A corrupção é como um cancro, combate-se de um lado, aparece no outro. Em Portugal a corrupção está tão arreigada que é fácil encontrá-la em qualquer sector da sociedade portuguesa.
No futebol, então, a corrupção atingiu graus áureos elevadíssimos outrora.
Mas quem pensou que ela fora erradicada após o célebre Apito Dourado, engane-se!
Tal como o cancro assume diversas formas, a corrupção no futebol soube moldar-se aos tempos e assumir outras formas.
Hoje já não se trata tanto de corromper os árbitros.
Trata-se antes de saber jogar no mesmo tabuleiro mas com peças diferentes.
Joga-se com a crise. Mas não só.
A crise que assola a Europa e o mundo não é alheia ao futebol. Imensos clubes pelo mundo fora têm entrado em insolvência e Portugal não tem sido excepção. E aqueles que ainda não entraram estão em vias de entrar.
Os clubes vivem no limite das suas possibilidades e fazem de tudo para poderem auto-sustentar-se. É neste contexto que entram os clubes grandes com as suas artimanhas.
Os clubes pequenos, à falta de poder de compra, refugiam-se nos empréstimos dos clubes grandes. Estes emprestam uns quantos jogadores. Em troca, porque tal como na vida quotidiana ninguém dá nada a ninguém, recebem uns pontos, ou seja, os 3 pontos de disputa entre os dois clubes. Um clube com dificuldades financeiras tem apenas como seu objectivo a auto-sustentação e permanecer na primeira liga. Sabem que basta apenas um determinado número de pontos para permanecerem nela. Se isso implicar entregar um jogo a um clube grande para poder obter jogadores emprestados e dessa forma constituir uma equipa razoavelmente competitiva para subsistirem na primeira liga, não hesitam, pois antes um pássaro na mão do que dois a voar. Eis uma forma de corrupção no futebol português.
Aos clubes grandes, porém, não lhes basta aquilo. Sabem que não é com dois ou três clubes a entregar-lhes os pontos que atingem os seus objectivos. Necessitam de jogar ainda no mesmo tabuleiro mas mudar algumas peças do jogo. Não lhes convém jogar sempre da mesma forma, sob pena de serem descobertos. Para isso, emprestam jogadores na promessa de lhes dar lugar mais tarde na equipa principal se eles fizerem um favorzinho no jogo contra o clube-patrão. Emprestam guarda-redes que na melhor oportunidade dão um frango. Um central que faz um penalti. Um jogador que vê um vermelho nos primeiros minutos de jogo. E os jogadores não têm nada a perder, mesmo só a ganhar. Eis mais uma forma de corrupção no futebol português.
Com estas duas formas, estão garantidos já alguns pontos. Mas como ambição não tem limites e a corrupção não tem coração, estas duas formas não bastam. É necessário precaver-se e tomar novas medidas. Se se já joga com os empréstimos sob as duas formas, empréstimos a clubes que entregam os pontos como moeda de troca, e empréstimos de jogadores comprometidos com o clube-patrão, é necessário agora ter treinadores que foram ex seus jogadores a treinar as equipas. A estes não é preciso muito para fazerem um favorzinho. Eles próprios sabem que o jogo é assim jogado. Por outras palavras, fazer um favor aqui e acolá, a pedido ou não, é meio caminho para mais tarde integrar a equipa técnica do clube grande. Eis mais uma outra forma de corrupção do futebol português.
É sob estas três formas de corrupção que o futebol português se joga. Quem ousar investigar ano a ano, jogo a jogo, minuto a minuto, encontrará certamente muitos factos para as comprovar.
PS: uma outra forma, não de corrupção, mas de quem pretende ganhar a todo o custo, é o aliciamento a jogadores de clubes rivais, ora tentando persuadi-los a assinar contrato com o clube, ora comprando-os mesmo de forma a enfraquecer o rival. Exemplos do primeiro temos os caso de Moutinho e Adrien, sendo que o primeiro foi mesmo para um clube grande, e o segundo só agora assina pelo Sporting, depois de ver confirmada a não saída de Moutinho do Porto. Exemplos do segundo é o caso da compra do Lima ao Sporting de Braga.
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