importância à infra-estrutura: “O sucesso da TDT depende do interesse que irá despertar no consumidor.” Francisco Maria Balsemão, administrador executivo da Impresa, sugere que, numa primeira fase, os canais abertos operem um canal em conjunto, para diminuir “os custos de duas operações de ‘broadcast’ em simultâneo (digital e analógico).” Em 2012, cada um teria o seu canal.
OPINIÃO DO GOVERNO: GRANDE DESAFIO
No último dia do Congresso das Comunicações’07, o secretário de Estado adjunto das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Paulo Campos, reafirmou o interesse do Governo em lançar o mais brevemente que possível o concurso para a TDT. “Este representará, para o sector das comunicações, o fim de um ciclo centrado na tecnologia e a entrada num novo ciclo em que o centro é o consumidor e em que as redes de nova geração terão um papel preponderante”, afirmou Paulo Campos, consciente dos desafios que tem pela frente, nomeadamente o switch-off em 2012, a gestão do dividendo digital e o facto de o concurso não ser lançado mais cedo.
LÁ POR FORA: PORTUGAL EM ÚLTIMO
ESPANHA
Após um fracasso em 2003, a TDT foi relançada em 2005. O plano de cobertura da população é de 90%. O switch-off está agendado para 2010.
REINO UNIDO
A oferta de TDT freeview (serviço digital, multicanal, sem assinatura) cobre mais de 77% da população. O switch-over será em 2012.
FRANÇA
A penetração da TDT é de 70%. O apagão analógico está previsto em lei para 30 de Novembro de 2011.
ITÁLIA
Num país onde os receptores foram financiados pelo Estado, a TDT está disponível para 70% da população, com 20 canais.
SUÍÇA, ALEMANHA E ÁUSTRIA
O switch-off está a ser feito por regiões.
HOLANDA
O primeiro país a realizar o apagão analógico, a 11 de Dezembro de 2006.
VASTA ESCOLHA
A obrigatoriedade de aderir ao sistema de TDT só se põe para os telespectadores da televisão analógica hertziana, que dispõem actualmente dos quatro canais generalistas. A partir de 2012, o consumidor poderá optar entre cinco sistemas: a TDT, a TV por satélite, a TV por cabo, a IPTV (estas duas proporcionando um número muito elevado de canais) e TV por telemóvel.
CAUTELA
Os consumidores devem ter cautela na compra de novos televisores pois ainda não há certezas quanto às especificidades do sistema a adoptar. Na dúvida, aconselha-se o ‘mpeg 4’, tido como o mais avançado.
Correio da Manhã