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Cada vez se fala mais na "corrida ao armamento nuclear". Depois de um esforço global de não proliferação deste tipo de armas, parece que agora é o argumento de maior peso para ameaçar, atacar, invadir e manter longe os "inimigos". Isto relembra-nos o caso ocorrido em 1977, um professor pediu um projeto aos seus alunos, um dos trabalhos foi construir uma bomba atómica em casa. O aluno teve nota máxima e a visita do FBI.
A tecnologia versa nos mais variados meios, até no fabrico de uma bomba atómica caseira. Estávamos nos anos 70 e um aluno, fraco, por sinal, conseguiu abalar a segurança nuclear mundial. E hoje, com a IA, não será mais fácil?
Em 1976, John Aristotle Phillips, então estudante de 21 anos na Universidade de Princeton, alcançou notoriedade ao elaborar, como trabalho académico, um projeto detalhado de uma bomba atómica funcional, utilizando exclusivamente informações disponíveis ao público.
Este feito não só lhe valeu o apelido de “A-Bomb Kid”, como também suscitou preocupações significativas sobre a acessibilidade de dados sensíveis relacionados com armamento nuclear.
Durante semanas, Phillips trabalhou incansavelmente entre a biblioteca de Princeton e o seu quarto, recolhendo informações de documentos desclassificados do Serviço Nacional de Informação Técnica, manuais de física, comunicados governamentais e consultas com a empresa Du Pont sobre princípios de implosão.
Phillips, descrito por colegas como um estudante “medíocre” , inscreveu-se num seminário sobre desarmamento e controlo de armas, lecionado pelo físico Freeman Dyson.
Determinou demonstrar a facilidade com que uma entidade não estatal poderia conceber uma arma nuclear, recorrendo apenas a fontes não classificadas.
Utilizando materiais da biblioteca universitária e documentos públicos, incluindo publicações do Gabinete de Impressão do Governo dos EUA, desenvolveu um esquema para uma bomba nuclear do tamanho aproximado de uma bola de praia, com um peso estimado de 56,7 kg.
O projeto de Phillips destacou-se pela sua sofisticação, sendo considerado mais avançado do que a bomba lançada sobre Hiroshima.
O físico nuclear Frank Chilton afirmou que o design de Phillips tinha uma elevada probabilidade de funcionar. Embora a obtenção de materiais fissionáveis, como urânio ou plutónio enriquecido, fosse um obstáculo significativo, o trabalho de Phillips evidenciou lacunas na segurança da informação nuclear.
Não se pode fazer uma bomba nuclear sem material “físsil” (material instável que “fissiona” facilmente). Um material que nas bombas normais é normalmente o plutónio-239 ou o urânio-235, o que, por si só, é um grande problema.
A divulgação do projeto atraiu atenção mediática e governamental. O FBI e a CIA intervieram, confiscando tanto o trabalho escrito como a maquete construída por Phillips no seu quarto.
Além disso, Phillips recebeu contactos de representantes de governos estrangeiros, incluindo o Paquistão, interessados no seu design.
Este episódio serviu como um alerta sobre a necessidade de controlar a disseminação de informações sensíveis e reforçar as medidas de não proliferação nuclear.
Após o incidente, Phillips tornou-se um ativista contra a proliferação nuclear e candidatou-se, sem sucesso, ao Congresso dos EUA em 1980 e 1982.
Mais tarde, fundou a empresa Aristotle, Inc., especializada em tecnologia política e análise de dados, desempenhando um papel significativo na aplicação de tecnologia em campanhas políticas.
O caso de John Aristotle Phillips sublinha a importância de equilibrar a liberdade académica com a segurança nacional. Destaca, ainda, os desafios contínuos na prevenção da disseminação de conhecimentos que possam comprometer a paz e a segurança globais.
pp

Faça você mesmo: uma bomba atómica!
A tecnologia versa nos mais variados meios, até no fabrico de uma bomba atómica caseira. Estávamos nos anos 70 e um aluno, fraco, por sinal, conseguiu abalar a segurança nuclear mundial. E hoje, com a IA, não será mais fácil?
Em 1976, John Aristotle Phillips, então estudante de 21 anos na Universidade de Princeton, alcançou notoriedade ao elaborar, como trabalho académico, um projeto detalhado de uma bomba atómica funcional, utilizando exclusivamente informações disponíveis ao público.
Este feito não só lhe valeu o apelido de “A-Bomb Kid”, como também suscitou preocupações significativas sobre a acessibilidade de dados sensíveis relacionados com armamento nuclear.

Durante semanas, Phillips trabalhou incansavelmente entre a biblioteca de Princeton e o seu quarto, recolhendo informações de documentos desclassificados do Serviço Nacional de Informação Técnica, manuais de física, comunicados governamentais e consultas com a empresa Du Pont sobre princípios de implosão.
O projeto académico e as suas implicações
Phillips, descrito por colegas como um estudante “medíocre” , inscreveu-se num seminário sobre desarmamento e controlo de armas, lecionado pelo físico Freeman Dyson.
Determinou demonstrar a facilidade com que uma entidade não estatal poderia conceber uma arma nuclear, recorrendo apenas a fontes não classificadas.
Utilizando materiais da biblioteca universitária e documentos públicos, incluindo publicações do Gabinete de Impressão do Governo dos EUA, desenvolveu um esquema para uma bomba nuclear do tamanho aproximado de uma bola de praia, com um peso estimado de 56,7 kg.
O projeto de Phillips destacou-se pela sua sofisticação, sendo considerado mais avançado do que a bomba lançada sobre Hiroshima.
O físico nuclear Frank Chilton afirmou que o design de Phillips tinha uma elevada probabilidade de funcionar. Embora a obtenção de materiais fissionáveis, como urânio ou plutónio enriquecido, fosse um obstáculo significativo, o trabalho de Phillips evidenciou lacunas na segurança da informação nuclear.

Não se pode fazer uma bomba nuclear sem material “físsil” (material instável que “fissiona” facilmente). Um material que nas bombas normais é normalmente o plutónio-239 ou o urânio-235, o que, por si só, é um grande problema.
Reações e consequências
A divulgação do projeto atraiu atenção mediática e governamental. O FBI e a CIA intervieram, confiscando tanto o trabalho escrito como a maquete construída por Phillips no seu quarto.
Além disso, Phillips recebeu contactos de representantes de governos estrangeiros, incluindo o Paquistão, interessados no seu design.
Este episódio serviu como um alerta sobre a necessidade de controlar a disseminação de informações sensíveis e reforçar as medidas de não proliferação nuclear.

Vida posterior e carreira
Após o incidente, Phillips tornou-se um ativista contra a proliferação nuclear e candidatou-se, sem sucesso, ao Congresso dos EUA em 1980 e 1982.
Mais tarde, fundou a empresa Aristotle, Inc., especializada em tecnologia política e análise de dados, desempenhando um papel significativo na aplicação de tecnologia em campanhas políticas.
O caso de John Aristotle Phillips sublinha a importância de equilibrar a liberdade académica com a segurança nacional. Destaca, ainda, os desafios contínuos na prevenção da disseminação de conhecimentos que possam comprometer a paz e a segurança globais.
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