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Curiosidades na História

Satpa

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A guerra mais curta da história

A guerra mais curta da história

Foi entre Zânzibar e Inglaterra em 1896. O Zânzibar rendeu-se ao fim de 38 minutos.
 

Satpa

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Torres fortificadas marítimas da 2ª Guerra

Torres fortificadas marítimas

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Em 1943 a posição da Inglaterra na Segunda Guerra Mundial, alvo de bombardeamentos e ataques constantes por parte das tropas alemãs, era mais frágil do que nunca e chegou-se mesmo a recear uma invasão. Por esse motivo as defesas foram ampliadas e reforçadas.

Uma das obras realizada foi a edificação de torres fortificadas ao longo do rio Tamisa, precisamente uma das vias de penetração do inimigo em território britânico. Essas torres teriam a capacidade de detectar e responder a possíveis ataques. O projecto foi encomendado a um engenheiro civil, Guy Maunsell, que o concluiu e construiu nesse mesmo ano.

Maunsell foi escolhido pela sua experiência com betão pré-esforçado, sistema que já tinha utilizado em diversas pontes e a que recorreu para este projecto. Para o Tamisa planeou diversos conjuntos e tipos de fortificações imaginativas, entre os quais se conta este insólito grupo de torres, o Shivering Sands Army Fort, também conhecido como U7 devido ao número de elementos que o compõem.

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Cada uma das torres, construída em ferro, foi montada isoladamente em terra e depois fundeada no local, assente numa estrutura de quatro pilares de betão armado. O conjunto possuía vários sistemas defensivos (canhões, metralhadoras, radar, etc.) e interligava-se por passadiços metálicos. Durante a guerra desempenhou um importante papel, detectando ataques aéreos, lançamento de minas e abatendo também diversos aviões e bombas voadoras.

Após o fim do conflito armado o Shivering Sands Army Fort permaneceu em actividade até 1958, ano em que foi abandonado pelas tropas inglesas. A partir daí, sem manutenção e sob a acção corrosiva das águas, foi-se degradando progressivamente.

Já foi abalroado por barcos, transformado em estação meteorológica e serviu até de local de emissão de rádios piratas. Houve quem propusesse a sua demolição pura e simples mas até hoje permanece de pé, ameaçando a navegação. É uma ruína magnífica, grave, fantasmagórica e indubitavelmente romântica.


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Retirado:
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Satpa

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Erro Crasso!!

ERRO CRASSO

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Em 53 a.C., confiante na superioridade numérica de seus centuriões numa batalha contra os sírios, e disposto a estraçalhar logo o inimigo, o general romano Licínio Crasso decidiu ganhar tempo cortando caminho por um vale estreito. Foi a decisão mais estúpida da história militar: os sírios fecharam as duas únicas saídas do vale e o exército de Crassus, ele incluído, foi massacrado. O que sobrou dele foi apenas a expressão "erro crasso".
 

Mr.T @

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Titanic - As casualidades

Na noite do dia 14 de Abril de 1912, um dos acontecimentos mais macabros do século XX fez naufragar o orgulho industrial inglês: O Titanic, o maior e mais luxuoso transatlântico do mundo, afundou matando 1.513 pessoas após colidir com um iceberg que flutuava nas águas do Atlântico Norte. As ?casualidades? que envolvem a tragédia são impressionantes.

A falta de lanchas de salvamento suficientes foi o argumento usado pelo novelista inglês Morgan Roberson, no seu livro ?Futilidade?, como causa da morte de grande parte dos passageiros do transatlântico ?Titán?, que, no romance, batia num iceberg. O navio fazia uma viagem inicial e era, na imaginação do escritor, a maior embarcação jamais construída pelo homem. O livro foi escrito catorze anos antes da partida do Titanic do porto de Southampton. Ele também fazia a sua primeira viagem ? e última. O imaginário ?Titán? e o verdadeiro Titanic eram aproximadamente do mesmo tamanho, transportavam o mesmo número de passageiros ? três mil ? e atingiam a mesma velocidade. Ambos se afundaram no mesmo ponto do atlântico Norte pelo mesmo motivo.

