Portal Chamar Táxi

Preço do petróleo voltará a subir e pode chegar aos 200 dólares

xicca

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Abr 10, 2008
Mensagens
3,080
Gostos Recebidos
1

Preços baixos desincentivam investimentos das empresas e haverá menor oferta no futuro. Galp assegura projectos em curso


Com a descida do preço do petróleo desde o Verão, há vozes que alertam para novas subidas, no futuro. Motivo: os preços estão demasiado baixos. Confuso? Especialistas do sector energético explicaram, ao JN, as previsões.

"Não é bom ter preços muito altos, mas também não é desejável que estejam demasiado baixos". António Costa Silva, professor do Instituto Superior Técnico e administrador da Partex, alerta para os riscos da queda de mais de 60% dos preços do petróleo, do Verão para cá: os preços mais baixos desincentivam o investimento em novos campos petrolíferos e a capacidade de oferta futura diminui.

Com algumas das principais economias mundiais em retracção este ano e no próximo, é de prever que a procura e o preço do petróleo se mantenham em níveis baixos pelo menos até 2010. Os preços em queda, apesar de beneficiarem os consumidores, tiram retorno financeiro às petrolíferas e atractividade aos investimentos na descoberta e exploração de novos poços petrolíferos em curso. Segundo Costa Silva, há projectos de exploração de poços de petróleo e de gás que estão a ser abandonados, devido à queda da cotação do petróleo.

Se estes adiamentos se generalizarem, haverá "grandes dificuldades de oferta" quando as economias começarem a recuperar, até porque "a China e a Índia não vão parar de crescer", antecipa: "O grande subinvestimento que está a ser gerado levará a condicionamentos da oferta no futuro, a mais dependência do Ocidente face à OPEP. Corremos o risco de voltar a uma situação muito grave dentro de dois ou três anos, com os preços a disparar de forma incontrolável ".

Há quem aponte para 150 dólares, há quem arrisque 200 dólares, o número certo saber-se-á mais tarde. O presidente da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva, é taxativo: "Não podemos ter a ilusão de que haverá um abrandamento da procura e do preço do petróleo semelhante ao que ocorreu depois dos anteriores choques petrolíferos. Hoje, há três mil milhões de consumidores em economias emergentes que estão ávidos de ter carro. Só isso é suficiente para que a perspectiva de procura seja de aumento".

O gestor destaca uma das conclusões do relatório da Agência Internacional de Energia divulgado na semana passada: o declínio mais acelerado do que se antecipava da produção dos campos petrolíferos aumenta a necessidade de investimento sustentado em tecnologias que contrariem a diminuição da oferta. "Têm de se encontrar novos campos, não para aumentar o 'output', mas para compensar a perda que já está a haver", considera.

Renováveis

O presidente da Endesa recorda que a Shell já anunciou desinvestimentos em explorações no Canadá e entende que o risco de mais petrolíferas seguirem o mesmo caminho é maior que o abandono de projectos de energias renováveis, igualmente importantes para contrariar a inflação futura do crude. "Nas renováveis, há um efeito de inércia. Nos grandes mercados, já existem quadros legais e dinâmicas que não se perdem de um dia para o outro". No caso da indústria petrolífera, o problema é maior, segundo Ribeiro da Silva: "Se as empresas enfrentam grande volatilidade dos preços e têm de entrar em investimentos com maiores riscos e maiores custos, põem travão. As empresas petrolíferas são muito sensíveis e vulneráveis a estas questões".

Por cá, a Galp Energia garante que os investimentos em curso se mantêm. A empresa tem em curso vários projectos em novos poços petrolíferos (ver infografia), mas o presidente da companhia nacional, Ferreira de Oliveira, já garantiu que a exploração de petróleo em águas ultra-profundas, como é o caso do Brasil, a maior aposta da empresa, é rentável com os preços do petróleo dentro de um intervalo entre os 40 e os 80 dólares o barril. Nas últimas semanas, o preço do barril de petróleo tem oscilado em torno dos 55 dólares, nos mercados internacionais.




JN
 
Topo