Monstro do Lago Nessie
Durante séculos circulou mitos sobre um monstro que vivia nas profundezas do Lago Ness na Escócia. Loch Ness é um lago, com cerca de 38 km de comprimento, 1,5 km de largura e com profundidades de até 290 metros; localizado numa falha geológica na Escócia. A lenda sobre um monstro que moraria nas profundezas do lago vem desde a Idade Média. Consta-se que, em 565 D.C., o missionário irlandês São Columbano teria salvo um aluno do ataque de um monstro do lago. Desde então, mais de 10.000 aparições estão registadas na história do folclore escocês.
A sua existência (ou não) continua a suscitar debate entre os céptico e os crentes, e é um dos mistérios da criptozoologia. Quase todos os relatos de aparições do monstro descrevem-no à semelhança de um Plesiossauro, um animal parente dos dinossauros, extinto desde o Mesozóico.
Os plessiossauros eram répteis aquáticos de grandes
dimensões, com um pescoço grande em relação à cabeça,
que se deslocavam com a ajuda de enormes membros em
forma de barbatana.
A semelhança com um animal extinto levou alguns criptozoólogos a defender que o monstro de Loch Ness é um plessiossauro que, de alguma forma, sobreviveu à extinção da sua espécie no fim do Cretácico. Os cépticos argumentam com a impossibilidade de um único indivíduo sobreviver 63 milhões de anos e que esta hipótese implica a existência não de um monstro, mas de uma pequena comunidade. Baseado no tamanho do lago e na quantidade de alimento, George Zug, do Smithsonian, calculou que o número de criaturas como Nessie poderia variar de 10 a 20 animais se cada um pesarem cerca de 1500 kg. Cientistas dizem que um Plesiossauro nunca levantaria o pescoço acima da água, como o monstro supostamente faz. Além disso, o plesiossauro era adaptado ao calor, e não às temperaturas absurdamente baixas do Lago Ness.
Baseando-se nisso, um grupo de cientistas criaram uma teoria que diz que o monstro é um dinossauro parente do plesiossauro, que além de nunca ter sido documentado, possuía uma estrutura óssea diferente de seu suposto primo e o corpo adaptado a condições climáticas diferentes, que vivia no Oceano Árctico ou Atlântico. Assim, um grupo dessas criaturas entrou pelo rio Ness (uma das únicas ligações do lago com o mar) e depois de certo tempo o rio ficou muito raso, e as criaturas não puderam sair, graças ao alimento farto de salmões, enguias e trutas, as criaturas se adaptaram à vida no lago.
Outras explicações para os registos visuais sugerem que as testemunhas teriam confundido o monstro com os esturjões que abundam no lago e que, graças à sua estranha aparência, possam ter causado confusão. Há ainda quem relacione os registos visuais com libertação de gases da falha tectónica que modela o lago, que podem chegar à superfície sobre a forma de bolhas.
O primeiro relato sobre o monstro Ness do século XX, surgiu em 1923, quando Alfred Cruickshank avistou uma criatura com cerca de 3 metros de comprimento e dorso arqueado, mas o registo visual que iniciou a popularidade de Nessie data de 2 de Maio de 1933, e foi relatado pelo jornal local Inverness Courier, numa reportagem cheia de sensacionalismo. Na peça conta-se que um casal viu um monstro aterrorizante a entrar e sair da água. A notícia gerou sensação e um circo chegou mesmo a oferecer 20.000 libras pela captura da criatura. A esta oferta seguiu-se uma onda de registos visuais que resultaram em 19 de Abril de 1934, na mais famosa fotografia do monstro, tirada pelo cirurgião R.K. Wilson.
A fotografia circulou pela imprensa mundial como prova absoluta
da existência real do monstro.
Décadas depois, em 1994, Marmaduke Wetherell confessou ter falsificado a fotografia enquanto repórter free lancer do Daily Mail em busca de um furo jornalístico. Wetherell afirmou também que decidiu usar o nome do Dr. Wilson como autor para conferir mais credibilidade ao embuste.
Em Julho de 2003, uma equipa da BBC realizou uma investigação exaustiva na zona, com o fim de determinar de vez a existência ou não do monstro. O lago foi percorrido de uma ponta à outra por mergulhadores e cerca de 600 sonares, sem qualquer resultado. A BBC concluiu que o monstro não existe mas nem isto impediu os defensores de Nessie.
Em 25 de Maio de 2007, Gordon Holmes, um técnico de laboratório de 55 anos de idade, filmou um vídeo que ele diz ser de uma criatura preta, com cerca de 45 pés de comprimento, movendo-se rapidamente na água. O vídeo foi estudado por biólogos e sem dúvida trata-se realmente de uma filmagem de um animal não identificado, no qual as características físicas são mesmo parecidas com as de um plesiossauro, portanto, ainda assim não é considerado uma prova de sua existência. Diz-se que o vídeo está entre as mais brilhantes aparições do monstro já feitas. A BBC da Escócia transmitiu o vídeo em 29 de Maio de 2007.
Todos os anos, milhares de pessoas visitam a Escócia com a esperança de fotografar o animal que, diz a lenda, mora no fundo do Lago Ness; expedições científicas foram montadas para demonstrar a existência, ou não, do animal. Apesar disso, a polémica continua despertando paixões e curiosidades.
Estátua do monstro Loch Ness, o
"Nessie", na região de Inverness,
na Escócia.
A grande parte da dificuldade em encontrar ou provar a ausência da criatura é devida à peculiaridade geológica do próprio lago. Ele tem forma estreita, profunda e alongada. A visibilidade da água é extremamente reduzida devido ao teor de turfa dos solos circundantes, que é trazida para o lago através das redes de drenagem. Pensa-se que o lago Ness tenha sido modelado pelos glaciares da última Era Glacial. Além disso, a visibilidade na superfície costuma ser má, o que explica a má qualidade das fotos. Na Escócia, a média dos últimos 30 anos é de apenas 48 dias de sol por ano.
Real ou imaginário, o monstro de Loch Ness faz
parte do imaginário popular e da cultura da Escócia
e do resto do mundo ocidental.