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"Esta é a guerra que a Ucrânia vai ganhar no campo de batalha"
O conselheiro do Ministério da Defesa ucraniano Yuriy Sak afirma que a solução para o conflito com a Rússia será militar, afastando a perspetiva de negociações com o Presidente russo, que compara a um louco como Hitler.
"Acreditamos apenas na solução militar. Esta é a guerra que a Ucrânia vai ganhar no campo de batalha por completo", afirma o conselheiro do Ministério da Defesa em entrevista à Lusa, esperando que tal possa acontecer já em 2023, rejeitando qualquer possibilidade de negociações com Moscovo.
Desde a invasão russa, em 24 de fevereiro do ano passado, "as primeiras tentativas de negociar com o agressor foram inúteis", disse Yuriy Sak, devido ao perfil do Presidente russo, Vladimir Putin, "um louco que precisa ser parado e colocado atrás das grades e julgado pelos crimes de guerra que cometeu".
Depois de derrotar a Rússia no campo de batalha, o conselheiro admite alguma forma de processo negocial, relacionada com reparações pelos danos causados na Ucrânia e criação de um tribunal internacional de crimes de guerra.
Apesar da dificuldade de prever o que vai acontecer em 2023, Sak espera, no entanto, que, com o rápido apoio internacional, este seja o ano em que esta guerra vai terminar.
"Faremos tudo do nosso lado e garanto-vos que o mundo inteiro deve estar interessado em parar esta guerra em 2023 e certificar-se de que a Rússia é um estado terrorista e um estado agressor, com total responsabilidade pelos crimes de guerra que cometeu, pela chantagem nuclear que realizou e pelo risco da crise alimentar global que criou", sustentou.
As autoridades ucranianas esperam "uma ofensiva em larga escala" russa a qualquer momento e também receber os tanques pesados que os aliados prometeram na semana passada, antes que ela aconteça. É incerto, segundo o conselheiro militar, tanto o número de tanques a receber como o local onde os ataques acontecerão, embora tenha informações de grandes concentrações de efetivos na região do Donbass, no leste da Ucrânia. "Então, talvez essa seja a direção a partir da qual eles tentarão empurrar-nos novamente".
É por isso, prossegue, que as forças ucranianas estão a ser reforçadas não só no Donbass, com também no norte, junto da fronteira com a Bielorrússia e ainda no sul, onde reconquistaram território no final do ano passado.
Mas o Exército ucraniano também tenciona lançar novos ataques, sem detalhes: "Estamos sempre a preparar um contra-ataque todos os dias", afirmou, rejeitando a palavra contraofensiva, porque esta "é uma guerra defensiva, cujo objetivo é expulsar o inimigo" da Ucrânia e sem qualquer pretensão de atacar território russo.
"Nós não precisamos do terror russo", declarou, comparando-o a um vírus: "Nós, como comunidade internacional, temos uma experiência de isolar áreas afetadas pela covid e portanto, a Rússia terá que ficar isolada de maneira semelhante por um longo período para que o vírus não se espalhe".
Quase um ano após o início da guerra, Yuriy Sak destaca que "a Ucrânia continua de pé", quando, em 24 de fevereiro de 2022 "muita gente em todo o mundo, incluindo os aliados, não acreditavam que conseguisse resistir sete dias, alguns deram 72 horas".
Contra as estimativas, conseguiu não só resistir, mas recuperar território ocupado, dando os exemplos da região de Kiev, Chernihiv, no norte, depois Kharkiv, no leste, e mais recentemente Kherson, no sul. "Onze meses depois desta agressão, estamos cá e a Ucrânia está a mostrar ao mundo que o Exército ucraniano e o povo ucraniano são heróicos e resilientes e lutamos por valores globais".
O conselheiro militar insiste numa ideia sempre repetida por Kiev de que a Ucrânia não está a lutar apenas pelo seu futuro. "É muito claro para todos agora que esta guerra vai determinar o futuro de todos nós, do continente europeu, da comunidade internacional global, da ordem mundial", defendeu, salientando as atrocidades que a Rússia cometeu.
"Não há quase nenhum crime de guerra que não tenha sido cometido na Ucrânia até hoje", disse Sak, comparando Putin a Adolf Hitler e descrevendo o Exército russo como um grupo de "assassinos, assassinos em massa, saqueadores e violadores", em representação de "um estado terrorista que mata pessoas inocentes"
Sak salienta que a Rússia "também não tem nenhuma consideração pela vida do seu próprio povo", apontando que em média, "todos os dias o exército ucraniano mata cerca de 800 soldados russos", usados como com carne para canhão: "É um matadouro. Eles estão mal equipados, na maioria mal treinados".
Do lado das forças de Kiev, Sak não fornece números, apenas referiu que "é uma guerra e claro que há baixas", recordando, porém, declarações do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de que em média, por cada 10 soldados russos mortos, há um ucraniano perdido.
Essa é a razão pela qual, segundo o conselheiro militar, Moscovo está a preparar uma mobilização entre um milhão e um milhão e meio de militares, "usando as suas táticas de triturador de carne", acrescentando que "a Rússia é um país grande que tem muitas pessoas desempregadas e alcoólicos, e muitos em prisões", o que leva a que "a qualidade do seu exército seja muito, muito duvidosa", alertando que "ninguém quer ver esse exército de saqueadores e violadores" à solta na Europa.
Da parte ucraniana, está envolvido na guerra um efetivo de cerca de um milhão de pessoas, e há margem para ser reforçado.
"Estamos bem por enquanto", declarou, concluindo: "Esperamos que possamos terminar isto em breve para que todas as pessoas possam voltar para casa e começar a reconstruir o nosso país".
Ataques da artilharia russa em Kherson matam 3 civis e ferem outros 5
As autoridades ucranianas revelaram que os ataques da artilharia russa contra a cidade de Kherson, sul do país, causaram, este domingo, a morte de pelo menos três civis, noticiou a agência EFE.
"Neste momento, estamos cientes de que, até ao momento, há oito vítimas dos ataques russos: três pessoas morreram e cinco ficaram feridas com gravidade variável", disse a administração militar de Kherson na rede Telegram.
Os feridos receberam atendimento médico e um deles permanece em estado grave, acrescentou a mesma fonte.
Os ataques da artilharia russa também danificaram uma série de infraestruturas civis, como o Hospital Clínico Regional de Kherson - onde uma enfermeira foi ferida -, uma escola, uma via rodoviária, um posto do correio e um banco, além de vários edifícios residenciais.
A cidade de Kherson, capital da região com o mesmo nome e tomada pelas forças russas em março do ano passado, foi reconquistada pelo exército ucraniano em 11 de novembro.
Desde então, está sob fogo da artilharia russa, que se retirou para a margem direita do rio Dnieper.
Adolescente russa enfrenta pena de prisão por criticar invasão da Ucrânia
A jovem de 19 anos está detida em prisão domiciliária.
Olesya Krivtsova, uma adolescente russa de 19 anos, residente na região de Arkhangelsk, encontra-se a aguardar julgamento em prisão domiciliária após ter sido acusada de desacreditar o Exército da Rússia e de ter justificado o terrorismo por criticar a invasão russa da Ucrânia.
Segundo a CNN Internacional, a jovem, estudante universitária, foi também adicionada à lista de terroristas e extremistas da Rússia, na qual se incluem membros do Estado Islâmico, Al Qaeda e talibãs.
