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O que é a religião?

Antonio A Alves

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Acidentes de percurso, estou a tentar corrigir a situação
 
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Antonio A Alves

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A religião pode ser definida como um conjunto de crenças e práticas (ritos), relativos a certos sentimentos manifestados perante o divino por uma dada comunidade de crentes, obrigando-os a agir segundo uma lei divina para puderem ser salvos, libertos ou atingirem a perfeição. Cada religião defende um conjunto de valores cuja validade pretende ser universal.
 

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Experiência Religiosa

As manifestações religiosas são tão antigas e estão de tal modo difundidas que nos é difícil imaginar o Homem sem Religião. Chega-se à religião de múltiplas maneiras, a mais frequente é através da família.

Os homens sempre esperam das religiões respostas para os enigmas com que se deparam: O que é homem? Qual o sentido da sua existência? Qual a origem e o fim do sofrimento? Como podemos atingir a felicidade? O que é a morte? Existe uma justiça sobre-humana que castigue os que fizeram outros sofrer e recompense as suas vítimas? Não encontrando respostas na ciência para estas questões, buscam-nas com frequência na religião.

Mas o sentimento religioso emerge também a partir da própria consciência que o Homem é um ser finito, limitado, imperfeito, que se descobre num mundo que não criou e cujo sentido desconhece.

A experiência religiosa está igualmente associada a vivências particulares, como os fenómenos sobrenaturais, que despertam os homens para outras dimensões da realidade.
 

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Transcendente

Cada experiência religiosa apresenta-se como uma ligação profunda e envolvente do homem com o sagrado, na qual se anula na sua individualidade. Sempre que o homem entra em contacto com o sagrado (o divino, o transcendente) estamos perante um tipo particular de experiência religiosa.

Todas as religiões assentam no pressuposto de que existem duas dimensões do real: a sagrada e a profana.

A sagrada define-se por oposição à profana, e corresponde a uma realidade que é assumida como perfeita, divina e dotada de poderes superiores aos humanos, suscitando no homem respeito, medo e reverência.

A profana identifica-se com o mundo em que vivemos, sendo apontada como banal e vista inferior em relação à sagrada (Profano, do latim pro (diante de ) e fanum (espaço sagrado).

Em cada religião o transcendente expressa-se sob diversas formas e assume diversas figuras: Deus, deuses, anjos, espíritos, etc.
 

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Crenças

Todas as religiões apresentam-se como um sistema de crenças e ritos.

As crenças são representações sobre o sagrado elaboradas de forma mais ou menos complexa, podendo ou não ser escritas. Estas crenças definem uma concepção particular do sagrado, os seus poderes e virtudes. É inerente ao próprio conceito de crença, algo que não é do domínio da razão. Procurar uma explicação racional para a maioria das crenças revela-se quase sempre uma tarefa em vão.

Cada religião privilegia certas formas de contacto com o sagrado em detrimento de outras. Apresenta também uma dada explicação para o sentido do mundo e a existência do próprio homem (vida, morte, etc), em geral codificada sobre a forma de um conjunto de ensinamentos doutrinais.

Entre as crenças associadas ao aparecimento de manifestações religiosas podemos destacar as seguintes:

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A crença na existência de forças superiores ao Homem, a cujo poder este estaria submetido. Estes seres que manifestam a sua vontade e designios no mundo em que vivemos, são assumidos como absolutos, incondicionados, divinos, transcendentes, não compostos, omniscientes, etc. Sozinhos ou em grupo constituem uma outra dimensão da realidade, sendo frequentemente considerada como a única que é verdadeira. O mundo em que vivemos é encarado como uma mera ilusão, sonho.


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A crença numa ordem e justiça sobre-humana. Esta crença permite ao Homem suportar não apenas o sofrimento e as injustiças que experimenta no seu quotidiano, mas também esperar uma espécie de recompensa após a morte do seu corpo.
 