A família Melkis, de Dunstable, Inglaterra, estava a assistir ao filme ?Titanic? que a BBC transmitia quando, exatamente na hora do choque do navio com o iceberg, o tecto da sua casa foi destroçado por um enorme bloco de gelo caído do céu.

O jornalista W. T. Stead publicou, em 1892, um conto prevendo o desastre do Titanic. Ele foi uma das 1.513 pessoas que morreram no naufrágio.

Centenas de pessoas juraram ter sonhado com o desastre. Algumas delas tinham desistido de viajar à última da hora.

Numa noite de Abril, em 1935, o tripulante Wiiliam Reeves, que estava de guarda durante uma viagem no navio Titanian entre Tyne e o Canadá, teve um pressentimento. Quando o Titanian chegou ao lugar onde 23 anos antes o Titanic tinha afundado, Reeves teve uma sensação de perigo insuportável. Sem pensar duas vezes, o marinheiro fez soar o alarme. Depois de alguns segundos, apareceu em frente à proa do navio um enorme iceberg, com o qual o Titanian não chocou por um triz. William Reeves, o tripulante sensitivo, tinha nascido no dia 14 de Abril de 1912 (o mesmo dia do naufrágio do Titanic).


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apolo11

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Amigo Satpa Bom Trabalho
Parabens
 

Johny89

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A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América foi celebrada com um brinde de Vinho Madeira ...


:espi28::espi28:
 

Johny89

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O aperto de mão, como cumprimento de amizade, teve a sua origem na Idade Média. Segundo consta, antes do início de um duelo com espadas, os adversários, por exigência do regulamento, eram obrigados a fazer uma saudação (que consistia num abraço) para que pudessem começar à luta. Temendo que o abraço inicial se transformasse num golpe traiçoeiro, os contendores resolveram transformar a praxe do abraço num aperto de mão. O hábito generalizou-se primeiro na Inglaterra, depois na Europa e difundiu-se então pelo resto do mundo ...
 

Johny89

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Os sicarii, ou sicários, são considerados, como um dos primeiros exemplos conhecidos de um movimento terrorista – eram uma seita altamente organizada de judeus fanáticos, de classe baixa, que lutavam contra a ocupação romana na Palestina dos primeiros anos da nossa Era ...
 
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Johny89

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A ilha de Manhattan foi comprada pelos Holandeses aos Índios Lenape por Peter Minuit em 1626, que se tornou o primeiro governador da então denominada Nova Amesterdão, as missangas e tecidos em troca da ilha equivaliam a 24 doláres. Hoje em dia, esse dinheiro mal chegava para pagar uma corrida de Táxi por Manhattan ...
 
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O cavalo preferido de Calígula, Incitatus, dispunha de uma mansão, de escravos, de soldados e que Calígula pensou nomeá-lo como cônsul do Império Romano ...
 
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Los Angeles foi fundada pelos espanhois em 1781 com o nome de Pueblo de Nuestra Señora la Reina de los Ángeles sobre El Río Porciuncula ...
 

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Da Índia a Portugal numa Fusta

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Em 1535 chegava a Lisboa Diogo Botelho Pereira, que cometera a heróica proeza de viajar desde a Índia até Portugal numa simples fusta (uma embarcação de dimensão muito reduzida) aparelhada por si mesmo, a fim de contar ao soberano D.João III (que então se achava em Évora) que se iniciara a construção da fortaleza de Diu sob os auspícios do governador do Estado Português da Índia, Nuno da Cunha. Antecipando-se a Simão Ferreira, enviado oficial do governador Nuno da Cunha. Embora tendo ambos partido com pouca diferença de tempo, chegou com cerca de 20 dias de avanço.
 

Johny89

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A primeira campanha de proibição de cigarro conhecida na história parte do Papa Urbano VII, que ameaçou os fumadores de excomunhão quem "tomasse tabaco no interior ou no adro de uma igreja, tanto por mastigá-lo, por fumá-lo com cachimbo ou cheirá-lo em pó pelo nariz ...
 