Em causa está uma publicação na rede social Instagram sobre a explosão da ponte da Crimeia, ocorrida em outubro, onde também criticou a Rússia, e a republicação de um texto de um crítica na guerra numa conversa entre estudantes na rede social social VK.
Em declarações à CNN Internacional, a mãe de Olesya, Natalya Krivtsova, afirmou que o Kremlin está a usar a filha como exemplo. “Vivemos na região de Arkhangelsk, é uma região vasta, mas demasiado afastada do centro. Já não há protestos em Arkhangelsk, por isso estão a tentar estrangular tudo o que resta na fase inicial”, afirmou.
Os problemas de Olesya com as autoridades russas começaram em maio, quando enfrentou acusações administrativas por distribuir cartazes antiguerra, mas tornaram-se mais graves com as publicações nas redes sociais.
“Ela tem um elevado sentido de justiça, o que torna a sua vida difícil. A incapacidade de permanecer em silêncio é agora um grande pecado na Federação Russa”, declarou a mãe.
O relato de uma criança de Mariupol: "Todos os meus amigos morreram"
Uma menina que vivia na cidade portuária de Mariupol, que esteve durante meses cercada pelas tropas russas, contou sobre como foi viver no local e ver todos os seus amigos morrer.
Uma criança relatou como foi perder todos os amigos em Mariupol, na Ucrânia, devido à guerra, e o relato foi registado e partilhado, este sábado, nas redes sociais.
"Todos os meus amigos morreram", explica a jovem rapariga, contando que um dos seus colegas estava num jardim quando viu algo a brilhar e pegou no objeto, sem saber que era uma mina. "Pegou-lhe, explodiu-lhe nas mãos", refere.
Ainda quanto ao barulho das explosões, a rapariga conta que houve vezes em que pensou que seria uma espécie de explosão, mas que não associou a uma bomba. "Eu disse: 'Avô, olha explosivos'. Ele olhou e havia uma casa já a arder", recordou, explicando que isto aconteceu a alguma distância. Quando o familiar viu o que se passava, assim como algumas coisas no céu, pediu a todos: "'Vão depressa para debaixo da mesa no corredor'".
A criança diz que "passaram toda noite" nesse abrigo improvisado com cobertores e almofadas e que esteve sempre muito frio. "Ele era como um pai para mim", referiu, não especificando se o avô ainda está vivo ou não.
Voltando aos amigos, a criança conta que tinha uma chamada Polina. "Ela tinha um irmão mais velho e outro mais novo, e uma irmã mais velha. Pai e mãe. Alguma coisa voou até à casa deles. Morreram todos", apontou.
Também o prédio de uma amiga, Anya, foi atingido. O edifício de nove andares foi atingido por uma bomba e caiu, tendo todos sido afetados explosão e atingidos pelos detritos.
"A guerra mudou bastante. Estou muito cansada. Sorrio muito menos. Se alguém me tenta fazer rir, normalmente, não resulta", rematou.
Rússia acusa exército ucraniano de atingir hospital na região de Lugansk
A Rússia acusou hoje o exército ucraniano de ter atingido propositadamente um hospital, na região de Lugansk, no leste da Ucrânia, matando 14 pessoas e ferindo 24, noticiou a AFP.
Segundo aquela agência de notícias, que cita um comunicado de militares russos, esta manhã "as forças armadas ucranianas atingiram propositadamente o edifício hospitalar local com lança-foguetes Himars" na localidade de Novoaydar, na região de Lugansk.
O ataque "matou 14 doentes e feriu 24 profissionais de saúde", afirmaram aqueles militares.
A mesma declaração, refere a AFP, adianta que há vários meses que os médicos daquela unidade hospitalar têm vindo a prestar "assistência médica à população civil, bem como ao pessoal militar".
"Um ataque intencional contra uma instalação médica civil conhecida constitui sem dúvida um grave crime de guerra por parte do regime de Kyiv", acrescentam os militares.
Tragédia sem fim à vista. Dois atletas ucranianos morrem na guerra
O patinador olímpico Dmytro Sharpar e o atleta Volodymyr Androschuk.
O patinador olímpico Dmytro Sharpar e o atleta Volodymyr Androschuk perderam a vida na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Os dois ucranianos estavam de serviço quando foram atacados pelos russos. Androschuk, de 22 anos, campeão nacional de decatlo sub-20, e Sharpar, de 25 anos, 10º nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2016, morreram na cidade de Bakhmut.
"Volodymyr Androshchuk, atleta ucraniano, membro da seleção nacional, morreu em combate perto de Bakhmut. Descanse em paz, Volodymyr.
Continuamos a perder os nossos melhores", lamentou Anton Gershchenko, ex-vice-ministro do Ministério da Ucrânia Interior.
Androshchuk, que conseguiu ser campeão nacional sub-20, em 2019, onde saltou 6,66 metros de comprimento ou 4,30 no salto com vara, mostrou nas suas redes sociais que estava a defender o seu país.
A Ucrânia contestou hoje informações avançadas por responsáveis russos e negou que as tropas russas estão a avançar em direção da cidade de Vougledar, no leste da Ucrânia, onde os combates se intensificaram recentemente.
"As nossas unidades continuam a avançar (...). Unidades estabeleceram-se no leste de Vougledar e os trabalhos continuam nas imediações", afirmou hoje de manhã o responsável da Rússia na região de Donetsk, Denis Pushilin, citado por agências russas.
Um porta-voz do exército ucraniano nesta região, Yevguen Ierine, afirmou, porém, à agência noticiosa France-Presse (AFP) que os ataques russos na área falharam.
Segundo a mesma fonte, as forças ucranianas conseguiram repelir os russos com "armas de fogo e artilharia".
"O inimigo não registou sucesso e recuou. Não perdemos as nossas posições", sustentou Yevguen Ierine.
Por sua vez, Denis Pushilin afirmou que o exército ucraniano entrincheirou-se numa área que tem "um grande número de instalações industriais e edifícios altos", o que facilita as operações defensivas.
"Presumimos que o inimigo resistirá", prosseguiu o representante.
O Ministério da Defesa russo disse apenas vagamente que as suas tropas "tomaram posições mais vantajosas" nos arredores de Vougledar ao infligir perdas às forças ucranianas.
Vougledar, uma cidade mineira que tinha 15.000 habitantes antes da ofensiva militar russa, está localizada a 150 quilómetros a sul de Bakhmout, província de Donetsk, uma das zonas mais intensas da guerra na Ucrânia nos últimos meses, com um elevado número de baixas de ambas as partes.
Denis Pushilin disse que "combates ferozes" prosseguiam perto de Bakhmout, mas era "muito cedo" para falar sobre um cerco da cidade pelas tropas russas.
"A luta está em andamento, estamos a manter as linhas de defesa infligindo-lhes perdas", disse à AFP outro porta-voz militar ucraniano, Sergey Tcherevaty.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse no domingo que Bakhmut, Vougledar e outras áreas da região de Donetsk estavam sob "constantes ataques russos".
O Kremlin (Presidência russa) prometeu conquistar toda a região de Donetsk depois de reivindicar a sua anexação em setembro, juntamente com outras três regiões ucranianas: Lugansk no leste, Kherson e Zaporijia, no sul.
Guerra deixou Rússia em "situação muito delicada", diz deputado russo
A guerra na Ucrânia foi "mal pensada" e deixou Rússia em "situação muito delicada", de que poderá sair com nova liderança após as eleições de 2024, disse à Lusa o deputado da oposição Boris Nadejdin.
