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Amalia Rodrigues

helldanger1

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Malmequer


Oh, malmequer mentiroso!
Quem te ensinou a mentir?
Tu dizes que me quer bem
Quem de mim anda a fugir!

Desfolhei o malmequer
No lindo jardim de Santarém!
Malmequer, bem-me-quer,
Muito longe está quem me quer bem!

Um malmequer pequenino
Disse um dia à linda rosa:
Por te chamarem rainha,
não sejas tão orgulhosa!

Malmequer não é constante,
Malmequer muito varia!
Vinte folhas dizem morte
Treze dizem alegria!
 

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Marcha Da Mouraria


Mouraria garrida, muito presumida,
Muito requebrada,
Com seu todo gaudério,
Seu ar de mistério,
De moura encantada!
É como um livro de novela,
Onde o amor é lume
E o ciúme impera!
Ao abrir duma janela
Parece o vulto
Daquela Severa!

A marcha da Mouraria
Tem o seu quê de bairrista!
Certos ares de alegria,
É a mais boêmia,
É a mais fadista!

Anda toda encantada,
De saia engomada,
Blusinha de chita!
É franzina, pequena,
Gaiata e morena,
Cigana e bonita!
Tem a guitarra pra gemer
Um amor sublime
Que nunca atraiçoa!
Esse bairro deve ser
O lindo ou mais castiço
Da velha Lisboa!
 

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Marcha De Alfama


Não há ninguém que destrua
Este amor que nos abrasa!
Cada um gosta da rua
Onde tem a sua casa!

Quem na minha Alfama passa
Vê-a toda embandeirada
Porque o São João da Praça,
Porque o São João da Praça
Assentou praça na armada!

No alto mar, fomos nós sempre os primeiros
Porque, afinal, foi destas pobres vielas,
Que saiu o Portugal que embarcou nas caravelas!

Quem quiser, veja em espelhos!
Quem não pede é porque é mudo!
Vá à rua dos Remédios,
Que há remédio para tudo!

Meu amor, amor sem fé,
Deixou-me por coisa pouca,
Mora nas cruzes da Sé
E eu faço cruzes na boca!
 

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Marcha De Benfica



Amália Rodrigues - Marcha De Benfica
by Norberto De Araújo / Raul Ferrão


Eh raparigas
Isto agora é andarmos p'ra frente
Saltam cantigas aos molhos
Um riso nos olhos
E coração quente.

Cá vai Benfica
E quem fica não vai com certeza
Ser alegre é que é preciso
Pois quem tem o riso
Tem sempre beleza.

(Refrão)

Olha a marcha de Benfica
Qual saloia cantadeira
Que entra na festa contente
Ai, ninguém fica sem cantar a vida inteira
A linda marcha da nossa gente.

Haja alegria
Alegria é um bem que se abraça
Um desejo uma quimera
Por isso se espera
A marcha que passa.

Cá vai Benfica
Toda alegre e contente p'ra dançar
Há sempre um sorriso suspenso
Um tesouro imenso
Que nos vem da herança
 

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Marcha De São Vicente


Quando eu passo nos terreiros,
O teu amor não me quadra
É que eu tenho medo
Das más ações
Pois os teus olhos brejeiros
Andam na Feira da Ladra
Diz toda a gente
Que são ladrões!

A marcha de São Vicente
Alegra a gente quando passar!
Pois parece que atordoa
Toda Lisboa
Que a ouve cantar!
Acendeu aquela chama
Que torna os bravos a imortais
Não vive só da antiga fama!
Pois São Vicente é muito mais!

Quem puder vir com a gente
Há de trazer um balão
Um arco enfeitado
E saber marchar
Vai pedir a São Vicente
Ele não lhe diz que não!
E então vem na marcha
Sempre a cantar!
 

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Marcha Do Centenário


Toda a cidade flutua
No mar da minha canção
Passeiam na rua, retalhos de lua
Que caem do meu balão

Deixei Lisboa folgar
Não há mal que me arrefeça
A rir, a cantar, cabeça no ar
Que eu hoje perco a cabeça

Lisboa nasceu, pertinho do céu
Toda embalada na fé
Lavou-se no rio, ai ai ai menina
Foi baptizada na Sé !

Já se fez mulher e hoje o que ela quer
É bailar e dar ao pé
Vaidosa varina, ai ai ai menina
Mas que linda que ela é!

