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Venâncio Mondlane diz que criação do seu partido moçambicano não é obsessão

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Ex-candidato presidencial moçambicano disse o Ministério da Justiça pediu a correção de irregularidades na formalização do partido Anamalala.

O ex-candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane disse esta quinta-feira que o Ministério da Justiça pediu a correção de irregularidades na formalização do partido Anamalala, que está a criar, mas garantiu não ser uma obsessão sua que seja constituído.

"O Ministério da Justiça nos notificou, para fazermos alterações, irregularidades, não sei quê. Tudo bem, vamos fazer. Mas vou-vos dizer uma coisa. Também não estamos totalmente obcecados por causa do partido, se for aprovado o partido, perfeitamente, muito bom, íamos gostar", disse numa intervenção na sua conta social Facebook, a partir da Noruega, onde está a participar no Oslo Freedom Forum (OFF).

"Mas não vamos condicionar o nosso exercício político pela existência ou não existência do partido. Não.", disse ainda.

O Ministério da Justiça tem 60 dias para responder ao requerimento de constituição do partido, prazo que se esgota no início de junho.

"Vamos fazer política, porque parece que o nosso país está à deriva. Todo o mundo à procura de um tacho, de posições, de cargos", criticou, na mesma intervenção, a primeira que fez em direto em várias semanas, depois do entendimento com o Presidente da República, Daniel Chapo, para a pacificação nacional, na sequência da agitação social que se seguiu às eleições gerais de 09 de outubro, em que não reconheceu os resultados anunciados.

Na terça-feira, ao intervir no OFF, Venâncio Mondlane pediu apoio internacional para o partido Anamalala: "Vamos precisar da vossa ajuda para este partido porque, até agora, é a única voz em Moçambique que ainda resiste face a um regime opressor que já abocanhou tudo".

Mondlane, que liderou a maior contestação aos resultados eleitorais em Moçambique desde as primeiras eleições multipartidárias (1994), avançou com a constituição do partido Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (Anamalala) em 03 de abril deste ano, conforme requerimento entregue no Ministério da Justiça, em Maputo.

Anamalala é uma expressão da língua local macua, da província de Nampula, no norte de Moçambique, com o significado de "vai acabar" ou "acabou", usada por Venâncio Mondlane durante a sua campanha eleitoral e que se popularizou durante os protestos por si convocados.

"Anamalala, no meu país, é uma palavra de esperança", disse Mondlane.

Na sua apresentação em Oslo, onde ainda se encontra, o ex-candidato presidencial lembrou que já foi membro da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), mas dissociou-se após perceber que o partido no poder em Moçambique desde a independência (1975) se transformou numa "organização criminosa".

"O meu pai foi presidente de uma das principais seguradoras do país. Eu via a Frelimo como uma coisa pura e imaculada (...) Mas fui vendo que este partido destruiu o meu país e tornou-se numa verdadeira organização criminosa. Desiludi-me", declarou Mondlane.

O político voltou a acusar as autoridades moçambicanas de recorrerem a brutalidade para travar os protestos pós-eleitorais, destacando a morte, durante as manifestações, de quase 400 pessoas, incluindo o seu advogado, Elvino Dias, assinado por desconhecidos em 19 de outubro do ano passado.

"O nosso país está de luto", acrescentou.

Segundo organizações não-governamentais que acompanham o processo eleitoral, cerca de 400 pessoas perderam a vida em resultado de confrontos com a polícia, na contestação aos resultados, que cessaram após o encontro entre Venâncio Mondlane e Daniel Chapo, em 23 de março.

O Oslo Freedom Fórum é organizado pela Fundação dos Direitos Humanos (HRF, na sigla inglesa).

Fundado em 2009, o OFF é realizado anualmente, com o objetivo reunir figuras, incluindo ex-chefes de Estado, vencedores do Prémio Nobel da Paz, prisioneiros políticos e outras personalidades para debater ideias sobre direitos humanos e expor ditaduras.

Correio da Manhã
 
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