Deputado da Duma da Região de Moscovo, Nadejdin disse em entrevista à Lusa que os desenvolvimentos na Ucrânia desde início da designada "operação militar especial", a 24 de fevereiro de 2022, demonstram que "foi mal pensada", sendo que "no início era suposto que a Ucrânia não oferecesse grande resistência" ao avanço das forças russas.
"A progressão das forças russas apresentava-se fácil. Pensava-se, também, que a população ucraniana se manteria neutral ou apoiaria a entrada das tropas russas. Supunha-se, também, que [o Presidente ucraniano Volodymyr] Zelensky não se manteria no poder", disse o deputado.
"Tornou-se evidente para todos, não só para gente como eu que foi crítica desde o início da operação, mas para a gente que apoiou a operação desde o início, que algo correu mal. A verdade é que a Rússia ficou numa situação muito delicada", salientou Nadejdin.
Com 59 anos, o político da oposição, um dos mais ativos contra o Kremlin, é fundador e presidente da Fundação Projectos Regionais e Legislação, além de candidato a doutor em Ciências Físico-Matemáticas.
Estando a Rússia sujeita a estritas leis que impõem pesadas penas a quem contrarie a versão oficial sobre a "operação militar especial" e que classifica como "agentes estrangeiros" quem defender a democracia ou direitos humanos no país, Nadejdin faz questão de frisar à Lusa, um meio estrangeiro, que este é "um assunto interno da Rússia".
Para Nadejdin, a invasão "foi um grande erro, cujas consequências se farão sentir por muito tempo".
"Acredito que o conflito se resolverá por acção da população da Rússia, sem qualquer interferência estrangeira. Espero que a população, quando chamada a pronunciar-se em eleições, no próximo ano, opte por outros dirigentes, que darão outro rumo aos acontecimentos militares.
Será este o melhor cenário possível", disse à Lusa.
Questionado sobre se seria possível evitar este conflito, Nadejdin defendeu que há um ano "não passava pela cabeça de ninguém" que os militares russos entrassem em território ucraniano, algo que o Kremlin, de resto, negou até à última hora.
"Claro que o Donbass estava sob fogo de artilharia mais ou menos intenso, mas ninguém previa acções militares desta envergadura. A decisão foi tomada por Putin. Nem um perito preveria que a Rússia desferisse golpes no interior profundo da Ucrânia. Talvez Putin estivesse na posse de mais informações do que nós, para ter optado por tal decisão", frisou o político.
Além de ninguém esperar a resistência imposta pelas tropas ucranianas ou a reação adversa da população ao conflito, também a reacção do Ocidente terá consitituído surpresa, adiantou.
"Nunca antes a parte ocidental se mostrara tão consolidada contra a Rússia", disse à Lusa Boris Nadejdin.
Forças russas dizem estar a fechar o cerco a Bakhmut
Um conselheiro do líder da autoproclamada República Popular de Donetsk garantiu que o cerco russo a Bakhmut, na Ucrânia, está a ficar cada vez mais próximo da cidade.
O conselheiro russo Yan Gagin, que responde diretamente ao líder da autoproclamada República Popular de Donetsk, disse, esta quarta-feira, que as forças russas se estão a aproximar da cidade de Bakhmut, um dos 'pontos quentes' dos ataques do Kremlin em território ucraniano nos últimos meses.
Citado pela agência estatal russa TASS, Gagin disse à cadeia televisiva Rossiya-24: "Artyomovsk [nome dado pelos russos a Bakhmut] está atualmente num cerco operacional e as nossas forças estão a aproximar-se da cidade. A luta está em andamento para controlar a autoestrada que liga Artyomovsk [Bakhmut] a Chasov Yar porque é a única rota que a Ucrânia pode usar para fornecer suprimentos às suas tropas em Artyomovsk [Bakhmut]."
Gagin, mostrando-se seguro que as forças russas tomarão conta por completo desta autoestrada no futuro próximo, revelou que a mesma tem estado sob controlo de fogo das forças leais ao Kremlin, e que já vários elementos ucranianos que cruzavam esta autoestrada foram atacados.
A chegada de forças russas a Bakhmut, no leste da região de Donetsk, na Ucrânia, permitiu ao Kremlin manter os fortes ataques perto da cidade, que há meses é disputada por russos e ucranianos, compensando assim "o ponto culminante da ofensiva do Grupo Wagner na área", disse o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), no relatório de terça-feira.
Russos garantem que sistemas Kornet podem eliminar tanques Leopard
A empresa estatal russa de tecnologia assegurou que os tanques de fabrico alemão "podem ser eliminados até com sistemas antigos".
Os sistemas antitanque Kornet, bem como os mísseis Vikhr e Ataka e as munições Mango de 125mm podem eliminar os tanques alemães Leopard 2, garantiu a empresa estatal russa de tecnologia Rostec, citada pela agência TASS.
“O Leopard 2 é um veículo moderno e bem protegido, mas não pode ser considerado invulnerável. A experiência de combate mostrou que estes tanques podem ser destruídos mesmo com sistemas de mísseis antitanque portáteis antigos que são consideravelmente inferiores no seu desempenho às armas operacionais do exército russo, em particular, sistemas de mísseis antitanque Kornet", disse a Rostec.
Comparados com tanques russos, os Leopard, diz a empresa tutelada pelo Kremlin, carecem de armadura reativa explosiva e "portanto, são vulneráveis aos mísseis russos Vikhr e Ataka empregados por aeronaves de combate russas para eliminar com sucesso a blindagem ucraniana", disse a Rostec, citada pela TASS.
"Os tanques alemães certamente serão eliminados por projéteis Mango de 125 mm, independentemente do ângulo dos impactos: um tanque será destruído se um projétil atingir a sua blindagem frontal ou lateral. O exército russo opera tanques T-90M Proryv que ofuscam os Leopards em termos de algumas características de desempenho e podem efetivamente combatê-los", acrescentou a mesma empresa.
A 25 de janeiro, o governo alemão disse que enviaria 14 tanques Leopard 2 para a Ucrânia, dando também luz verde aos restantes países que possuem estes tanques no seu arsenal para fazer o mesmo.
Segundo a TASS explica, "o Kornet (nome do relatório da NATO: AT-14 Spriggan) é um sistema de mísseis antitanque projetado pelo Shipunov Design Bureau of Instrument-Making, com sede em Tula (parte da High Precision Systems Holding Company) para atacar tanques e outros alvos blindados, incluindo veículos de combate com blindagem reativa moderna. A arma antitanque tem alcance operacional de 100 metros a 5.500 metros durante o dia e até 3.500 metros à noite.
Rússia acusa EUA de escalar tensões se enviar mísseis de longo alcance
A Rússia acusou esta quarta-feira os Estados Unidos de estarem a provocar uma escalada das tensões se fornecerem mísseis de longo alcance à Ucrânia, mas desvalorizou o efeito dissuasor desse tipo de armamento na guerra.
"Isto significaria esforços adicionais para nós, mas não irá alterar o curso dos acontecimentos, a operação militar especial irá continuar", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.
A Ucrânia tem vindo a solicitar tanques pesados, mísseis com um alcance superior a 100 quilómetros e aviões para realizar contraofensivas que lhe permitam recuperar o território ocupado pela Rússia.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, disse, na terça-feira, que vai discutir as necessidades de armamento da Ucrânia com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Os mísseis de alta precisão com um alcance de 150 quilómetros destinam-se a destruir as linhas de abastecimento e os depósitos de munições russos, segundo Kyiv.
