National Geographic Foto of the Day

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Uma cor como sinal

O rosa, nesta ave, não é uma coincidência e a intensidade com que brilha é uma informação fundamental para os seus pares.

Este colhereiro-americano (Platalea ajaja) deve o seu nome à forma característica do bico, que move de um lado para o outro na lama para filtrar grande parte do alimento que ingere. Tal como acontece com os flamingos, a cor rosa destas aves deve-se à presença de pigmentos orgânicos chamados carotenóides, que extraem das micro-algas e crustáceos de que se alimentam.

Uma vez ingeridos, são metabolizados e depositados nas penas, pele e bico. A intensidade da cor é um indicador do estado nutricional e de saúde. Influencia, inclusive, na selecção sexual.

 

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O primeiro computador analógico da história?

Num destroço do século I a.C. junto de uma ilha grega, foi descoberto um mecanismo de bronze que intriga matemáticos, engenheiros e astrónomos.


Em 1901, apanhadores de esponjas detectaram um destroço junto da ilha de Anticítera, no Sul da Grécia. Nos doze meses seguintes, trouxeram à superfície estátuas, moedas, jóias e um amontoado de bronze e madeira corroído por dois mil anos de permanência no fundo do mar.

Nos vinte anos seguintes, a amálgama esteve em depósito no Museu Arqueológico de Atenas sem que ninguém lhe prestasse muita atenção, mas tudo isso mudou quando engenheiros modernos começaram a analisar o engenho. O complexo mecanismo de Anticítera tinha capacidade para calcular com rigor a posição do Sol, da Lua e dos cinco planetas conhecidos na Antiguidade. Conseguia determinar as fases da Lua e até prever o alinhamento astronómico nas datas dos Jogos Olímpicos, bem como eclipses lunares e solares.

Em 2005, a peça foi sujeita a um minucioso exame de tomografia axial, que revelou minúsculas inserções de caracteres gregos e egípcios, bem como pormenores da engrenagem. Uma equipa da Universidade Aristóteles de Salónica construiu uma réplica transparente maior do que o original, de forma a analisar como funcionaria o interior do mecanismo, mas foi a experiência dos engenheiros Tony Freeth e colegas que, em 2021, revelou o principal segredo: o mecanismo reproduzia o cosmo tal como os antigos gregos o entendiam.

 

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Camaleónica

Enrolada no galho de uma árvore, uma pitão-verde-arborícola (Morelia viridis) aguarda a chegada de uma possível presa.

A cor verde característica que estes ofídios adquirem na idade adulta ajuda-os a passar despercebidos no dossel da floresta. Quando são jovens, apresentam uma cor amarelada ou avermelhada, o que lhes permite camuflar-se nos recantos da floresta em busca de presas pequenas.

Caçadoras experientes, podem passar horas numa árvore até detectarem o calor corporal de um mamífero com os seus órgãos termossensíveis nos lábios. Mesmo na escuridão. O seu lado “mais maternal” desenvolve-se durante a incubação, quando enrolam o corpo em torno dos ovos para regular a temperatura da postura, contraindo ou relaxando os músculos.

 

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Mestres das acrobacias

As libélulas-flecha-vermelha têm uma habilidade que qualquer outro insecto invejaria.

Uma libélula-vermelha (Sympetrum sanguineum) parece observar o horizonte do alto de um caule seco. Estes insecto odonato tem uma particularidade: os seus dois pares de asas podem bater juntos ou separadamente, o que lhes confere uma habilidade extraordinária para manobrar no ar. É capaz de fazer curvas bruscas e até voar para trás.

 

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Quando o penteado é definido pela tradição

Um jovem himba olha para o horizonte durante um pôr do Sol perto de Opuwo, no norte da Namíbia.

Os membros desta tribo semi-nómada mantêm um estilo de vida tradicional e isso reflecte-se no cabelo. Os homens usam cristas penteadas para trás, enquanto as mulheres se enfeitam com complexas tranças embebidas emotjize, uma pasta espessa feita com manteiga e ocre-vermelho.


Antigamente, homens e mulheres himba usavam roupas tradicionais, especialmente adaptadas ao clima quente e semi-árido da região. Hoje, apenas as mulheres vestem roupas atávicas, como saias e sandálias feitas de pele.

Quando atingem a idade de casar, elas fazem mais tranças, às quais acrescentam extensões feitas de lã. Dispostas para a frente, estas servem para esconder o rosto dos homens enquanto são solteiras, e são colocadas novamente para trás após o casamento.

