Outras Explicações Científicas!
Um exemplo muito claro destas extrapolações científicas é citado pelo jornalista inglês Graham Massey na revista "New Scientist". Massey retoma a afirmação de Charles Berlitz, segundo a qual os satélites meteorológicos do Departamento Oceanográfico e Atmosférico Americano se avariariam precisamente sobre as águas do Triângulo das Bermudas. A verdade, afirma ele, é ligeiramente diferente. Estes satélites tem por missão captar e transmitir imagens da mesma zona da situação meteorológica, uma em luz normal, a outra em infravermelhos. Não podendo as duas imagens ser transmitidas simultaneamente, a imagem captada em luz normal é armazenada em fita magnética. Os satélites transmitem as informações para duas estações no solo, uma no Alasca, outra na Virgínia. Caso se verifique acidentalmente a hipótese de no momento em que o satélite ao avançar para a Virgínia sobrevoa o Triângulo, a fita magnética estar preenchida, é necessária rebobiná-la; ora, não podendo o magnetofone retroceder e transmitir simultaneamente, surge nesse mesmo momento uma zona apagada. Recorda-se que este comentário foi feita na época em que os satélites funcionavam assim.
Temos o caso aparentemente invulgar do radar do navio "Hollyhock", encarregado da conservação das bóias e cujo radar indicava constantemente uma terra ou uma ilha no alto mar, ao largo dos E.U.A., entre Bimini e a Florida - uma terra que existiu de facto, mas à mais de 12.000 anos, antes da fusão dos gelos da última glaciação.
Segundo a Guarda Costeira Americana, as anomalias do radar são bastantes vulgares, e devem-se ao mau funcionamento do aparelho, devido a condições atmosféricas. Nada tem a haver com o facto de ter existido nesse local, uma ilha à milhares de anos, como insinuava Charles Berlitz.
Para M. B. Dyskhoorn, perito em Parapsicologis de Miami, não existem dúvidas:
- Existem no Triângulo das Bermudas, um abismo gigantesco com um turbilhão provocado por uma fenda no fundo do oceano, devido talvez ao arrefecimento do interior da Terra. Quando esse trubilhão atinge a superfície, todo o ar limítrofe é aspirado, arrastando aviões que voam a mais de 3000 metros de altitude, e os navios de maior calado.
Também para o investigador canadiano Ronald Waddington, o perigo reside nas entranhas da Terra:
- Blocos de matéria radioactiva expelidos por vulcões submarinos, deslocando-se a uma velocidade fulminante, abririam passagem através das águas para ir embater nos cascos de aço dos navios como a cabeça magnética de um torpedo, provoando efeitos igualmente destruidores; emitiriam ainda poderosos raios capazes de provocar curtos-circuitos em toda a aparelhagem eléctrica de um avião, dos quais resultaria uma descida descontrolada eventualmente fatal para o aparelho.
Não é so no Ocidente que o Triângulo das Bermudas atrai as atenções. Um artigo publicado em Outubro de 1977, em "Oceans", a revista da Sociedade Oceanográfica Americana, divulga as teses de vários sábios russos sobre este assunto.
Para o investigador Vassili Chuleikine, emissões de infra-sons na frequência de 6 Hz produzidas nas zonas de tempestade podem provocar entre as tripulações dores de cabeça, perturbações digestivas e mesmo psíquicas que lhes sugiram perigos imaginários.
Alexandre Ylekin, Doutorado em Física e Matemática, pensa por sua vez, que se considerararem as datas em que se verificaram os incidentes ocorridos no Triângulo das Bermudas, é evidente a sua ligação com a Lua cheia, altura em que este astro se encontra mais próximo da Terra.
Outra tese aventada por um grupo de engenheiros de Moscovo, defende que a Terra seria uma espécie de cristal gigante, constituído por 12 pentágonos. Entre estes elementos constitutivos do globo terrestre subsistiriam fendas, provocando anomalias magnéticas, centros de pressão atmosférica máxima e mínima, ocultando eventualmente culturas antigas. O Triângulo das Bermudas estaria implantado sobre uma destas fendas existentes no globo terrestre.