Na conferência de imprensa virtual diária, Peskov disse que o fornecimento deste tipo de mísseis levaria a "uma escalada de tensões, a um aumento do nível de escalada".
Peskov denunciou que "toda a infraestrutura militar da NATO está a trabalhar contra a Rússia", incluindo os aviões e satélites de reconhecimento da Aliança Atlântica.
"Trabalham 24 horas por dia, no interesse da Ucrânia. É claro que tudo isto cria condições muito especiais para nós, condições hostis, que não podemos ignorar", disse Peskov, segundo a agência espanhola EFE.
Moscovo tem acusado os Estados Unidos e os seus aliados da NATO de levarem a cabo uma guerra por procuração, através da Ucrânia, contra a Rússia.
O conselheiro presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, disse hoje que Kyiv está a negociar o fornecimento de mísseis de longo alcance com as potências ocidentais.
"Cada fase da guerra requer um certo tipo de armas. Já existe uma coligação [de países para fornecimento] de tanques. Já se fala de mísseis de longo alcance e de fornecimento de caças de combate", disse Podoliak na rede social Twitter.
A Ucrânia tem atualmente mísseis ocidentais com um alcance de 80 quilómetros.
Peskov estava a reagir a notícias da agência Bloomberg sobre os planos de Washington para um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia no valor de dois mil milhões de dólares (cerca de 1,8 mil milhões de euros, ao câmbio atual).
Fontes citadas pela Bloomberg admitiram que o novo pacote incluirá artilharia de longo alcance, segundo a agência espanhola Europa Press.
O novo pacote não incluirá, no entanto, mísseis com 300 quilómetros de alcance que permitiriam às forças ucranianas alcançar a península da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.
Os aliados ocidentais da Ucrânia estão atualmente a preparar o envio de tanques de combate, incluindo o treino de militares ucranianos na sua utilização, depois de a Alemanha ter desbloqueado a entrega dos seus Leopard 2.
No âmbito da sua guerra contra a Ucrânia, a Rússia declarou, no final de setembro, a anexação das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, mas a decisão não foi reconhecida internacionalmente.
A Ucrânia reclama a devolução dos territórios anexados, incluindo a Crimeia, como uma das pré-condições para eventuais negociações de paz.
Moscovo tem respondido que Kyiv tem de aceitar a nova situação e alertado o Ocidente de que não permitirá qualquer violação da sua integridade territorial, o que, na sua perspetiva, inclui as regiões anexadas à Ucrânia.
Oito anos de prisão para jornalista russo por críticas ao exército
O jornalista e ex-deputado russo Alexander Nevzorov foi esta quarta-feira condenado à revelia a oito anos de prisão por ter alegadamente difundido "informações falsas" sobre as ações do exército russo na Ucrânia.
A Rússia adotou - desde as primeiras semanas do ataque contra a Ucrânia, lançado em 24 de fevereiro de 2022 - penas pesadas para quem criticasse a ofensiva ou as ações do exército.
Alexander "Nevzorov foi condenado a oito anos de prisão", determinou a juíza do tribunal de Basmanny, em Moscovo, citada pelas agências noticiosas russas.
O Ministério Público tinha pedido nove anos de prisão, enquanto o advogado de defesa pediu a absolvição do seu cliente, que se exilou no estrangeiro e mantém um canal na rede YouTube com quase dois milhões de assinantes.
No final de março de 2022, a comissão de investigação encarregada dos principais casos judiciais na Rússia anunciou a abertura de uma investigação contra Nevzorov, de 64 anos, acusando-o de ter "publicado conscientemente informações falsas sobre um 'bombardeamento deliberado de um hospital-maternidade em Mariupol pelo exército russo'".
A Rússia nega ter feito qualquer bombardeamento a locais civis na Ucrânia e remete a culpa pelos atos para os ucranianos.
A sentença de hoje foi divulgada numa altura que se regista uma repressão crescente da Rússia à comunicação social e aos jornalistas sobretudo em relação à ofensiva militar iniciada há quase um ano na Ucrânia.
Hoje foi também divulgado que o opositor do regime Ilia Iachine foi condenado a oito anos e cinco meses de prisão por denunciar "o assassinato de civis" na cidade ucraniana de Bucha, perto de Kyiv, onde o exército russo é acusado de várias violações dos direitos humanos.
Além disso, o Serviço Federal de Segurança da Rússia deteve três pessoas acusadas de realizar "ataques terroristas" contra a rede ferroviária do país na região de Sverdlovsk alegadamente por ordem de radicais ucranianos.
Rússia acusa EUA de destruição de tratado sobre desarmamento nuclear
A Rússia acusou esta quarta-feira os Estados Unidos de terem destruído o quadro legal do Tratado New Start sobre desarmamento nuclear, depois de Washington ter denunciado a recusa de Moscovo em cumprir as suas obrigações.
Um porta-voz do Departamento de Estado denunciou, na terça-feira, que a Rússia não estava a cumprir "a sua obrigação ao abrigo do Tratado News Start [novo começo] de facilitar as atividades de inspeção no seu território".
"Vemos que os Estados Unidos destruíram efetivamente o quadro legal para o controlo e segurança de armas nucleares", respondeu hoje o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitry Peskov.
Face a uma "triste situação", Peskov acrescentou que a Rússia "acredita que a manutenção deste tratado é muito importante", segundo a agência francesa AFP.
O embaixador russo em Washington, Anatoli Antonov, também lamentou as ações dos Estados Unidos, que disse minarem o objetivo do acordo, que é o de "manter o equilíbrio das armas ofensivas estratégicas das partes".
"Washington recusa-se a ver as causas profundas do problema, culpando os outros", disse Antonov numa declaração publicada na rede social Facebook.
Antonov disse que a Rússia "avisou que o controlo de armas [nucleares] não pode ser isolado das realidades geopolíticas".
"Nas atuais circunstâncias, consideramos injustificado, inadequado e impróprio convidar os militares dos EUA para as nossas instalações estratégicas", acrescentou, numa alusão à guerra contra a Ucrânia que a Rússia iniciou há quase um ano.
A diplomacia norte-americana tem criticado Moscovo, nas últimas semanas, por ter suspendido as inspeções e cancelado as conversações sobre o tratado.
No entanto, não acusou a Rússia de expandir o seu arsenal nuclear para além dos limites a que as duas partes chegaram a acordo.
No ano passado, a Rússia anunciou o adiamento de uma reunião com os Estados Unidos, marcada para o final de novembro, sobre inspeções ao abrigo do tratado, acusando Washington de "hostilidade e toxicidade".
A última reunião da comissão consultiva bilateral prevista no tratado remonta a outubro de 2021.
As relações entre as duas potências nucleares estão no nível mais baixo desde o início da guerra russa contra a Ucrânia em 24 fevereiro de 2022.
Os Estados Unidos, bem como os seus principais aliados, têm apoiado a Ucrânia financeiramente e com envio de armamento.
A Rússia tem alertado que o fornecimento de armas à Ucrânia representa uma escalada do conflito que poderá levar a que o país se sinta em perigo e tenha de se defender com todos os meios, incluindo com armas nucleares.
Através de uma carta publicada na semana passada, os chefes de diversas comissões do Congresso norte-americano afirmaram que as ações e declarações da Rússia "colocam no mínimo sérias inquietações quanto à sua conformidade com o New Start".
Assinado em 2010, o tratado limita os arsenais dos dois países a um máximo de 1.550 ogivas na posse de cada uma das partes, uma redução de cerca de 30% em relação ao precedente limite fixado em 2002.