Esta não é a única mudança de aparência relacionada com as transições do ciclo de vida e o estatuto social desta tribo. Quando têm filhos, elas elaboram complexos adornos chamados erembe, esculpidos em pele de ovelha, formados por múltiplas madeixas de cabelo trançado tingido, às quais dão forma com pasta de otjize.

 

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Palácio dos Ventos

Em 1799, o marajá Sawai Pratap Sinhg mandou ampliar o palácio de Jaipur, na Índia, para que as mulheres da corte, que eram proibidas de aparecer em público, pudessem observar a vida quotidiana nas ruas da cidade.

Assim nasceu o Hawa Mahal, ou "palácio dos ventos", um edifício de arenito vermelho e rosa com 953 pequenas janelas que permitiam ver o exterior e, além disso, favoreciam a circulação do ar.

Inspirado na coroa do deus Krishna, o design deste palácio acabou por se tornar um símbolo arquitectónico único em todo o Rajastão. As treliças delicadamente esculpidas não só ofereciam privacidade aos seus moradores, mas também mantinham a temperatura baixa durante os meses mais quentes. Formado por cinco andares que se assemelham a uma colmeia, o Hawa Hamal continua a ser um dos monumentos mais visitados da Índia, uma mistura de estética e funcionalidade que se encaixa perfeitamente nas rígidas normas sociais da época.

 

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Vestígios de um lugar antigo

Para o fotógrafo, um dos principais encantos deste local é o facto de os visitantes poderem ver o céu como os primeiros australianos.

"Esta paisagem semelhante a Marte é a margem do ancestral Lago Mungo, onde se encontram os restos humanos mais antigos fora de África e um local importante para toda a humanidade. Com estas palavras, John Rutter descreveu a sua fotografia, que foi seleccionada no concurso "Milky Way Photographer of the Year 2024", organizado pelo blogue Capture the Atlas.

O Parque Nacional de Mungo está localizado na Austrália e a sua poluição luminosa é tão baixa que foi classificado pela Classificação de Bortle com um nível 1 (céu escuro), o nível mais baixo dos nove existentes. Por isso, o fotógrafo salienta que um dos maiores encantos deste local é o facto de os visitantes poderem contemplar "o mesmo céu que os primeiros australianos viram".

A imagem foi originalmente intitulada Mungo dreamtime pelo seu autor.

 

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Um superalimento poderoso

Não é uma paisagem, nem madeira. É preciso prestar atenção à imagem para identificar o que é.

Sim, é um alho. Fonte de vitaminas e rico em iodo, potássio e fósforo, são-lhe atribuídas inúmeras propriedades benéficas para a saúde.

Originário da Ásia Central, é conhecido por ser anti-inflamatório, anti-séptico, bactericida, anti-fúngico e anti-viral, além de exercer benefícios sobre a saúde cardiovascular. Cientistas da Universidade de Córdova estão agora a investigar os efeitos que o alho preto fermentado poderia ter como tratamento do cancro da próstata.

 

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Um banho perigoso?

Este grupo de elefantes tem uma relação afectuosa com os seus donos, que várias vezes por semana os levam a tomar banho a um rio.

A lama e a sujidade desaparecem nas águas turvas do rio Korotoya, no distrito de Panchagarh, no norte do Bangladesh. Mas o que é um momento de limpeza e descanso também é um risco: em 2025, as autoridades locais detectaram componentes de poluição por águas residuais e descargas industriais que podem ser uma ameaça para animais e seres humanos.

 

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Paraíso litoral

O deserto do Namibe tem este nome porque é "enorme", tradução literal da língua nama.

Com os seus 81.000 km², a aridez extrema domina o ecossistema do Parque Nacional, que tem como curiosidade extraordinária uma extensa faixa costeira banhada pelo Atlântico.

ACosta dos Esqueletos, no norte, tem este nome porque as suas praias estão salpicadas de naufrágios e era onde antigamente se acumulavam os esqueletos das baleias. A região faz parte de um vasto ecossistema protegido que abrange toda a costa da Namíbia.

 

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Porta do Inferno

Esta imagem poderia muito bem ser uma extraordinária obra abstrata, mas não é.

A imagem de satélite foi capturada pelo Copernicus Sentinel-2 e processada utilizando canais de infravermelho próximo da câmara para uma imagem aérea dacratera Batagika, na Sibéria.