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Ritos

Os ritos são um conjunto de práticas simbólicas através das quais o Homem entra em contacto com o sagrado, transcendendo a sua condição profana. Estes ritos devem ser executados com grande rigor, caso contrário daí poderão advir funestas consequências.

Os ritos evocam quase sempre acontecimentos sobrenaturais ligados à origem do mundo ou da própria religião. A sua repetição é vivida como uma actualização desses acontecimentos memoráveis. Repetem-se os mesmos gestos ou pronunciam-se as mesmas palavras que em tempos imemoriais uma personagem divina realizou.

Os rituais são testemunhos públicos das crenças de uma dada comunidade, que ao praticá-los não apenas reforça a sua unidade, também os sentimentos de pertença dos seus membros

É em torno destas crenças e ritos que se estruturam as diversas comunidades de crentes, acabando por diferenciá-las entre si em termos culturais e sociais.
 

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Moral Religiosa

As comunidades religiosas são igualmente comunidades morais, isto é, os seus membros partilham as mesmas normas de conduta, assumem os mesmos modelos de vida e evitam praticar aquilo que a religião condena. A salvação individual ou colectiva está dependente do cumprimento da lei divina.
 

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Organizações Religiosas

A religião é uma manifestação colectiva, geradora de fortes sentimentos de identidade entre os seus membros. Os crentes não apenas se juntam para manifestarem a sua fé, mas também para criarem os meios de a perpetuar e difundir.

As organizações religiosas procuram não apenas manter as suas práticas rituais, mas também influenciar o curso dos acontecimentos sociais. Neste sentido desdobram-se num vasto conjunto de organizações que actuam em todas as áreas da sociedade, ultrapassando desta forma a simples dimensão ritualista. Tomando como referência o que ocorre na Igreja Católica, podemos dizer que as organizações religiosas, no seu conjunto procuram asseguram três funções básicas:
 

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Perpetuar a religião

Qualquer religião para subsistir tem assegurar continuamente os meios necessários à manutenção e construção de novos templos, mas também à subsistência ou à formação de sacerdotes. No passado, como aconteceu em Portugal, as organizações religiosas que asseguravam estas e outras funções chegaram a ser verdadeiros potentados económicos, absorvendo enormes recursos do país.
 

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Difundir a religião

Captar novos crentes é essencial para a sobrevivência de qualquer religião, caso contrário esta tende a extinguir-se. Entre as organizações que ficaram célebres no desempenho destas acções de difusão da fé destacam-se as ordens dos franciscanos ou a dos jesuítas. Durante a Idade Média chegou-se também a recorrer a processos violentos para atingir este objectivo. Foram então criadas no ordens militares para combater os infiéis (Templários, Santiago de Espada, Calatrava, Avis, Ordem de Cristo, etc). Nos nossos dias, assistimos no mundo islâmico à utilização de métodos igualmente violentos para dominar ou exterminar os infiéis ( os que seguem uma outra religião).
 

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Velar pela ortodoxia da religião

Uma das preocupações de todas as religiões foi sempre evitar os desvios que possam surgir no seio colocando em causa os seus fundamentos. A Inquisição (Tribunal do Santo Ofício) foi uma organização católica tristemente célebre pela forma brutal como ao longo de séculos condenou à morte milhares pessoas consideradas hereges.
 

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Religião e Sociedade

As principais religiões estão profundamente ligadas à sociedades onde estão implantadas, os seus percursos históricos confundem-se. É difícil de explicar, por exemplo, a história de Portugal, se não se tiver em conta a profunda influência que aqui possuiu a Igreja Católica.

Em algumas sociedades, a religião assume tais proporções que o Estado se tornou a expressão directa da própria religião dominante, como acontece no Irão. Os chefes religiosos são também chefes políticos (Estado teocrático).

Apesar da crescente des-sacralização, a influência social da religião continua a ser enorme. Os acontecimentos religiosos são frequentemente assumidos como acontecimentos sociais.
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Dois exemplos:

- Ao longo do ano podemos observar como os momentos de descanso ou de festa estão ligados a dias que assinalam acontecimentos de natureza religiosa (Domingo, Natal, Carnaval, Páscoa e outros dias feriados).