Fixa ainda até 800 o número máximo de rampas de lançamento e bombardeiros pesados.
Logo após a sua eleição em janeiro de 2021, o Presidente norte-americano, Joe Biden, prolongou o tratado por cinco anos, até 2026.
Putin demite alto funcionário do Conselho de Segurança da Rússia
O Presidente russo, Vladimir Putin, demitiu hoje o secretário adjunto do Conselho de Segurança da Rússia, Yuri Averyanov, alegando problemas contratuais, demissão que ocorre em plena ofensiva militar russa na Ucrânia.
O alto funcionário irá agora desempenhar outras funções no Governo russo, como assessor parlamentar.
Putin assinou um decreto que determinou a saída de Averyanov, de 73 anos, do atual cargo e estipulou que este passará a "desempenhar outras funções, também como funcionário" do Governo russo, segundo informação publicada pela agência de notícias russa Interfax.
Averyanov assumia as funções de secretário adjunto do vice-presidente do Conselho de Segurança russo e ex-Presidente do país, Dmitri Medvedev.
Anteriormente, Averyanov tinha ocupado vários cargos no Governo de Putin, bem como tinha trabalhado como professor no Departamento de Estratégia da Academia Militar das Forças Armadas russas.
Composto pelos principais funcionários estatais da Rússia e chefes das agências de defesa e segurança, tendo como Presidente o próprio Putin, o Conselho de Segurança é o órgão em que se tomam todas as decisões militares mais urgentes e importantes.
Kremlin elogia recompensas a militares que destruam tanques ocidentais
A presidência russa (Kremlin) elogiou hoje a iniciativa das autoridades e empresas russas que anunciaram quererem dar recompensas em dinheiro aos militares que apreendam ou destruam tanques ocidentais no campo de batalha da Ucrânia.
"Isto demonstra, mais uma vez, a unidade e o desejo de todos de ajudar, com o melhor das suas capacidades, direta ou indiretamente, a operação militar especial [na Ucrânia] e a consecução dos seus objetivos", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária.
Peskov respondia a uma pergunta sobre o que achava da decisão do governador de Zabaikalie, Alexandr Osípov, de pagar 3 milhões de rublos (cerca de 39 mil euros) aos habitantes daquela região da Sibéria oriental que apreendam um tanque ocidental fornecido à Ucrânia.
De acordo com a ordem do governador, a destruição de um tanque ocidental valerá ao seu responsável um milhão de rublos (cerca de 13 mil euros).
Observando que a Ucrânia ainda não recebeu tanques ocidentais, o porta-voz do Kremlin enfatizou que todos esses carros de combate serão destruídos.
"Havendo medidas de incentivo como estas, acho que haverá mais entusiasmo", defendeu Peskov, acrescentando que as empresas russas também estão a promover iniciativas semelhantes.
Na segunda-feira, a empresa russa de energia Fores anunciou que vai pagar 5 milhões de rublos (pouco mais de 65 mil euros) a quem destruir o primeiro tanque de um país da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e 500.000 rublos (6,5 mil euros) por cada um dos seguintes.
Caso a Ucrânia comece a receber aviões de combate ocidentais, "a recompensa financeira pelo primeiro a ser destruído será de 15 milhões de rublos (pouco menos de 200 mil euros)", acrescentou a empresa.
Dois mortos e sete feridos após ataque russo em Kramatorsk
Decorrem ainda as operações de resgate. Há vítimas sob os escombros.
Pelo menos duas pessoas morreram e sete ficaram feridas após um bombardeamento russo a um prédio residencial em Kramatorsk, na região de Donetsk, revelou o chefe da administração militar regional, Pavlo Kyrylenko.
Segundo o responsável, “os ocupantes russos atingiram um prédio residencial no centro da cidade com um míssil e destruíram-no completamente”. Neste momento, decorrem as operações de resgate e as “autoridades estão à procura de possíveis vítimas nos escombros”.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já condenou o ataque e culpou os “terroristas russos”.
“Kramatorsk. Terroristas russos atingiram a cidade com um míssil balístico provocando vítimas civis. Algumas pessoas ainda estão sob os escombros. Nenhum objetivo além do terror. A única maneira de parar o terrorismo russo é derrotá-lo. Com tanques. Caças. Mísseis de longo alcance”, escreveu na rede social Twitter.
Já o seu conselheiro Mykhailo Podolyak, afirmou que o ataque foi levado a cabo por um míssil Iskander e que se “ouvem gritos dos escombros” “Cada vez que alguém do Ocidente fica com medo de uma ‘escalada’, o ‘mundo russo’ mostra seu sorriso bestial”, frisou.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de sete mil civis morreram e cerca de 12 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
By Kok@s
Sobe para três o número de mortos num ataque em Kramatorsk
Pelo menos três pessoas morreram e outras 20 ficaram feridas esta quarta-feira, num ataque russo com míssil contra um prédio residencial em Kramatorsk, no leste da Ucrânia, adiantou a polícia ucraniana.
Fonte da polícia de Donetsk revelou que podem estar pessoas sob os escombros, noticiou a agência France-Presse (AFP).
"Mais de cem polícias estão a trabalhar no local do ataque", acrescentou.
A cidade de Kramatorsk está localizada na região leste de Donetsk, onde separatistas apoiados pelo Kremlin controlam parcialmente esta região industrial desde 2014, incluindo sua principal cidade, Donetsk.
Depois de ter decretado no ano passado que a região era russa, Moscovo tenta conquistá-la por completo.
"Pessoas pacíficas estão mortas e jazem sob os escombros", destacou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em reação ao ataque russo.
"É a realidade diária da vida no nosso país", sublinhou ainda.
O chefe de Estado ucraniano alertou esta quarta-feira à noite que a situação na frente de combate é "cada vez mais grave".
Zelensky reconheceu que "há um certo aumento nas ações ofensivas dos ocupantes na frente, no leste" da Ucrânia.
O Exército russo está, segundo o governante ucraniano, a "ganhar pelo menos algo agora para mostrar, no primeiro aniversário da invasão, que a Rússia supostamente tem alguma hipótese".
O Presidente ucraniano revelou ainda, no seu discurso noturno dirigido à nação, que iniciou processos disciplinares contra alguns dos funcionários dos serviços alfandegários demitidos.
"Infelizmente, em algumas esferas a única forma de garantir a legitimidade é a mudança dos responsáveis juntamente com a implementação de mudanças institucionais", frisou Zelensky, acrescentando que a mudança é "necessária para garantir que as pessoas não abusam do poder".
Os serviços de segurança e o Ministério Público ucranianos realizaram dezenas de buscas e outras ações em diferentes regiões e contra diferentes pessoas, no âmbito de investigações abertas, explicou o chefe de Estado ucraniano.
Zelensky sublinhou que a integridade dos processos no Ministério da Defesa e nas forças de defesa em geral são "especialmente importantes", acrescentando que qualquer abastecimento ou aquisição interna "deve ser absolutamente limpo e honesto como o abastecimento externo" para as forças ucranianas.
Polícia russa apreende cartazes contra a guerra de artista com 77 anos
A polícia russa apreendeu hoje os cartazes pacifistas de uma artista, com 77 anos, um dia depois da inauguração da sua exposição em São Petersburgo, indicou o partido oposicionista Iabloko que tinha acolhido o evento nas suas instalações.
Inaugurada na terça-feira à noite nas instalações locais deste partido, a exposição era constituída por 20 cartazes e quadros criados entre 2014 e 2022 por Elena Ossipova, conhecida como "a consciência de São Petersburgo" e opositora às guerras.