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Johny89

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O primeiro a imaginar a singular e mundialmente conhecida homenagem de um minuto de silêncio em memória de alguém falecido, foi o capitão de um navio inglês Daniel Mossopo que, no dia 10 de agosto de 1910, em pleno oceano, ao saber que havia falecido o soberano britânico Eduardo VII, recordou aos seus comandados que naquele momento se realizavam, em Londres, as solenes exéquias do falecido rei, pedindo-lhes que permanecessem em silêncio durante um minuto, em memória do rei morto ...
 

Johny89

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Lisboa, era conhecida como Olisipo pelos romanos, Oliosipon pelos gregos, Ulishbona pelos visigodos e al-Lixbûnâ pelos mouros ...
 

Johny89

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A origem da palavra Hooligan

Nos princípios do Século XIX, veio da Irlanda para a Inglaterra, mais concretamente para Londres, um irlandês irascível e sempre mal-humorado, chamado Patrick Hooligan.

Por onde andava, o Sr. Patrick Hooligan semeava a discórdia e resolvia todos os seus problemas com agressões e arruaças. Era, portanto, um provocador, que teve de ser preso por várias vezes.

Ainda hoje em dia, temos memórias de pessoas como esta, pois ficou-nos de herança o "Hooliganism" ou como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa o define, o "holiganismo" praticado por holíganes, ou seja as "pessoas pertencentes a um grupo desordeiro que comete actos de violência em locais públicos, sobretudo em encontros desportivos".
 

fernado71

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Caro Amigo satpa,perdoe me a réplica mas foram os partas um povo herdeiro do povo persa(irânianos) que massacraram as legiões de Licínius Crassus,e não os sírios...
 

Luz Divina

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Casamento, uma invenção cristã





Casamento, uma invenção cristã





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Casamento de Felipe da Macedônia com Olimpia. Miniatura do séc. XV


A união indissolúvel, celebrada por um sacramento, substituiu antigos costumes de poligamia, provocando grande mudança nos hábitos europeus. Em 392, o cristianismo foi proclamado religião oficial. Entre 965 e 1008 eram batizados os reis da Dinamarca, Polônia, Hungria, Rússia, Noruega e Suécia.


Desses dois fatos resultou o formato do casamento, em princípios do ano 1000, com uma face totalmente nova. Durante o Sacro Império Romano Germânico - que sucedeu ao desaparecido Império Romano -, dirigido por Oto III de 998 a 1002, houve uma fabulosa transformação das sociedades urbanas romanas e das sociedades rurais germânicas e eslavas. As uniões entre homens e mulheres eram, então, o resultado complexo de renitências pagãs, de interesses políticos e de uma poderosa evangelização.


"Amor: desejo que tudo tenta monopolizar; caridade: terna unidade; ódio: desprezo pelas vaidades deste mundo." Esse breve exercício escolar, escrito no dorso de um manuscrito do início do século XI, exprime bem o conflito entre as concepções pagã e cristã do casamento. Para os pagãos, fossem eles germânicos, eslavos ou ainda mais recentemente vikings instalados na Normandia desde 911, o amor era visto como subversivo, como destruidor da sociedade. Para os cristãos, como o bispo e escritor Jonas de Orléans, o termo caridade exprimia, com o qualificativo "conjugal", um amor privilegiado e de ternura no interior da célula conjugal. Esse otimismo aparecia em determinados decretos pontificais, por meio de termos como afeto marital (maritalis affectio) ou amor conjugal (dilectio conjugalis). Evidentemente, o ideal cristão era abrir mão dos bens deste mundo desprezando-os, o que constituía um convite ao celibato convencional.


A Europa pagã, mal batizada no ano 1000, apresentava portanto uma concepção do casamento totalmente contrária à dos cristãos. O exemplo da Normandia é ainda mais revelador, por ser muito semelhante ao da Suécia ou da Boêmia. Os vikings praticavam um casamento poligâmico, com uma esposa de primeiro escalão que tinha todos os direitos, e com esposas ou concubinas de segundo escalão, cujos filhos não tinham nenhum direito, a menos que a oficial fosse estéril, ou tivesse sido repudiada. As cerimônias de noivado organizavam a transmissão de bens, mas não havia casamento verdadeiro a não ser que tivesse havido união carnal. Na manhã da noite de núpcias, o esposo oferecia à mulher um conjunto muitas vezes bastante significativo de bens móveis. Ele era chamado de presente matinal (Morgengabe), que os juristas romanos batizaram de dote. Portanto, o papel da esposa oficial era bem importante, sobretudo se ela tivesse muitos filhos, já que o objetivo principal era a procriação.


