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Nutrição Infantil

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Nutrição Infantil
Dra. Henedina Antunes



A alimentação no 1ºano de vida e na grávida tornou-se essencial pela vulnerabilidade do cérebro humano nos seus primeiros tempos de vida. A grávida não deve comer peixes de águas profundas, mais sujeitos a contaminação com metais pesados, como o vulgar atum, de forma frequente.




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Do ponto de vista prático, quanto mais pequeno for o peixe menor o risco.

No 1º ano de vida, a OMS aconselha o aleitamento exclusivo até aos primeiros 6 meses. A OMS tem curvas de crescimento, só de crianças amamentadas, obtidas de 17 países diferentes e o crescimento é semelhante.

Por isso, quando as crianças seguem o aleitamento ideal, leite materno, até aos 12 meses e, exclusivo, só leite, até aos 6 meses crescem iguais em todo mundo. Uma lição de igualdade dada pela nutrição infantil.

Estas são as curvas que nos deverão guiar, também em Portugal.

Inicialmente as fórmulas infantis preocupavam-se em ter muita proteína. Os bebés ficavam com pregas de deposição de gordura.

Trabalhos prospectivos, nomeadamente nos EUA, parecem mostrar que lactentes, que são os bebés dos 29 dias aos 12 meses, que nascem com informação de pouco alimento disponível, chamados de restrição de crescimento intra-uterino (RCIU), com menos peso do que a sua idade gestacional, quando nasciam e aumentavam rapidamente de peso tinham maior risco de ter tensão arterial elevada (TAE) em adultos, e, também, os que têm sal acrescentado à alimentação no 1º ano de vida.

Tanto a TAE como a obesidade, são factores de risco para enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral. Tal como o sal, o açúcar também não deve ser acrescentado aos alimentos, pelo menos durante o 1º ano de vida.

O aporte de ferro e de ácidos gordos poliinsaturados de cadeia longa (LC-PUFAs) no 1º ano de vida, estes últimos sobretudo necessários nos prematuros que rapidamente perdem as suas reservas, são importantes para o funcionamento do cérebro.

Os LC-PUFAs não são necessários só em termos de formação do cérebro e retina, pensa-se que a sua manipulação na proporção correcta pode ajudar na tolerância imunológica, ou seja, não reagirmos aos alimentos de forma a considerá-los estranhos e a termos alergia.

Lactentes portugueses sem problemas de saúde e cumprindo as recomendações europeias de alimentação do lactente ainda tinham aos 9 meses 19,4% de anemia por deficiência de ferro (ADF) e 39,3% deficiência deste metal.

É consensual que crianças com ADF, têm atraso de desenvolvimento quando da anemia. Mas até 8 anos depois ainda se encontram subtis alterações do desenvolvimento nestas crianças portuguesas pelo que se deve prevenir estas situações enriquecendo com ferro todas as fórmulas infantis, o que já é obrigatório na Comunidade Europeia, ou dar suplemento de ferro nas crianças que dele necessitem, como grande percentagem dos que estão a ser amamentados exclusivamente.

O leite materno é o ideal para o bebé mas não é perfeito, é pobre em ferro e vitamina D. Tal como o amor da sua vida!

E é por isso que deve dar E é por isso que deve dar uma gotinha de vitamina D ao seu filho no primeiro ano de vida e suplemento de ferro nos prematuros, RCIU e os que fazem, como devem, exclusivamente o leite da mãe até aos 6 meses.

Não dar leite de vaca no 1º ano de vida é consensual. Não há qualquer razão para dar um leite não humano ou não adaptado a um lactente humano.

Em relação à diversificação alimentar, e chama-se assim aos alimentos que damos aos lactentes após os seis meses de vida para além do leite, não há evidência científica que o protelar a introdução de um alimento diminua o risco de ter reacção adversa a esse alimento. Boa notícia para os pais!

Afinal não é preciso uma tese de doutoramento para alimentar o seu filho. Bom senso e muita paciência chegam. Iniciar o glúten aos 6 meses e não mais tarde. Amêndoas, amendoins... alimentos com que o seu/sua filho(a) se pode engasgar, não. Os outros escolha-os naturais e locais que são mais baratos e têm menos conservantes.

Não esquecer que o leite de vaca está na maioria dos iogurtes, não é só no "leite do pacote" se quer dar iogurte antes dos 12 meses escolha um com leite adaptado. E confeccione a comida do seu filho, ele/ela cresce a vê-la/vê-lo preparar os alimentos.

Para as mães e, especialmente ao pai, que não podia tirar o seio para o alimentar, mostre que sabe preparar-lhe uma refeição e que não faz com ele o que faz com o gato, abrir a embalagem de comida pré confeccionada e pô-lo a comer.

Para uma boa nutrição devemos comer de tudo, apenas ter cuidado com a quantidade, ingerir as calorias necessárias à vida, sem ser necessário acumular.

Uma nova regra de nutrição pediátrica impõe-se na epidemia da obesidade infantil: os adultos escolhem o que comem as crianças e estas escolhem a quantidade que querem comer, não insista. "Não te levantas da mesa sem comeres tudo o que está no prato", é uma regra que nem a si já deve aplicar. A não ser que já tenha ciência para o fazer!

Os boiões, pão com chocolate, gordura com corantes que nos dizem ricos em maravilhosos nutrientes devem fazer pensar os pais, afinal ainda não vi ninguém fazer publicidade à maçã. Sabem porquê? É que tem mesmo valor nutricional.

Comer com variedade e comer sem culpa, o stress aumenta o colesterol. E faça de cada refeição do seu filho (a) um acto social de prazer, porque também o é.



Dra. Henedina Antunes,
Chefe de Serviço e doutorada em Pediatria
Serviço de Pediatria do Hospital de São Marcos, Braga
















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