Hoje, "a polícia apreendeu os quadros pacifistas de Elena Ossipova", indicou o Iabloko, em comunicado.
Os polícias foram ao local, afirmando que tinham recebido um alerta de bomba, segundo a mesma fonte.
O relatório policial, citado no comunicado, indica que a polícia "descobriu nas paredes imagens gráficas desenhadas em telas e cartão, que continham provavelmente informações falsas sobre as forças armadas russas".
Entre os cartazes apreendidos estava um designado como 'Os Olhos da Consciência', com o rosto de uma menina com olhos grandes e uma frase em baixo do cartaz, escrita em russo e ucraniano, a dizer "Mamã, tenho medo da guerra".
O regime do presidente russo, Vladimir Putin, aumentou a repressão dos seus detratores, no seguimento da invasão da Ucrânia pelos militares russos, iniciada há cerca de um ano.
Entre as novidades repressivas está a lei que prevê até 15 anos de prisão para qualquer publicação de informação sobre os militares russos considerada "falsa".
Desde há anos que Ossipova é conhecida como uma feroz opositora da política de Putin e de qualquer conflito armado.
Ela saiu à rua com um cartaz pacifista pela primeira vez em 2002, depois da tomada de reféns no teatro moscovita Doubrovka por combatentes chechenos.
Desde então, raras são as ações de protesto em São Petersburgo que se desenrolam sem a sua presença.
Interpelada pela polícia por várias vezes, costuma ver os seus cartazes apreendidos.
By Kok@s
"Não sou aquela pessoa". Ex-comandante do grupo Wagner pede perdão
Andrei Medvedev pediu que os responsáveis pela milícia russa fossem responsabilizados pela forma como os soldados são tratados.
Andrei Medvedev, o ex-comandante russo do grupo Wagner que fugiu para a Noruega, pediu esta quinta-feira desculpas por combater na Ucrânia, apelando a que os responsáveis por crimes de guerra levados a cabo em solo ucraniano sejam levados à justiça.
Numa entrevista à agência Reuters, Medvedev procurou desculpar-se mais uma vez por ter feito parte da milícia armada russa, que tem combatido na Rússia e que é acusada de cometer atrocidades, tanto na guerra na Ucrânia, como em países como o Mali e a República Centro Africana.
“Muitos consideram-me um bandido, um criminoso, um assassino. Antes demais, queria desculpar-me novamente e repetidamente. Apesar de não saber como é que isto vai ser recebido, quero pedir desculpas", disse Medvedev.
O antigo comandante russo garante que "não é aquela pessoa" que combateu na guerra na Ucrânia, admitindo que se juntou ao grupo e que "há momentos da [sua] história que as pessoas não vão gostar, mas ninguém nasce inteligente".
Andrei Medvedev tem vindo a admitir, em entrevistas realizadas após a sua fuga para a Noruega, a falta de coordenação e a grande brutalidade sistémica que tem sido implementada nas forças armadas russas e no grupo Wagner, descrevendo ordens contraditórias pelas hierarquias mais altas e opressão violenta de pessoas que pedissem para abandonar a guerra (algumas terão sido mesmo executadas).
No entanto, o ex-comandante não confirmou a prática de crimes de guerra e de atrocidades contra civis, dizendo repetidamente que não fazia parte desses grupos.
Ainda assim, Medvedev afirmou que é "assustador perceber que há pessoas que se consideram nossos compatriotas, e que viriam matar-nos num instante ou sob as ordens de alguém".
“Eu decidi manifestar-me publicamente contra isto para garantir que os responsáveis são punidos em certos casos e tentarei dar a minha contribuição, por mais pequena que seja,", prometeu.
O ex-militar escapou da Rússia no passado dia 13 de janeiro, conseguindo atravessar a fronteira dos dois países na região do Ártico. Medvedev conseguiu fugir, apesar da apertada segurança na região, revelando que ouviu tiros e cães atrás de si enquanto atravessou o rio gelado que separa Rússia e Noruega.
O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, um dos mais próximos aliados de Vladimir Putin (e uma personagem cuja influência tem sido muito criticada por entidades ocidentais), desvalorizou os testemunhos de Medvedev, considerando-o "muito perigoso" e contando que este maltratava prisioneiros quando trabalhava para a sua milícia.
Sanções afetaram imagem da Rússia como "exportador de armas credível"
O Ministério da Defesa do Reino Unido avisa que a capacidade dos russos de fazerem a manutenção dos equipamentos exportados vai ficar mais difícil durante pelo menos três anos.
A guerra na Ucrânia tem levado ao limite a produção bélica russa e, avisa esta quinta-feira o Reino Unido, as exportações de armas estão a sofrer com o declínio na reputação da Rússia como um "exportador de armas credível".
No último relatório sobre a situação na Ucrânia, os serviços de inteligência do Ministério da Defesa britânico afirma que "o papel da Rússia como um credível exportador de armas está a ser muito provavelmente minado pela sua invasão na Ucrânia e pelas sanções internacionais".
A guerra, explica o Reino Unido, apenas veio a intensificar uma tendência que já se vinha registando, já que "mesmo antes da invasão, a percentagem da Rússia no mercado de armas internacional estava a cair". "Agora, confrontada com exigências conflituosas, a Rússia vai certamente priorizar o desenvolvimento de novas armas para as suas próprias forças na Ucrânia, em vez de exportar para parceiros", acrescenta.
No entanto, os serviços secretos britânicos referem que esta mudança na produção de armamento será difícil, já que as várias sanções económicas, aplicadas por vários países ocidentais e por aliados da NATO por todo o mundo, está a causar uma escassez de componentes que "está a afetar provavelmente a produção de equipamentos, como veículos armados, helicópteros de combate e sistemas de defesa antiaérea".
"Além disso, a capacidade da Rússia de manter serviços de apoio para contratos de exportação em vigor, como o provisionamento de partes suplentes e manutenção, será seriamente dificultada durante os próximos três a cinco anos", finaliza o Reino Unido.
As dificuldades de armamento na Rússia não são recentes. No ano passado, perante a escassez drástica de armas para combater na Ucrânia, o regime passou a comprar equipamentos a países como a Coreia do Norte e o Irão. O uso de drones iranianos para atacar infraestruturas civis tem sido, aliás, muito criticado por governos ocidentais, apesar de tanto Teerão como o Kremlin negarem repetidamente a realização de encomendas após o início da guerra.
O presidente russo, Vladimir Putin, também já advertiu publicamente a produção de armas no país, pedindo em dezembro que esta fosse acelerada para corresponder às exigências da guerra.
Segundo o Wilson Center, citado pela Sky News, a Rússia continua a ser o segundo maior exportador de armas do mundo, apenas atrás dos Estados Unidos. A indústria russa é responsável por 20% das exportações globais de armas, o que corresponde a uma receita de 13,6 mil milhões de euros por ano.
"Suicídio nuclear?" Os objetivos de Putin, segundo ex-ministro russo
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirmou que Putin "sonha em intimidar e humilhar com sucesso o Ocidente" e que esse "é o seu objetivo estratégico".
Andrei Kozyrev, o primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa após a dissolução da União Soviética, considerou, esta sexta-feira, que o presidente russo, Vladimir Putin, sabe que “desencadear uma guerra nuclear é suicida”, mas tem como objetivo "intimidar e humilhar" o Ocidente.