Dizem que eu velhinha sou
Há oito séculos nascida
Nessa é que eu não vou, por mim não passou
Nem a morte nem a vida

O Pagem me fez um fado
De novo ali me leu a sina
Não ter namorado, amor nem cuidado
E ficar sempre menina!
 

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Marcha Do Centenário


Toda a cidade flutua
No mar da minha canção
Passeiam na rua, retalhos de lua
Que caem do meu balão

Deixei Lisboa folgar
Não há mal que me arrefeça
A rir, a cantar, cabeça no ar
Que eu hoje perco a cabeça

Lisboa nasceu, pertinho do céu
Toda embalada na fé
Lavou-se no rio, ai ai ai menina
Foi baptizada na Sé !

Já se fez mulher e hoje o que ela quer
É bailar e dar ao pé
Vaidosa varina, ai ai ai menina
Mas que linda que ela é!

Dizem que eu velhinha sou
Há oito séculos nascida
Nessa é que eu não vou, por mim não passou
Nem a morte nem a vida

O Pagem me fez um fado
De novo ali me leu a sina
Não ter namorado, amor nem cuidado
E ficar sempre menina!
 

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Maria Da Cruz


Chamava-se ela Maria,
De sobrenome da Cruz,
E na aldeia onde ela vivia, sorria
Vivia na paz de Jesus
Tinha um amor, a quem ela
Seu coração entregara
Junto ao altar da capela
Singela, onde ela
Paixão lhe jurara!

Mas certo dia
Veio trazer-se na aldeia
Que o seu pastor lhe mentia,
Que esse amor se extinguia
Como a luz de uma candeia!
Desiludida do seu amor, a Maria
Deixou o lar e, perdida,
Saiu dali desvanecida
Foi pro cais da Mouraria!

Sofreu a dor d'amargura,
Perdeu o viço e a cor.
E não voltou à ventura,
À docura, à ternura,
Do amor do pastor!
E hoje por cruz, a Maria,
Que é da Cruz, por seu fadário,
Arrasta na Mouraria
A cruz da agonia,
A cruz do Calvário!

Ainda canta
Uma canção quase morta
Traz o pastor na garganta,
Oiço já, quando ela canta,
Ao passar à sua porta!
Num certo dia
Em que ela, enfim, já vencida,
Terminará a agonia
De ainda estar na Mouraria
Toda a cruz da sua vida!
 

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Maria Lisboa


É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata;
na canastra, a caravela,
no coração, a fragata.

Em vez de corvos no xaile,
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.

É de conchas o vestido,
tem algas na cabeleira,
e nas velas o latido
do motor duma traineira.

Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria;
seu apelido: Lisboa.
 

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Maria Rita, Cara Bonita


Fui um dia a uma caçada
Ó Maria Rita, eras tão bonita!
Entrei na cevada, aveia!

Vi uma lebre deitada
Ó Maria Rita, eras tão bonita!
Com o pé alevantei-a!

Além vem a Maria Rita
Com o chapeuzinho ao lado
C'as calças de tiro-liro, casaca de pano, chapéu desabado!

Meti a espingarda à cara
Ó Maria Rita, eras tão bonita!
Dei ao gatilho, matei-a!

Já vinha ferida doutro,
Ó Maria Rita, eras tão bonita!
Não era minha, deixei-a!

Atirei um tiro à pomba
A pomba no ar voou
Ela ouço naquela roseira e a maldita pomba sempre lá ficou!
 

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Medo

Quem dorme à noite comigo
É meu segredo,
Mas se insistirem, lhes digo,
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo.

E cedo porque me embala
Num vai-vem de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Gritar quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim
Gostava até de matar-me,
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.
 

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Meia-noite Uma Guitarra

Meia-noite, uma guitarra
Meia vida por viver
E a saudade que se agarra
Ao cantar de uma mulher
Meia-noite, uma guitarra
Meia vida por viver

Pelas ruas mais sombrias
Passa o tempo que passou
Serenatas de outros dias
Que a voz do tempo cantou
Pelas ruas mais sombrias
Passa o tempo que passou

É loucura sem sentido
Caminhar por onde vou
Viver é estar-se perdido
Morrer é estar onde estou
É loucura sem sentido
Caminhar por onde vou

Meia-noite é meio da vida
Meia vida por viver
Guitarra triste, esquecida
Que ninguém sabe entender
Meia-noite é meio da vida
Sem ninguém pra me entender
 

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Meu Amigo Está Longe


Nem um poema, nem um verso, nem um canto,
Tudo raso de ausência, tudo liso de espanto
Amiga, noiva, mãe, irmã, amante,
Meu amigo está longe
E a distância é tão grande.