Alguns peritos russos falam da possibilidade da existência de um laser natural criado pelos ventos a altitudes elevadas que revolveria repentinamente o mar, provocando um nevoeiro momentâneo. Ou ainda de gases libertados através das fendas da crosta terrestre, que ficariam retidos, como que por uma tampa, pelas camadas superiores do oceano: descidas de pressão fá-los-iam ascender à superfície, originando remoinhos fatais.
No entanto, nenhuma destas verdades científicas está realmente provada. Por muito naturais que sejam, estas explicações permanecem no domínio do imaginário.
O mesmo sucede relativamente aos maremotos provocados pelos tremores de terra:
- Originariam a formação de enormes vagas, autênticas muralhas líquidas que poderiam atingir a altura de um arranha-céus de 60 metros, suficientemente potentes para engolirem facilmente um navio.
Imaginárias ainda são essa vagas atmosféricas gigantescas e invisíveis, semelhantes às do oceano, que se deslocariam nos ares a mais de 200 nós e seriam suficientes para provocar a desintegração de um avião.
Para a Guarda Costeira Americana, cuja área de vigilância abrange uma grande parte das águas do Triângulo das Bermudas, a maioria dos desaparecimentos verificados na região deve-se as condições climáticas da zona. Por exemplo: a Corrento do Golfo do México, rápida e turbulenta, é capaz de apagar qualquer vestígio. Depois temos as condições meteorológicas sobre o Mar das Caraíbas, que não são de confiar mesmo quando favoráveis: pode desencadear-se uma tempestade súbdita, acompanhada de relâmpagos e trovões, bem como de trombas de água, funestas para pilotos e navegadores. Os fenómenos mais perigosos são os minifuracões, que não excedendo uma área de 30 km2, podem representar autênticos cataclismos.
Outra particularidade do ambiente é a topografia submarina, constituída por vastos baixos situados em torno das ilhas e algumas das fossas abissais mais abruptas do mundo. Nestas paragens, as carcaças enferrujadas podem jazer ainda muito tempo sem receio de ser violadas. Noutras zonas menos remotas, os caprichos das correntes, bem como as deslocações dos fundos submarinos, bastariam para justificar o facto de a maioria das buscas se ter saldado por um revés. Não é também impossível que alguns destroços estejam retidos nos buracos azuis, as grutas submarinas dos recifes das Baamas, invadidas por fortes correntes, entre cujas paredes já foram encontrados barcos entalados.
Outro factor a apontar é o erro humano!
Grande número de barcos de recreio sulca as águas entre a costa dourada da Florida e das Baamas.
Frequentemente, as travessias são realizadas em barcos pequenos por indivíduos que conhecem mal a região e destituídos das qualidades indispensáveis a um marinheiro. Muitos destes acidentes devem-se também aos indivíduos que não respeitando temporariamente as leis do código marítimo, colidam com barcos pequenos. Esta última possibilidade foi avançada para explicar o desaparecimento, no dia 1 de Janeiro de 1958, do navio "Revonoc", comandado por Harvey Conover, timoneiro competente, que se dirigia para Miami.
Igualmente falíveis são os pilotos de pequenos aviões particulares, que por negligência, não comunicam antes da partida o seu plano de voo à Federação da Aviação Civil: um documento simples que contém a hora da partida, o destino, o trajecto previsto e sobretudo a hora de chegada. Um atraso de 15 minutos apenas e dá-se início à busca do avião.
Para a Guarda Costeira Americana, a vigilância costeira não admite explicações sobrenaturais para os desastres no mar. Por vezes, as forças combinadas da Natureza e do comportamento imprevisível do homem ultrapassam com vantagem a mais audaciosa ficção científica.
Neste século de racionalismo científico e de fria lógica, o ser humano tem por vezes necessidade de penetrar nos domínios secretos dos sonhos e do mistério, mesmo que à custa da realidade dos factos. O Triângulo das Bermudas é um desses domínios secretos, um dos mitos contemporâneos valiosos pela sua raridade.
Actualmente, continuam a partir para o Mar das Caraíbas, expedições oceanográficas cuja missão é a investigação de fenómenos ainda por desvendar.
Será o Triângulo das Bermudas centro de ciclones marinhos e de tornados de profundidade?
O futuro fornecer-nos-á possivelmente a resposta, e sem dúvida, algumas outras vítimas.