Numa série de publicações na rede social Twitter, o ex-ministro lembrou que, tal como ele próprio, Putin fez parte dos antigos serviços secretos russos - KGB - e, por isso, “sabe que após a crise dos mísseis cubanos, o Kremlin abandonou a doutrina ilusória de ganhar uma guerra nuclear”.
“[Putin] Herdou a realidade de uma destruição mútua em caso de conflito nuclear. Não mudou. Portanto, desencadear uma guerra nuclear é suicida. Mas ameaçá-la não é”, considerou Koryzev, que foi ministro entre 1990 e 1996, durante a presidência de Boris Yeltsin.
O ex-ministro citou uma série de conflitos entre Washington e Moscovo e, que “após muitas ameaças”, o Kremlin “concordou em negociar e proibir” as armas nucleares.
No entanto, em 2014, o presidente russo “anexou a Crimeia, parte de um país europeu,” e deu início a uma “guerra híbrida”. “Recordou ao Ocidente o seu arsenal nuclear e, de um modo geral, escapou à agressão”, escreveu.
“O apetite vem com a comida, como diz o ditado russo. Há quase um ano que Putin invadiu e começou a destruir a Ucrânia. Duplicou as ameaças nucleares e os bombardeamentos de longa distância a cidades e infraestruturas ucranianas”, disse ainda.
Lembrando que o Ocidente se recusa a enviar mísseis de longo alcance e caças para a Ucrânia, Kozyrev afirmou que Putin “ataca de longe com impunidade” até “a Ucrânia sangrar até à exaustão”.
“Putin não quer cometer suicídio nuclear, mas sonha em intimidar e humilhar com sucesso o Ocidente, em contraste com os seus antecessores soviéticos. Esse é o seu objetivo estratégico, e não apenas a conquista da Ucrânia, que seria o primeiro passo para a grandeza”, considerou.
Andrei Kozyrev tem sido um crítico ativo da invasão russa da Ucrânia. Dias após o início da guerra, afirmou que a ação da Rússia era um “ato bárbaro” e que nunca poderia imaginar um acontecimento semelhante quando era ministro dos Negócios Estrangeiros. Antes, havia pedido aos diplomatas russos para se demitirem dos seus cargos como forma de protesto.
Comentadores russos discutem prós e contras de assassinar Zelensky
Comentadores de um programa russo defendem um ataque contra Zelensky para "assustar" Kyiv, ao passo que outro afirma que matar o presidente ucraniano não seria "proveitoso" para a Rússia.
Comentadores de um programa de televisão russo discutiram os prós e contras de assassinar o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Um excerto do programa foi divulgado pelo conselheiro do ministério dos assuntos internos da Ucrânia, Anton Gerashchenko, nas redes sociais.
Segundo o vídeo divulgado no Twitter, um dos comentadores afirma que, caso se decida avançar com um “ataque para eliminar o presidente da Ucrânia”, é preciso “ter em mente” que as tropas russas “talvez não tenham oportunidade para o fazer, tal como não tiveram oportunidade de tomar Kyiv”.
“Mesmo que o presidente Zelensky não esteja num bunker, isso enviará uma mensagem absoluta de que há certas coisas que não iremos tolerar”, respondeu outro comentador, sugerindo que se deveria avançar com um ataque “para assustar” Kyiv.
“Temos de esperar que até que o presidente não esteja num bunker e atacar esse mesmo bunker. É aí que ficará claro que o estamos a querer dizer: ‘Está aqui um aviso. Podemos mesmo fazê-lo. Zelensky pode ser eliminado’”, concordou um terceiro comentador.
Já o primeiro comentador insistiu que, “mesmo que Zelensky seja eliminado”, os resultados não seriam os ideais para a Rússia. “Primeiro, Zelensky seria considerado um mártir internacional, um santo. E depois eles [ucranianos] iriam substituí-lo por alguém não menos eficaz do que ele”, explicou.
“Não haverá prós para nós, no geral, seria uma situação sem proveito para a Rússia”, considerou.
Médico norte-americano morre durante voluntariado em Bakhmut
Pete Reed "estava a ajudar ativamente na evacuação de civis ucranianos quando o seu veículo foi atingido por um míssil".
O médico Pete Reed, veterano da Marinha dos Estados Unidos da América (EUA) e voluntário na Ucrânia, morreu, na quinta-feira, enquanto prestava assistência a civis em Bakhmut, na região de Donetsk. A informação foi avançada por dois grupos de ajuda médica com os quais Reed trabalhou e pela sua família.
Segundo a organização sem fins lucrativos Global Response Medicine (GRM), que o médico co-fundou em 2017, Reed, de 33 anos, estava na Ucrânia desde janeiro.
“Pete foi a base da GRM, servindo como presidente da organização durante quatro anos. Em janeiro, afastou-se da GRM para trabalhar com a Global Outreach Doctors na sua missão na Ucrânia e foi morto enquanto prestava ajuda”, lê-se num comunicado publicado na rede social Twitter.
Já Andrew Lustig, fundador e presidente da Global Outreach Doctors EUA, adiantou que o médico “estava a ajudar ativamente na evacuação de civis ucranianos quando o seu veículo foi atingido por um míssil em Bakhmut, Ucrânia, a 2 de fevereiro de 2023”.
“A morte de Pete sublinha a devastação que a guerra tem causado a civis inocentes, e destaca a importância da ajuda humanitária e médica para as comunidades afetadas. A GoDocs está empenhada em realizar este trabalho em todo o mundo em honra de Pete”, afirmou citado pela estação norte-americana CBS News.
O médico começou a trabalhar como paramédico em 2012, após o furacão Sandy ter atingido o seu estado natal de Nova Jersey, provocando a morte a mais de 200 pessoas. Depois, fez voluntariado no Iraque e no Afeganistão.
Bucha, Mariupol e Kherson, três cidades que marcaram um brasileiro da ONU
O massacre de Bucha, a evacuação de Mariupol e a reconquista de Kherson foram os momentos que mais marcaram Saviano Abreu, porta-voz do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) na Ucrânia desde março do ano passado.
Tinha passado cerca de um mês desde o início da invasão russa quando o funcionário brasileiro da ONU de 39 anos chegou à Ucrânia e o cenário era de milhões e milhões de pessoas a sair das suas cidades, comboios abarrotados de gente a abandonar o país, estações lotadas e filas gigantes nas fronteiras. "São imagens que ninguém vai esquecer", disse Saviano Abreu em entrevista à Lusa, a partir de um abrigo subterrâneo em Kiev, quando a cidade enfrentava intensos ataques aéreos, recordando o desespero de habitantes que "tinham uma vida normal e da noite para a manhã fugiram das suas casas para sobreviver".
Apesar daquelas imagens que tiveram forte impacto em todo o mundo, ao fim de quase um ano na Ucrânia, outros três momentos marcaram Saviano Abreu, e o primeiro foi logo no início de abril, em Bucha, quando as forças russas abandonaram esta cidade nos arredores de Kiev, deixando um cenário de centenas de mortos, alguns com sinais de tortura, mutilação e abusos sexuais.
"Eu fui poucos dias depois da retirada das tropas russas a Bucha e vi aqueles corpos em valas comuns e aquelas imagens de uma perna, um braço, isso é algo que acho que nunca vai sair da minha cabeça", descreveu, além do cheiro dos cadáveres já em decomposição espalhados nas ruas "num ambiente de destruição", não só daquela cidade como também outras nas redondezas.
Seguiu-se, em maio, a retirada de civis na cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, na qual esteve envolvido, quando as forças russas apertavam o cerco ao complexo siderúrgico de Azovstal, onde se encontrava a última bolsa de resistência ucraniana.
