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Poluição suaviza aquecimento e protege Amazônia

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Poluição suaviza aquecimento e protege Amazônia, segundo artigo da 'Nature'


RIO - Uma nova descoberta sobre a complexa equação do clima desconcertou o senso comum: ar mais limpo interfere negativamente na Amazônia. É o que afirma um artigo a ser publicado amanhã na revista Nature assinado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e de instituto de pesquisa internacionais.

O estudo mostra a conexão entre a redução de emissões de sulfatos (partículas de enxofre) da queima do carvão e o aumento das temperaturas do mar no norte do Atlântico tropical, o que aumenta o risco de seca na floresta equatorial. E não pára por aí: Afirma que que a partir de 2060, secas como a que assolou a Amazônia em 2005, podem se tornar quase anuais.

Mas os pesquisadores responsáveis pelo estudo não defendem a poluição, como falou ao GLOBO ONLINE, Carlos Nobre, climatologista do Inpe e um dos autores da pesquisa.

- Essas descobertas são outra lembrança da natureza complexa das mudanças no ambiente. Para melhorar a qualidade do ar e resguardar a saúde pública temos de continuar a reduzir a emissão de partículas poluidoras, mas nosso estudo mostra que isso precisa vir acompanhado de redução de emissão de dióxido de carbono (CO2) - comentou um dos autores do artigo, Peter Cox, da Universidade de Exeter.

Segundo a pesquisa, partículas de enxofre liberadas pela queima de carvão em usinas termelétricas dos anos 1970 e 1980 diminuíram parcialmente o aquecimento ao refletir o luz do sol. Na época, a poluição era predominante no Hemisfério Norte. E "protegeu" o norte do Atlântico tropical porque limitou o aquecimento e fez com que a Amazônia permanecesse mais úmida do que estaria no outro quadro, sem a poluição.

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O aquecimento global, o desmatamento e o aumento das queimadas agem em sinergia para diminuir a capacidade de a floresta amazônica se recuperar
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O pesquisador do Inpe chama atenção para que não se confunda poluição por aerossóis (partículas soltas na atmosfera) com a poluição por gases-estufa.

- Estamos falando de sulfatos, são partículas sólidas, que praticamente não produzem efeito-estufa. Elas têm ação oposta, do resfriamento, como mostramos na simulação. O problema são os gases, como o dióxido de carbono (CO2), que contribuem para o efeito-estufa - disse Nobre.

Chris Huntingford, do Centro de Ecologia e Hidrologia, explica que o risco de seca aumenta porque a mudança nesse aquecimento no Atlântico, causada pela diminuição de emissões de enxofre na América do Norte e Europa, leva as chuvas que caem sobre o oceano mais para o norte.

- O aquecimento global, o desmatamento e o aumento das queimadas agem em sinergia para diminuir a capacidade de a floresta amazônica se recuperar - pontua Nobre.

A pesquisa foi feita por cientistas do Inpe, do Centro de Ecologia e Hidrologia da Universidade de Exeter e do Centro Hadley de Meteorologia, que usaram um modelo de clima e carbono do Centro Hadley para simular os impactos das mudanças do século 21 na floresta amazônica. Para essa simulação, utilizou-se informações da seca de 2005. Segundo o modelo, perto de 2025 outra seca nas mesmas proporções pode acontecer, e a partir de 2060 o fenômeno possivelmente ocorrerá em nove a cada dez anos.

A floresta amazônica guarda cerca de 10% de todo o carbono armazenado em terra do mundo. E mantém a umidade no ar, algo que não acontece, por exemplo em áreas desmatadas e no pasto, onde a água acaba correndo para rios e se afastando da região. De modo que qualquer grande mudança em sua vegetação, trazida por desmatamento ou secas, tem forte impacto no sistema climático da Terra.

- A floresta está sob muitas pressões - afirma o dr. Matthew Collins, do Centro Hadley e também autores do estudo. - Desmatamento é a ameaça imediata mais óbvia, mas as mudanças no clima também são uma grande questão. Temos de lidar com os dois assuntos se quisermos salvaguardar a floresta.


Publicada em 07/05/2008 às 14h51m
Catharina Epprecht - O Globo Online, com agências internacionais


Nota: Sem tradução
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