Luz Divina
GF Ouro
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POR QUE A DESGRAÇA ALHEIA FAZ SUCESSO?
No senso popular, ser criminoso é uma escolha pessoal e são irrelevantes as questões de ordem social, psicológica ou biológica como causas muitas vezes inseparáveis da grave criminalidade. Acredita-se na eficiência de convencer as pessoas com penas cada vez mais altas e que o castigo é grande e o crime não compensa, e com este método os índices de criminalidade poderiam finalmente chegar à zero.
Ainda hoje, no Brasil, emendas a Constituição são propostas para que, nos casos de crime hediondo e sequestro, a pena possa ser de prisão perpétua. O ganho político deste tipo de discurso, de acordo com os conceitos vigentes de educação, é indiscutível. Há que se modificar o conceito, o valor, antes que se possa pensar num direito penal moderno e humano.
Ainda assim, quando tivermos conseguido educar uma cultura ocidental inteira, nos restará ainda lutar contra o sentimento de schadenfreude, definido com palavra alemã que tem sua origem etimológica derivada de schaden – adversidade, dano, e freude – alegria.
Trata-se do prazer que o ser humano sente com a desgraça alheia. A própria Bíblia parece reconhecer esta “alegria”, quando a estabelece como não devemos nos alegrar com o fracasso do inimigo, no Livro dos Provérbios 24:17 – 18:
Podemos assistir o schadenfreude atingindo a massa ao nos deparamos com os altos índices de ibope alcançados quando os telejornais mostram prisões, e os suspeitos são filmados sendo algemados e expostos ao público, quando aglomerados de pessoas vão a locais de crime “assistir” ao vivo os acontecimentos, quando investigados são execrados pela opinião pública antes mesmo de serem julgados. É o que o povo, em sua simples sabedoria e linguagem, chama de “alma lavada”.
A audiência alcançada pelos últimos capítulos da novela das nove reforçam esse conceito. Ali, todos têm antecedentes criminais dos mais variados: tentativa de homicídio, cárcere privado, lesão corporal, abandono de incapaz, furto, estelionato, exploração de trabalho infantil, extorsão, roubo, rufianismo e homicídio.
Resta saber se seríamos atingidos pelo schadenfreude ao ver os “bons” também punidos, depois de conhecer profundamente os motivos de cada um, ou se a sensação de “alma lavada” também seria sentida em relação à impunidade das personagens com “bons motivos”, absolvidas por conhecermos a história inteira de cada um. Essa chance os inocentes da vida real não alcançam!
serialkiller
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