Essas uniões eram essencialmente políticas e sociais, decididas pelos pais. Tratava-se de constituir unidades familiares amplas, no interior das quais reinasse a paz. Por isso, as concubinas de segundo escalão eram chamadas de Friedlehen ou Frilla, ou seja, "cauções de paz". Na verdade, elas vinham de famílias hostis de longa data. A partir do momento em que o sangue de ambas as famílias se misturava, a guerra já não era mais possível. Assim, as mães escolhiam as esposas dos filhos, ou os maridos, das filhas, sempre nos mesmos grupos clássicos, a fim de salvaguardar essa paz. Se uma esposa morresse, o viúvo se casaria com a irmã dela. Dessa forma, pouco a pouco as grandes famílias tornavam-se cada vez mais chegadas por laços de sangue (consangüinidade), pela aliança (afinidade) e, finalmente, completamente incestuosas. Acrescentemos a esse quadro as ligações entre os homens, a adoção pelas armas, o juramento de fidelidade e outras ligações feudais que triunfaram no século X como um verdadeiro "parentesco suplementar", segundo a expressão de Marc Bloch, e teremos a prova de que esses casamentos pagãos não deixavam nenhum espaço livre para o sentimento.


Amor subversivo



Assim, quando o amor se manifestava, ele só podia ser adúltero, ou assumir a forma de um estupro, maneira de tornar o casamento irreversível, ou de um rapto mais ou menos combinado entre o raptor e a "raptada", a fim de ludibriar a vontade dos pais. Nesses casos o amor era efetivamente subversivo, uma vez que destruía a ordem estabelecida. Ele se tornava sinônimo de morte e de ruína política, como prova o romance, de fundo histórico verdadeiro, Tristão e Isolda, transmitido oralmente pelo mundo europeu de então - celta, franco e germânico. Tristão, sobrinho do rei e seu vassalo, cometeu ao mesmo tempo incesto, adultério e traição para com o rei Marco, o marido de Isolda. Aliás, ele mesmo diz, após seu primeiro encontro: "Que venha a morte". Nas sociedades antigas, obcecadas pela sobrevida, a vontade de potência, de poder, era mais importante do que a vontade de prazer, pois aquelas tribos de imensas famílias não conheciam nenhuma limitação administrativa ou externa.

Esse quadro deve ter sido abrandado pelo fato de eles terem estado em contato com países cristãos, ou povos de regiões mergulhadas no cristianismo, como por exemplo os normandos batizados do século X. Em decorrência, duas estruturas coexistiam, mais ou menos confundidas. Por volta do ano 1000, o bispo da Islândia teve muita dificuldade para separar um chefe de tribo, já casado, de sua concubina, especialmente porque ela era sua própria irmã - fato que sustentava a opinião de que seu irmão, o bispo, não passava de um tirano. Nos séculos X e XI, os duques da Normandia tinham dois tipos de união, regularmente: uma esposa oficial, franca e batizada, e uma ou várias concubinas.


Guilherme, o Conquistador, que tomou a Inglaterra em 1066, tinha o codinome de bastardo, por ter nascido de uma união desse tipo. À entrada de Falésia, seu pai, Roberto, o Demônio, teve a atenção chamada por uma jovem que, no lavadouro da cidade, calcava a roupa com os pés, nua como suas companheiras de tarefa, para melhor sovar a roupa. Naquela mesma noite, com a autorização de seu pai, Arlette, a jovem, se viu no quarto do duque, usando uma camisola aberta na frente, "a fim de que", nos diz o monge Wace, que contou a história, "aquilo que varre o chão não possa estar à altura do rosto de seu príncipe". Esses amores "à dinamarquesa" demonstram que as mulheres eram livres, com a condição de aceitar uma posição secundária.