Dizem que os que vivem lá ouvem ruídos e temem que seja um espaço que os leve ao submundo. Por isso, chamam-lhe a Porta do Inferno. Mas os cientistas sabem que se trata de uma cratera em crescimento por razões geológicas e um solo de permafrost com sedimentos com ferro.

 

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Um chamamento particular

Numa remota ilha do arquipélago das Malvinas, uma mãe pinguim parece estar a dar aulas de canto ao seu filhote.

A cena reflecte uma das características mais marcantes dos pinguins-gentoo: a sua complexa forma de comunicação. Cada indivíduo tem um chamado único, com um tom e ritmo que funcionam como uma assinatura sonora. No meio de uma colónia com milhares de aves a gritar ao mesmo tempo, essa melodia pessoal permite que pais e filhotes se reconheçam sem erros.

Num ambiente tão ruidoso, saber responder à voz certa pode significar a diferença entre sobreviver ou se perder: na época de reprodução, as colónias são um verdadeiro caos. Os filhotes aprendem rapidamente a imitar esses sinais e a usá-los tanto para pedir comida quanto para alertar sobre um intruso. Nas Malvinas, encontra-se mais de um terço da população mundial de pinguins-gentoo, e a Ilha dos Leões Marinhos pode ultrapassar os 20.000 exemplares durante a época de reprodução, entre adultos e filhotes.

 

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De Braga para o mundo​

Em Março passado, uma imagem captada por uma fotógrafa amadora portuguesa foi distinguida na categoria "Alpha Female" dos Prémios Mundiais de Fotografia Sony. Hoje, recordamos a história por trás desta "Festa de São Martinho".​

No Dia Internacional da Mulher de 2025, Ângela Magalhães teve uma surpresa, e das grandes. Na altura do reconhecimento global, a médica aposentada disse à agência Lusa que recebeu a notícia "com muita alegria, como é óbvio, até porque estava longe de pensar que tal iria suceder".

Na casa dos 70 anos, Ângela ainda se considera uma amadora. Embora a fotografia seja uma paixão de longa data, esteve adormecida durante décadas. Até ao dia em que se reformou.

Foi há uma década que pegou numa câmara a sério e, desde então, nunca mais a largou. Porém, leva o seu entusiasmo com uma certa leveza: "Fotografo quando me apetece, quando há um evento que me dá prazer registar, quando me reúno com amigos com o mesmo gosto pela fotografia e saímos para nos deleitarmos com a prática do nosso interesse comum", disse à Lusa em Março passado.

Mas foquemo-nos na fotografia premiada: foi em Braga que, num dia de São Martinho, a magia aconteceu. O encontro com o grupo Rusga de São Vicente – Grupo Etnográfico do Baixo Minho, durante um magusto público, permitiu a Ângela explorar o seu interesse por "captar emoções e expressões visuais". Afinal, a fotografia também tem que ver, para si, com a "conexão com outros seres humanos".

Durante a recriação do que costumava acontecer nos terreiros das aldeias minhotas, a fotógrafa portuense conseguiu fixar para a posteridade duas mulheres a saltar uma fogueira, onde as castanhas estavam a ser assadas. O júri apreciou o gesto e escolheu a sua fotografia entre milhares a concurso.

Efeito ou não deste prémio, no início deste mês, num dos célebres painéis electrónicos da Times Square, em Nova Iorque, foi projectada uma imagem de dois elementos do mesmo grupo etnográfico a saltar uma fogueira, desta feita da autoria do fotógrafo bracarense Carlos Teixeira.

 

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Gruta das Torres, o maior tubo de lava de Portugal

Fica na freguesia da Criação Velha, no concelho da Madalena (ilha do Pico), e é uma formação geológica de origem vulcânica.

A chuva, quando cai, não costuma durar muito. Mas, se a ela se demorar, o viajante tem sempre à sua disposição a Gruta das Torres. O maior tubo lávico do país mede cinco quilómetros de comprimento total e é o resultado de uma actividade vulcânica que ocorreu há não mais de quinze séculos. A descida da longa escadaria que conduz à gruta é quase cerimonial. É possível que na mente do viajante ecoem as palavras de Ti Amaro, o baleeiro que Vitorino Nemésio usa como comentador no seu romance "Mau Tempo no Canal", lembrando que "este solo das nossas ilhas, graças a Deus, está todo partido!"