"Foi um momento que também me marcou muito", recordou Saviano Abreu, mas também a população ucraniana, "quando se conseguiu retirar aquelas centenas de pessoas que estavam presas há mais de dois meses nos refúgios subterrâneos da siderúrgica de Azovstal, que tinham ficado ali sem nenhuma condição adequada para sobreviver, sem ver a luz do Sol, sem Internet ou tomar um duche".
No final do ano, as forças ucranianas realizaram uma forte ofensiva e reconquistaram Kherson, no sul do país, que tinha sido uma das primeiras cidades a cair no início da invasão russa.
Esse foi também um momento importante para o porta-voz da OCHA, quando chegou 72 horas depois de as tropas ucranianas retomarem o controlo da cidade, porque "foi o contrário" de todo o sofrimento que tinha testemunhado até então.
"Quando a gente entrava com um comboio humanitário, com as pessoas a aplaudir, a saudar a gente, era uma imagem de comemoração, de esperança, de ver que pelo menos elas esperavam que a situação ia melhorar", lembrou.
Posteriormente a realidade seria diferente, porque as forças russas não desistiram de Kherson e a cidade continua a ser bombardeada, mas, pelo menos naquele dia, ficou na memória de Saviano Abreu "a esperança nos olhos das pessoas, apesar de toda a destruição, dos mercados e supermercados completamente vazios e farmácias sem medicamentos".
Esse cenário de desolação estendia-se a outras áreas da região de Kherson, que tinham estado sob ocupação russa, e em pequenas aldeias ou vilas "não havia uma só casa que não tinha sido ou completamente destruída ou pelo menos danificada", sem pessoas ou muito poucas, quase sempre idosas, que ficaram para trás.
"Muitas desses povoados da frente de batalha perderam 90% da população, porque não tinha condições mesmo de ficar, pessoas que saíram muitas delas apenas com a roupa no corpo, fugindo algumas a pé de Dnipro, Mykolaiv, Kherson, muitos descalços, sem nada", descreveu, repetindo que se trata de "imagens muito duras".
Apesar das infraestruturas de estradas e comboios existentes no país, o desespero incluiu habitantes da própria capital, que "tiveram de sair sem nenhuma outra opção do que caminhar e fugir", recorda. A falta de combustível era outro problema e mesmo colegas de Saviano Abreu abandonaram a cidade a caminhar.
O funcionário brasileiro da ONU não consegue comparar esta crise com outros cenários difíceis nas suas experiências anteriores, como na Somália, Sudão ou Etiópia, porque "sofrimento humano é sofrimento humano, seja onde seja".
Na Ucrânia, o retrato é de dor e de famílias separadas, não há uma pessoa sequer que não tenha tido um familiar, um amigo, alguém que morreu por causa da guerra e o trauma que isso causa é brutal", afirma.
Mas "outras realidades são também muito duras", ressalva Saviano, dando o exemplo de países que enfrentam a seca e alterações climáticas, cujos habitantes em locais mais vulneráveis, sem ajuda humanitária, vão acabar por morrer.
Mas a guerra da Ucrânia "tem algumas especificidades que não vemos noutro lugar", dado o seu impacto mundial na segurança global e crise alimentar. Por isso Saviano Abreu confia que o apoio Internacional "vai continuar", apesar da consciência de que é difícil manter o mesmo nível de atenção dos media por muito tempo, numa guerra que espera que seja prolongada.
Isso significa, advertiu, que "cada dia mais pessoas, população civil, vão sofrer com a guerra, vão morrer por causa da guerra, e continuam a precisar de apoio Internacional e da ajuda humanitária".
Autoridades ucranianas tentam prever regiões onde russos vão atacar
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, discutiu hoje com as altas autoridades militares e dos serviços de informação possíveis novas ofensivas ofensivas russas, havendo indicações de que não serão generalizadas.
Tanto o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, como analistas do Instituto Americano para o Estudo da Guerra (ISW), acreditam que, numa próxima fase, as tropas não atacarão em todas as frentes, ao contrário de 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia.
"Não vemos esse risco", disse Reznikov em entrevista publicada hoje pelo jornal Ukraínska Pravda, na qual reforçou que os grupos mais importantes das Forças Armadas russas se encontram "no leste e no sul" do país.
"Os principais riscos são o leste, o sul e depois o norte", segundo o ministro, que descartou um novo ataque contra a capital, Kyiv, à semelhança do que aconteceu no início da invasão, embora as forças ucranianas também se estejam a preparar para esse cenário.
O vice-chefe da secreta militar, Vadym Skibitskyi, também afirmou hoje que a Ucrânia "determinou que a ofensiva do exército russo pode ocorrer nas regiões de Donetsk e Lugansk [leste], bem como possivelmente em Zaporijia [sul]".
Aquela província do sul, controlada apenas parcialmente pela Rússia, abriga a maior central nuclear da Europa, cuja segurança será abordada esta semana em Moscovo pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, que já tinha estado anteriormente em Kyiv.
Na ocasião, em 19 de janeiro, Grossi voltou a alertar para o risco de um acidente nuclear "a qualquer momento" na central ucraniana de Zaporijia, que está sob controlo russo, e insistiu na criação de uma zona de segurança.
"Sabemos, todos os dias, que um acidente nuclear ou um acidente com graves consequências radiológicas pode acontecer a qualquer momento, por isso estou tão preocupado", afirmou aos jornalistas o responsável da AIEA, em Kyiv, onde se avistou com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky
Sobre a situação imitar na Ucrânia, as dúvidas permanecem sobre a data em que ocorrerá uma nova ofensiva russa, sendo admitido pelas autoridades ucranianas que ela pode acontecer simbolicamente por ocasião do primeiro aniversário da invasão, em 24 de fevereiro.
No entanto, o governador de Lugansk, Serhiy Gaidai, alerta para a concentração de tropas russas nesta região e ponderou, à televisão Belsat, que o ataque possa acontecer mais cedo, já a partir de dia 15.
Os serviços de informações militares ucranianos estimam, por sua vez, um prazo mais alargado. "Em janeiro, registámos que a Rússia planeia mobilizar de 300.000 a 500.000 pessoas para o Exército, a fim de garantir operações ofensivas no leste e sul da Ucrânia na primavera e no verão", disse Vadym Skibitskyi, alto funcionário desta estrutura, números a adicionar ao último recrutamento de 300.000 efetivos em setembro, num ataque que prevê que tenha a duração de dois meses, antecipando a chegada dos tanques pesados ocidentais.
No entanto, o Canadá enviou o primeiro dos seus prometidos tanques de guerra Leopard 2 para a Ucrânia, anunciou no domingo a ministra da Defesa, Anita Anand, e de imediato começará formação das forças ucranianas no seu funcionamento. Outros países ocidentais, incluindo Portugal, já anunciaram a sua intenção de estas viaturas de fabrico alemão, a somar aos blindados Abrams, dos Estados Unidos.
Na semana passada, um contingente ucraniano desembarcou no Reino Unido, com vista à formação nos carros de combate britânicos Challenger 2.
No terreno, as forças russas continuam a reivindicar avanços na direção de Bakhmut, na província de Donetsk, onde intensos combates são travados há largos meses.
"Não importa o quão difícil seja e quanta pressão haja, temos de aguentar", afirmou Volodymyr Zelenski na noite de domingo, antes de pedir hoje ao parlamento para alargar a lei marcial e a mobilização geral em vigor no país por mais três meses.