Essa duplicidade de situação num mundo ocidental oficialmente cristão, mas ainda pagão, complicou-se quando as mulheres conquistaram poder, algo facilitado pela matrilinearidade das origens germânicas. Algumas incentivavam os maridos a se proclamarem reis, por serem elas de origem imperial carolíngia. Castelãs, senhoras de grandes propriedades, ou mulheres de alta nobreza, elas utilizavam o casamento como trampolim para sua ambição. Em Roma, Marozia (ou Mariuccia) foi mãe do papa João XI, filho de sua ligação com o também papa Sérgio III. Viúva do primeiro marido, Guido da Toscana, meio-irmão do rei da Itália, Hugo, ela convidou este a se casar com ela. Mas Alberico II, seu filho do primeiro casamento, expulsou do castelo de Santo Ângelo onde foram celebradas as núpcias, aquele intruso manipulado por sua mãe.


Punição para a libido


Aos olhos de inúmeros escritores eclesiásticos, como o bispo Ratherius de Verona, a libido feminina era perigosa e devia ser reprimida severamente. O fato de que velhos países como a Espanha, a Itália e o reino dos Francos, embora cristãos havia já cinco séculos, não tivessem ainda integrado a doutrina do casamento - a ponto, por exemplo, de o rei Hugo ter tido duas esposas oficiais e três concubinas - prova o quanto essa doutrina estava na contramão de seu tempo. E contudo ela fora claramente afirmada e repetida desde que Ambrósio declarara em 390 que "o consentimento faz as bodas". A isso, o Concílio de Ver acrescentara, em 755: "Que todas as bodas sejam públicas" e "Uma única lei para os homens e mulheres".


Reclamar a liberdade do consentimento dos esposos e a condição de igualdade do homem e da mulher era utópico, sobretudo numa sociedade romana patriarcal. Todavia, progressos importantes ocorreram no século X, graças à repetição da apologia do casamento, símbolo da união indissolúvel entre Cristo e a Igreja. Após a atitude irredutível do arcebispo Hincmar e do papa Nicolau I, o divórcio de Lotário II por repúdio a sua esposa Teutberga - devido a sua esterilidade - tornou-se impossível após 869, ano de sua morte. Incompreensível para os contemporâneos, o casamento não se baseava somente na procriação. A aliança era mais importante do que um filho. Mais do que ninguém, longe dos discursos sobre a superioridade da virgindade, Hincmar havia demonstrado que um consentimento livre sem união carnal consecutiva não era um casamento. Ele prefigurava assim a noção de nulidade instituída pelo decreto de Graciano, em 1145. Em decorrência, os rituais, como escreveu Burchard de Worms por volta do ano 1000, traduziam no nível da disciplina do casamento a doutrina otimista dos moralistas carolíngios.


A união carnal, conseqüência do consentimento entre um homem e uma mulher (e não várias), é o espaço de santificação dos esposos. O ideal de monogamia, de fidelidade e de indissolubilidade tornou-se tanto mais possível porque no final do século X desapareceu a escravidão de tipo antigo, nos países mediterrâneos. Um novo espaço se abria para o casamento cristão, graças ao surgimento do concubinato com as escravas, que não tinham nenhuma liberdade. Essa foi também a época em que as determinações dos concílios tornaram obrigatória a validade do casamento dos não libertos.


Mas um outro combate chegava a seu ponto culminante no ano 1000: a proibição do incesto. Iniciada a partir do século VI e quase bem-sucedida na Itália, na Espanha e na França, essa interdição enfrentou contudo forte oposição na Germânia, na Boêmia e na Polônia. Proibidos em princípio até o quarto grau entre primos irmãos, os casamentos de consangüinidade e de afinidade foram punidos, e os culpados separados. Mais tarde, a partir de Gregório II (715-735), a proibição foi estendida ao sétimo grau (sobrinhos à moda da Bretanha), assim como aos parentes espirituais (padrinho e madrinha): não haveria mais aliança a não ser com estranhos, com quem fosse outro (Deus ou o próximo de sexo diferente), mas de modo algum com aquele ou aquela com quem já existisse um tipo de ligação.