Nem um som, nem um grito, nem um ai
Tudo calado, todos sem mãe nem pai
Amiga noiva mãe irmã amante,
Meu amigo esta longe
E a tristeza é tão grande.

Ai esta magoa, ai este pranto, ai esta dor
Dor do amor sózinho, o amor maior
Amiga noiva mãe irmã amante,
Meu amigo esta longe
E a saudade é tão grande.
 

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Meu Amor É Marinheiro


Meu amor é marinheiro
E mora no alto mar
Seus braços são como o vento
Ninguém os pode amarrar.

Quando chega à minha beira
Todo o meu sangue é um rio
Onde o meu amor aporta
Seu coração - um navio.

Meu amor disse que eu tinha
Na boca um gosto a saudade
E uns cabelos onde nascem
Os ventos e a liberdade.

Meu amor é marinheiro
Quando chega à minha beira
Acende um cravo na boca
E canta desta maneira.

Eu vivo lá longe, longe
Onde passam os navios
Mas um dia hei-de voltar
Às águas dos nossos rios.

Hei-de passar nas cidades
Como o vento nas areias
E abrir todas as janelas
E abrir todas as cadeias.

Assim falou meu amor
Assim falou-me ele um dia
Desde então eu vivo à espera
Que volte como dizia.
 

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Meu Amor, Meu Amor


Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.
 

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Minha Boca Não Se Atreve


Não se atreve a minha boca,
Que eu não a deixo atrever.
A dizer que eu ando louca,
Que ando louca por te ver.

Não se atreve a minha boca,
Ao grito que eu quero dar.
Não se atreve a minha boca,
Que eu não a deixo gritar.

Minha boca não se atreve,
Não segue o meu coração.
E não diz o que não deve,
É a minha expiação.

Minha boca não se atreve,
A dizer o que lhe digo.
Se ela se atrever em breve,
Sabes que sonho contigo.

Ai minha boca atrevida,
Já mo disseste a mim.
E encheste a minha vida,
Desse segredo ruim.
 

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Minha Canção É Saudade


De ilusões desvanecidas
Filme de esperanças perdidas
Minha canção é saudade

Ai, que de tranças caídas
Via tudo em cores garridas
E em todos via bondade

Ai, que de tranças caídas
Via tudo em cores garridas
E em todos via bondade

E nesta sinceridade
De amor e sensualidade
Ponho a alma ao coração

Numa angústia, uma ansiedade
Minha canção é saudade
Do amor sonhado em vão

Numa angústia, uma ansiedade
Minha canção é saudade
Do amor sonhado em vão

Nesta saudade sem fim
Choro saudades de mim
Sou mulher mas fui pequena

Também brinquei e corri
Mas quem sabe se sofri
Se é de mim que tenho pena

Também brinquei e corri
Mas quem sabe se sofri
Se é de mim que tenho pena
 

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Minha Mãe Me Deu Um Lenço


Minha mãe me deu um lenço
E meu pai uma blusa

Eu quero andar em cabelo
Que o que se agora usa

Eu perdi o meu lencinho
Num bailarico a bailar

Minha mãe não me dá outro
Em cabelo eu hei de andar
 

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Morrinha

Ai, sonhos, pranto, rios, poço, corpo
Do lírio e hortelã agreste!
São sonho que morre, são água que corre
Que na minha sede bebeste

Na minha cama o lençol de linho
Que hoje é como eu, sozinho
A sua brancura, a minha ternura
São minha loucura, meu espinho

Na minha solidão, que é toda minha
Na minha solidão, sozinha
Tristeza em botão que eu guardo na mão
Crescendo, crescendo, morrinha
 

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Não Digas Mal Dele


Foi mau, não minto, falso, ruim, vil e cruel,
Mas não consinto que ao pé de mim digas mal dele
Tu és banal, não se perdoa, não é decente
Dizer-se mal de uma pessoa que está ausente

Não, não tolero e não quero trazer de novo à cena
Dor que ainda me dói, não foi nada contigo
Não, não tolero, a não ser que tenhas pena
De não ser como ele foi, para meu maior castigo

Tudo ruiu como um castelo feito na areia
Deves tal brio de não trazê-lo à minha idéia
Agora é tarde para censuras, sabe-o bem
Que Deus o guarde de desventuras, e a nós também
 

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Não É Desgraça Ser Pobre


Não é desgraça ser pobre,
não é desgraça ser louca:
desgraça é trazer o fado
no coração e na boca.

