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- Fev 4, 2008
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Desconfio que qualquer um de nós já tomou consciência de que quando está triste tem muito mais vontade de ir às compras, de se perder a olhar montras, desejoso de encontrar numa prateleira qualquer o objecto milagroso que afaste aquele sentimento que nos oprime.
São aqueles dias em que chegamos a casa com sacos e sacos de compras, o plafond do cartão de crédito largamente ultrapassado, e estendemos os despojos sobre a cama.
Por momentos acreditámos que era aquele pedaço de tecido reduzido, aquele colar ou gravata que nos ia mudar a imagem, a disposição e a sorte.
O que não sabíamos era que 4 investigadores americanos testavam a hipótese de que a tristeza, associada a um momento em que estamos com pena de nós mesmos, nos leva a pagar muito mais por um objecto.
Mais do que aquilo que ele vale, mais do que estaríamos dispostos a despender se não estivermos com a neura. É claro que nos poderiam ter perguntado e poupado tempo, mas preferiram recrutar 33 participantes, entre os 18 e os 30 anos e observar à lupa os seus comportamentos.
Metade das cobaias visionaram um filme dramático, enquanto a outra metade viu uma reportagem sobre recifes e corais. Em seguida fizeram um leilão de uma garrafa de água com um design fantástico, e concluíram que aqueles que tinham sido sujeitos a uma experiência de tristeza e se afirmavam contagiados por ela ofereciam quatro vezes mais dinheiro pelo objecto em causa, do que aqueles que estavam num estado de espírito «neutro».
Agora publicaram o trabalho no Psycological Science Journal e gritam Eureka porque contrariaram as teorias económicas vigentes que dizem que os estados de espírito negativos levam as pessoas a desvalorizar tudo à sua volta.
Cryder, Lerner, Gross e Dahl juram o contrário e alertam quem faz previsões financeiras, nomeadamente sobre o efeito da crise no consumo, para que percebam que quando nos sentimos tristes nos desvalorizamos a nós mesmos, e os bens exteriores adquirem um valor mágico porque, aos nossos olhos, possuem o poder de nos devolver a auto-estima.
Isabel Stilwell | editorial@destak.pt
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