Novo crédito da casa com juros a 6,5%
As taxas de juro do crédito à habitação continuam a sua escalada mensal, tendo aumentado em Maio cerca de 2% face ao mês anterior. Os portugueses que forem negociar um novo empréstimo em Junho contam com juros perto dos 5% e dificilmente vão conseguir que a sua taxa final, já com o spread, fique abaixo dos 6,5%. Valores que se traduzem em agravamentos da ordem dos 8% na prestação de um novo empréstimo, quando comparado com igual crédito contraído ao longo do mês de Maio.
Quando hoje os bancos forem calcular a média do mês de Maio da Euribor a seis meses, o indexante mais usado em Portugal, o valor deverá ficar em torno dos 4,9%. O cálculo da média deste indexante até ao dia de ontem indicava um valor de 4,895%, contra 4,795% em Abril. Já no que respeita à Euribor a três meses, a média registada até ontem era de 4,857%, contra 4,783% no mês passado.
Desde que atingiu o seu pico mínimo, em Agosto e Setembro de 2005 - situando-se nos 2,16% -, a Euribor a seis meses já aumentou 126,3%. E está próxima do valor mais alto de sempre, de Agosto de 2000, quando as taxas estavam nos 5,2% e os portugueses pagavam a sua casa (juros mais spread) com taxas perto dos 7%.
E a tendência aponta para que o valor actual destes indexantes, a três e a seis meses, se aproxime progressivamente dos 5%. Basta verificar que a Euribor a 12 meses, que perspectiva o valor dos juros a um ano, já está acima daquele patamar, mais precisamente nos 5,063%, a cotação de ontem.
Assim, de acordo com uma simulação feita pelo DN no site Portal do Cliente Bancário, a prestação de um novo empréstimo poderá subir 7,7% entre Maio e Junho. Se no corrente mês um cliente contraísse um crédito de 150 mil euros, com uma taxa anual nominal de 5,8% (possível com um spread de um ponto percentual), ficaria a pagar 880 euros por mês. Se para o mesmo empréstimo o cliente só conseguir uma taxa de 6,5% (que já incorpora um spread de 1,5 pontos), a prestação passa para 948 euros, mais 68 euros, um aumento de 7,7%.
Para quem já tem um crédito, a próxima revisão da sua taxa, que já incorpore as médias de Abril e Maio, terá uma subida na sua prestação.
Negociação mais difícil
Quem contraiu um novo empréstimo nestes dois últimos meses depara-se com uma negociação difícil, a começar pelo spread. Segundo o DN apurou, alguns bancos estão a negociar empréstimos com margens financeiras aplicadas sobre a Euribor que chegam aos 1,8 pontos percentuais, fruto de um custo acrescido no preço do dinheiro de um maior risco do lado do cliente. Em média, os spreads estão actualmente em torno de 1,5 pontos e conseguir uma margem de um ponto percentual já não é tarefa fácil. Um agravamento verificado especialmente nos últimos dois meses, quando as Euribor intensificaram as subidas.
É curioso verificar que alguns bancos, nomeadamente dois estrangeiros a operar em Portugal - o Deutsche Bank e o Banco Popular -, estão a oferecer spreads de 0,35 e 0,24 pontos, respectivamente. Trata-se de produtos destinados a um reduzido número de clientes, que preencham um conjunto de condições muito específicas. Para o grosso dos portugueses, a realidade é bem diferente: acabaram os spreads baixos.
DN