- Os momentos marcantes da vida das pessoas, como o nascimento, o baptismo, o casamento ou a morte, continuam a ser assinalados por cerimónias religiosas.

A moral é outro aspecto revelador da influência social da religião, nomeadamente como um poderoso meio de controlo social através da difusão das suas normas de conduta moral.
 

Antonio A Alves

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Religiosidade Popular

As grandes religiões são quase sempre percorridas por duas correntes religiosas nem conciliáveis: a "oficial" e a "popular".

A "oficial está ligada à elite dos sacerdotes. Caracteriza-se por uma elevada racionalização das crenças e ritos religiosos, transformando-as num corpo doutrinal muito intelectualizado, depurado de outras tradições religiosas. Apresenta-se quase sempre numa linguagem abstracta e universal. O divino apresenta-se enquadrado numa estrutura teórica muito complexa. O comum dos crentes raramente compreende ou sente a religião desta forma. A obra de grandes teóricos dos cristianismo, como Agostinho de Hipona ou Tomás de Aquino são exemplos desta corrente.

A corrente "popular" está ligada à forma como a maioria das pessoas encara a religião: a emoção sobrepõe-se à razão. O vivido ao pensado. O desvio da norma oficial é por vezes total. Caracteriza-se por uma visão espontânea, emotiva, sincrética e concreta da religião. Esta religiosidade popular é herdeira de tradições ancestrais, podemos encontrar na mesma crenças e ritos de antigas religiões há muito desaparecidas. O crente não sente qualquer incoerência em acreditar, por exemplo, no cristianismo e em praticar também rituais de origem pagã. Na religiosidade popular em Portugal podemos encontrar inúmeros exemplos deste sincretismo milenar.

Estas manifestações populares de religiosidade atribuem uma grande importância a tudo o que pode ser visto, tocado ou sentido directamente. O crente procura sentir de forma muito viva o contacto com o divino e obter um testemunho concreto deste contacto. É por esta razão que nela se apela a tudo o que é de natureza física, como os gestos e se recorre a práticas mágicas, feitiços, exorcismos, sacrifícios, peregrinações, etc. que envolvem de forma marcante quer o crentes quer o sacerdote; usa e abusa-se de objectos de culto como mezinhas, imagens de santos, virgens, estátuas, medalhas, etc , para se obter isto ou aquilo, ou simplesmente para se testemunhar que se esteve neste ou naquele local sagrado.

As relações com o divino são quase sempre, neste caso, relações de troca: O crente promete fazer uma oferta (promessa, voto) caso o divino lhe dê o lhe pede. Uma vez recebida a dádiva, o crente vê-se obrigado a efectuar o pagamento.
 

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Espíritos

Na génese de todas as religiões, para muitos investigadores, está a crença que as pessoas, os animais e todas as coisas da própria natureza são animadas por espíritos (forças sobrenaturais). Estes espíritos com o tempo foram sendo transformados em seres imortais ou divinos, aos quais os seres humanos passaram prestar cultos específicos.

Exemplos de espíritos: anjos, demónios, espíritos ancestrais, etc.

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Religiões Politeístas

As grandes religiões históricas são produto de uma longa evolução, durante a qual foram estruturando um corpo doutrinal e criando poderosas formas organizativas que hoje abrangem todos os continentes.
 

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Hinduísmo

Hinduísmo ou Bramanismo é a principal religião da Índia, reunindo uma enorme variedade de crenças e cultos.


