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Este país não é para velhos!
por Helena Sacadura Cabral, em 17.11.13
A nossa sociedade não está preparada nem para velhos nem para solidões. Acontece que aqueles são cada vez em maior número - melhores cuidados de saúde e a saída de jovens - e carregam quase sempre consigo estas últimas. É algo que toda a vida me impressionou, já que pertenço a uma família com o hábito de se reunir à volta dos seus.
Há dias, no supermercado, uma senhora de muita idade agarrou-me no braço e disse:
- peça-lhes que pensem nas nossas porções
- que porções? disse eu
- de tudo. Os velhos sozinhos e com dificuldades levam comida para casa que acabam por comer já rançosa. Veja a manteiga, a margarina, a banha, o azeite, o óleo, feijão, farinha, açúcar, são tudo embalagens muito grandes para uma pessoa só. Quando as acabamos até já fazem mal.
Na altura resolvi-lhe o problema à minha maneira e dividi as porções dela ao meio. Ficou feliz. Mas, depois disto, tudo irá continuar na mesma.
Prometi-lhe que lhe daria voz. Aqui estou a faze-lo, sabendo que ela tem razão e talvez fosse a altura de, com menos pergaminhos higiénicos, se pensar nos nossos velhos e na forma de lhes facilitar compras e consumo, criando embalagens de conteúdos menores. Eu sei que a ASAE acabou com a venda a peso destes produtos. Mas os velhos não acabaram e com as novas disposições acabam por ingerir alimentos em piores condições.
Se vendem fiambre e queijo às porções, porque é que não poderão estender o processo aos outros produtos desde que em condições sanitárias idênticas? Alguém se lembra disto? Ou pensam que nunca serão pobres nem velhos?!