Nesta vida desvairada,
ser feliz é coisa pouca.
Se as loucas não sentem nada,
não é desgraça ser louca.

Ao nascer trouxe uma estrela;
nela o destino traçado.
Não foi desgraça trazé-la:
desgraça é trazer o fado.

Desgraça é andar a gente
de tanto cantar, já rouca,
e o fado, teimosamente,
no coração e na boca.
 

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Não Quero Amar


Oferece o teu amor a quem te possa amar
A minha boca é fria, não tem alegria
Nem mesmo a cantar!
Na cruz da tua vida não quero mais sofrer!
Não quero ser vencida, nem mulher perdida
Por tanto te querer!

Não queiras no peito esta flor
Sem perfume e sem cor,
Que não sabe enfeitar!
Não queiras a esmola do amor
De quem não sabe dar!
Amantes, não quero e não quero!
Só este me pode agradar:
É belo e castiço o meu fado
Amante sem par!

É ele que me beija, é ele que me abraça!
Nas noites de luar, se fico a pensar
Na vida que passa!
E passa a vida inteira
Saudade a amargor,
Ao longe, uma toada, canta a madrugada
E és tu meu amor!
 

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Não Sei Porque Te Foste Embora


Amália Rodrigues - Não Sei Por Que Te Foste Embora
by José Galhardo / Frederico Valério


Não sei por que te foste embora.
Não sei que mal te fiz, que importa,
só sei que o dia corre e àquela hora,
não sei por que não vens bater-me à porta.
Não sei se gostas de outra agora, s
e eu estou ou não para ti já morta.
Não sei, não sei nem me interessa,
não me sais é da cabeça
que não vê que eu te esqueci.
Não sei, não sei o que é isto
já não gosto e não resisto
não te quero e penso em ti.
Não quero este meu querer no peito,
não quero esperar por ti nem espero.
Não quero que me queiras contrafeito,
nem quero que tu saibas que eu te quero.
Depois de este meu querer desfeito,
nem quero o teu amor sincero.
Não quero mais encontrar-te,
nem ouvir-te nem falar-te,
nem sentir o teu calor.
Porque eu não quero que vejas
que este amor que não desejas
só deseja o teu amor.
 

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Não Sei Quem És


Ah, o fado! Torturado!
Tão magoado!
Quem te fez?
Ah, o fado!
Não sei quem é!

Só sei que ouvi-te um dia e chorei
E ao encontrar, te encontrei
Na voz do amor português!

É um sonho! Tão risonho!
Que eu suponho
Nem sonhar!
Ah, é um sonho,
Quero acordar!

Volver de novo ao fado e sofrer,
Porque sofrer é viver
E eu vivo e sofro a cantar!
 

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Nasci Pra Ser Ignorante


Nasci para ser ignorante
mas os parentes teimaram
(e dali não arrancaram)
em fazer de mim estudante.

Que remédio? Obedeci.
Há já três lustros que estudo.
Aprender, aprendi tudo,
mas tudo desaprendi.

Perdi o nome às Estrelas,
aos nossos rios e aos de fora.
Confundo fauna com flora.
Atrapalham-me as parcelas.

Mas passo dias inteiros
a ver um rio passar.
Com aves e ondas do Mar
tenho amores verdadeiros.

Rebrilha sempre uma Estrela
por sobre o meu parapeito;
pois não sou eu que me deito
sem ter falado com ela.

Conheço mais de mil flores.
Elas conhecem-me a mim.
Só não sei como em latim
as crismaram os doutores.

No entanto sou promovido,
mal haja lugar aberto,
a mestre: julgam-me esperto,
inteligente e sabido.

O pior é se um director
espreita p'la fechadura:
lá se vai licenciatura
se ouve as lições do doutor.

Lá se vai o ordenado
de tuta-e-meia por mês.
Lá fico eu de uma vez
um Poeta desempregado.

Se me não lograr o fado
porém, com tais directores,
e de rios, aves e flores
somente for vigiado,

enquanto as aulas correrem
não sentirei calafrios,
que flores, aves e rios
ignorante é que me querem.
 
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