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Na origem do hinduismo está a religião dos arianos, povo que invadiu a Índia por volta de 1.500 a.C. Os seus deuses representavam as diversas forças da natureza, como Varuna (Vida), Indra (Céu) ou Agni (Fogo)
 

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Livros Sagrados:

Veda (c.1500 -1000 a.C). Apenas os nascidos duas vezes os podem ler, estão escritos em sânscrito (arcaico). Compostos por quatro colecções de cantos sagrados e formulas de oferendas. Fixam a ordem do mundo, a posição dos vários deuses, fornecendo igualmente o grande tema para a religião hindu: a salvação da alma através da sabedoria e do sofrimento corporal.
Upanishadas (c.800-300 a.C). Ensinam que toda a realidade assenta na consciência individual, e a alma só pode ser libertada através do conhecimento.
Smarti (inicio da Era Cristã). Acessíveis a todos. Insistem na salvação através da participação na ordem cósmica.
 

Antonio A Alves

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Deuses

No Hinduísmo existem milhares de deuses ou emanações divinas. A sua devoção ou popularidade depende muito da região ou de cada comunidade. Entre eles destacam-se três
Brama (Brahman), o deus impessoal, uma espécie de energia cósmica mantém um permanente ciclo de criação-conservação-destruíção dos cosmos.Vishu (Visnu), guardião da ordem cósmica. Está ligado às castas superiores da India. Shiva (Siva). Deus criatividade, destruição, representa o conjunto das forças obscuras, transgressoras, mesmo maléficas. Exprime o desapego do mundo.Entre as muitas deusas (Devis), destaca-se Parvati. irmã de Visnu, esposa de Siva, combate o mal, vela pela segurança das pessoas, em especial das crianças. É muito popular.Os deuses estão algures no "céu", mas muitas vezes para salvar as comunidades humanas ou responderem ao apelo de crentes, manifestam-se entre os humanos sob diversas formas, denominadas avatares. A mais famosa destas encarnações divinas é Rama (cfr. Romayana) e Krisna (cfr. Mahabharata).
 

Antonio A Alves

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Concepção do Cosmos

Na religião Hindu prevalece a concepção cósmica. O ser humano, enquanto individuo único, não existe. Apenas existem géneros (Homem/Mulher), Castas, Puros/Impuros, etc. Cada um, de acordo com o seu nascimento, está integrado num dado grupo fechado, que determina a sua condição e o que deve fazer. O sistema é fechado.
 

Antonio A Alves

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Dois grandes princípios

O karma é natureza que com que nascemos e que decide o nosso destino. O karma é o resultado das nossas acções numa vida anterior.
A metempsicose é a crença na transmigração das almas, isto é, depois desta vida voltaremos a reencarnar num outro ser vivo. Assim sucederá até à nossa libertação.
Estes princípios conduziram a religião Hinduista a defender a desigualdade da natureza entre os homens.
Tudo começou quando no princípio dos tempos, Brama criou os primeiros homens. Da sua boca saíram os sacerdotes (brâmanes), os mais puros de todos. Dos seus braços surgiram os guerreiros (xatris). Das suas pernas os agricultores e mercadores. E por último, criou os homens mais impuros de todos, a plebe destinada à servidão (sudras e párias).
O nascimento dos homens numa ou noutra casta é assim, segundo o hinduísmo, um castigo ou uma recompensa pela vida anterior.
Segundo a lei do Karma, "só colhemos o que semeamos". A vida virtuosa é a única que conduz a uma casta mais elevada. O objectivo de todo o crente é integrar-se na natureza de Brama, o que só pode acontecer quando este se libertar do que o amarra a este mundo. O caminho da libertação pode ser atingido de várias formas: através de acções virtuosas, o amor, o conhecimento e a ascese do yoga (união com o divino). Trata-se de um caminho muito longo que só pode ser percorrido em muitas vidas ou reencarnações.
Esta crença traduziu-se na divisão dos indianos num conjunto de castas, hierarquizadas em função da sua pureza de nascimento. Com o tempo foram surgindo novas castas e subcastas. No início do século XX contavam-se cerca de 2.300. Apenas em 1949, o Parlamento Indiano estendeu aos párias, os mais desprezados na sociedade indiana, os mesmos direitos dos restantes cidadãos. No entanto, esta divisão em castas, apesar de condenada, contínua a persistir.
 
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