As conseqüências sociais de tal doutrina foram incalculáveis. Ela obrigou cada um a procurar um cônjuge longe de sua aldeia e de seu castelo. Acabou por destruir as grandes famílias, de dezenas de pessoas, que viviam sob o mesmo teto, e por favorecer a formação de um grupo nuclear, do tipo conjugal. Ela suprimiu, assim, as sucessões matrilineares e a escolha dos esposos pelas mulheres. A exogamia tornou-se obrigatória. A Europa se abriria para o exterior.


Elogio da virgindade


Na Alemanha, desde os concílios de Mogúncia, em 813, e de Worms, em 868, os casos de casamentos incestuosos mantidos pela obstinação das mulheres eram numerosos. Na Boêmia, o segundo bispo de Praga, Adalberto, grande amigo do imperador Oto III, havia conseguido, em 992, um edito público que o autorizava a julgar e separar os casais incestuosos. Foi um insucesso tão retumbante que ele se desgostou para sempre de sua tarefa episcopal. Preferiu ir evangelizar os prussianos, que o martirizaram em 23 de abril de 997.


A dinastia dos Oto, que havia restaurado o império em 962 na Alemanha e na Itália, nem por isso deixou de apoiar a Igreja em sua empresa de transformação e cristianização. E suas esposas deram o exemplo, já que Edite (946), Matilde (968) e Adelaide (999) foram consideradas santas. Os clérigos que relataram suas vidas, em particular a de Matilde, insistem não na viuvez ou nos atos de fundação de mosteiros, mas sim no papel de esposa e mãe. Sua santidade provinha essencialmente do casamento e do papel de conselheira, junto a seu imperial esposo. A leitura dos ofícios de passagens da vida de santa Matilde não teve uma influência desprezível sobre as audiências populares.


Se a Alemanha foi então uma frente pioneira na cristianização do casamento, não foi bem esse o caso do reino dos francos. Ema, esposa traída do duque da Aquitânia, Guilherme V, vingou-se de sua rival mandando que ela fosse violada por toda sua guarda pessoal. Berta, filha do rei da Borgonha, mal tendo enviuvado, pousou seu olhar sobre o jovem Roberto, filho de Hugo Capeto, para fazer um casamento hipergâmico.


Esse exemplo é revelador. A legislação da Igreja acerca do casamento cristão ia de encontro à mentalidade da época. E no entanto o amor conjugal de caridade (dilectio caritatis) começava a sobressair ao amor de posse (libido dominandi). Por volta do ano 1000, a expansão urbana e o início do desbravamento e da cultura dos campos permitiram que a família nuclear monogâmica se multiplicasse. As células rurais foram destruídas pela necessidade de ir buscar um cônjuge mais longe. Somente a nobreza e as famílias reinantes mais antigas resistiram, fechadas em suas relações feudais, ao contrário dos recém-chegados ao poder, os Oto, que acolheram e adotaram a doutrina cristã como uma liberação e se lançaram com ousadia na direção do leste, para além do rio Elba, a nova fronteira da expansão européia.


Dessa forma, da concepção do amor como subversivo e criador de morte passamos à de um amor construtivo, promotor de vida. O desejo foi integrado no casamento com a união carnal, espaço de gozo mútuo. A procriação tornou-se um bem do casamento, entre outros. A poligamia desapareceu. A publicidade do casamento se instalou. As proibições de incesto permitiram que se descobrisse a necessidade de alteridade e a afirmação da diferença sexual como força de construção. Esse momento de otimismo e de vitória sobre o amor de morte pagão, à moda de Tristão, explica o elã prodigioso da Europa no início do ano 1000. Mas ele não iria além do final do século XI. Também por volta do ano 1000, as diatribes de São Pedro Damião e Ratherius de Verona contra o casamento dos padres anunciavam um outro combate que terminaria na reforma gregoriana e no triunfo do celibato convencional.


Em conseqüência, o elogio da virgindade passou a ser mais e mais preponderante, a ponto de fazer triunfar uma visão pessimista do casamento. Tanto isso é verdade que a história do casamento cristão é feita de alternâncias entre sucessos e crises.


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