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GF Platina
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A maioria dos estudantes em Portugal, não sabe qual o motivo por que estuda, e não o sabendo, surge na vida laboral, sem uma noção clara da própria vida e do que se pode esperar de cada um. Ou seja, elevado número de Portugueses começa a sua vida profissional mal colocado, sem opiniões precisas e sem a noção dos seus limites.
Os alunos do ensino secundário não sabem nem percebem - também ninguém lhes explica - que o andar na escola tem por finalidade aprender matérias, dominar técnicas adquirir capacidades. O ensino secundário é basilar para o conhecimento pois é nesta fase da vida que se abandona a ignorância e se passa ao nível intermédio da cognição.
Antes, no ensino básico, adquirem-se os instrumentos primários que possibilitam descodificar o conhecimento e a aprendizagem: saber ler, escrever e contar. É o mínimo para se estar integrado na sociedade com amplas restrições, mas, mesmo assim, poder participar na vida conjunta com direito a formular opiniões, se calhar, pouco seguras e mal fundamentadas.
Nos últimos anos do ensino secundário, abrem-se as portas aos primeiros passos do desenvolvimento interpretativo do conhecimento, seja através de matérias como a Filosofia, seja pela especulação matemática. Exige-se que o aluno se torne capaz de deduzir por si próprio alguns conjuntos de saberes ou, no mínimo, dominar técnicas que lhe moldem o raciocínio, preparando-o para a entrada no ensino superior.
Neste último nível, duas opções se podem verificar: a politécnica e a universitária. No primeiro caso, o aluno deve ser encaminhado de modo a saber fazer com fundamento científico. Ou seja, ele faz porque sabe que há uma explicação científica para o que executa, e até pode enunciar esses fundamentos.
No segundo caso - na Universidade - o aluno vai aprender a resolver problemas complexos na área do conhecimento que escolheu. Quer dizer, mais do que saber fazer, ele deve saber interrogar-se sobre os conhecimentos que lhe são sugeridos como fundamentais na área de trabalho para a qual vai estar preparado após a conclusão do curso.
A Universidade, em última análise e levando ao extremo as minhas palavras, não é só um local de aprendizagem de técnicas de elaboração mental - diria mesmo que não é um local de aprendizagem de conhecimentos -, mas é um local de interrogação sobre conhecimentos e técnicas de solução de abstracções mentais. Na Universidade o aluno deve aprender a interrogar o conhecimento que lhe é sugerido. Já não é um agente passivo! Tem de ser, acima de tudo, um agente activo que se não contenta com o conhecimento ensinado, mas busca novas formas de raciocínio para encontrar novas respostas para as suas dúvidas. Dúvidas sugeridas por um tipo de ensino que não pode ser definitivo; tem de ser um ensino que, levantando incertezas, fornece instrumentos de análise e de investigação para o discente reflectir e descobrir por si mesmo.
Será que em Portugal, o ensino em geral e o universitário em particular, obedece a estes parâmetros?
Estarão os professores preparados para a função que exercem nas diferentes etapas da pirâmide cognitiva nacional?
Muito do descalabro sócio profissional que nos rodeia não será fruto da ausência de uma boa prática lectiva?
Não se pode simplesmente desejar satisfazer estatísticas; é necessário que, acima de tudo, para além dos números, nos preocupemos com a qualidade. E se na 1.ª República, a instrução primária foi a inquietação dos governantes, e no pós-Estado Novo, se deu a prioridade ao ensino, é tempo, agora, de começar a olhar para as propriedades pedagógicas da nossa Escola. O futuro está já ao virar da primeira esquina e não se compadece com desculpas esfarrapadas, para além de que, ensinar bem, não fica mais caro do que ensinar mal.
Luís Alves de Fraga
Os alunos do ensino secundário não sabem nem percebem - também ninguém lhes explica - que o andar na escola tem por finalidade aprender matérias, dominar técnicas adquirir capacidades. O ensino secundário é basilar para o conhecimento pois é nesta fase da vida que se abandona a ignorância e se passa ao nível intermédio da cognição.
Antes, no ensino básico, adquirem-se os instrumentos primários que possibilitam descodificar o conhecimento e a aprendizagem: saber ler, escrever e contar. É o mínimo para se estar integrado na sociedade com amplas restrições, mas, mesmo assim, poder participar na vida conjunta com direito a formular opiniões, se calhar, pouco seguras e mal fundamentadas.
Nos últimos anos do ensino secundário, abrem-se as portas aos primeiros passos do desenvolvimento interpretativo do conhecimento, seja através de matérias como a Filosofia, seja pela especulação matemática. Exige-se que o aluno se torne capaz de deduzir por si próprio alguns conjuntos de saberes ou, no mínimo, dominar técnicas que lhe moldem o raciocínio, preparando-o para a entrada no ensino superior.
Neste último nível, duas opções se podem verificar: a politécnica e a universitária. No primeiro caso, o aluno deve ser encaminhado de modo a saber fazer com fundamento científico. Ou seja, ele faz porque sabe que há uma explicação científica para o que executa, e até pode enunciar esses fundamentos.
No segundo caso - na Universidade - o aluno vai aprender a resolver problemas complexos na área do conhecimento que escolheu. Quer dizer, mais do que saber fazer, ele deve saber interrogar-se sobre os conhecimentos que lhe são sugeridos como fundamentais na área de trabalho para a qual vai estar preparado após a conclusão do curso.
A Universidade, em última análise e levando ao extremo as minhas palavras, não é só um local de aprendizagem de técnicas de elaboração mental - diria mesmo que não é um local de aprendizagem de conhecimentos -, mas é um local de interrogação sobre conhecimentos e técnicas de solução de abstracções mentais. Na Universidade o aluno deve aprender a interrogar o conhecimento que lhe é sugerido. Já não é um agente passivo! Tem de ser, acima de tudo, um agente activo que se não contenta com o conhecimento ensinado, mas busca novas formas de raciocínio para encontrar novas respostas para as suas dúvidas. Dúvidas sugeridas por um tipo de ensino que não pode ser definitivo; tem de ser um ensino que, levantando incertezas, fornece instrumentos de análise e de investigação para o discente reflectir e descobrir por si mesmo.
Será que em Portugal, o ensino em geral e o universitário em particular, obedece a estes parâmetros?
Estarão os professores preparados para a função que exercem nas diferentes etapas da pirâmide cognitiva nacional?
Muito do descalabro sócio profissional que nos rodeia não será fruto da ausência de uma boa prática lectiva?
Não se pode simplesmente desejar satisfazer estatísticas; é necessário que, acima de tudo, para além dos números, nos preocupemos com a qualidade. E se na 1.ª República, a instrução primária foi a inquietação dos governantes, e no pós-Estado Novo, se deu a prioridade ao ensino, é tempo, agora, de começar a olhar para as propriedades pedagógicas da nossa Escola. O futuro está já ao virar da primeira esquina e não se compadece com desculpas esfarrapadas, para além de que, ensinar bem, não fica mais caro do que ensinar mal.
Luís Alves de Fraga