- Entrou
- Ago 4, 2007
- Mensagens
- 46,136
- Gostos Recebidos
- 1,054

A Unidade Local de Saúde (ULS) Almada-Seixal, que integra o Hospital Garcia de Orta, alegou que a grávida de 40 semanas que perdeu a bebé depois de ir a cinco hospitais, incluindo aquela unidade hospitalar, não tinha "registo de alterações patológicas" nem apresentava "critérios clínicos para internamento".
Numa resposta enviada ao Notícias ao Minuto, a ULS Almada-Seixal "confirma que a utente em causa deu entrada na urgência de ginecologia e obstetrícia no dia 19 de junho, com 40 semanas e 3 dias de gestação". Nesse dia, realizou um CTG (cardiotocografia "sem registo de alterações patológicas, não apresentando critérios clínicos para internamento".
"A utente foi, então, informada que, se nada se alterasse, às 41 semanas deveria contactar SNS 24 para ser encaminhada para uma unidade hospitalar disponível à data para indução de trabalho de parto", acrescenta.
A ULS Almada-Seixal diz ainda lamentar "profundamente a morte registada e endereça sentidas condolências à família".
De realçar que a notícia de que a grávida, com queixas de dores intensas e peso abdominal, tinha procurado cinco hospitais nos distritos de Lisboa e Setúbal, no espaço de 13 dias, antes de dar à luz uma bebé, que acabou por morrer, foi avançada pelo Correio da Manhã este domingo.
O diário falou com a mulher, identificada como E.C., que contou que tudo começou no dia 10 de junho, perto das 40 semanas de gestação. Nessa altura, a mulher foi encaminhada pelo SNS24 para o serviço de Ginecologia/Obstetrícia do Hospital de Setúbal, onde a situação foi avaliada e disseram que "estava tudo bem".
A mulher, de 37 anos, voltou para o Seixal, onde reside, para quase uma semana depois voltar a sentir as mesmas dores. Já no dia 16, foi atendida no Hospital do Barreiro, onde também foi realizado um CTG. Contudo, também nessa unidade hospitalar foi-lhe dito que "estava tudo bem", enviando-a para casa.
Três dias depois, as dores voltaram e E.C. regressou ao hospital, desta vez ao Hospital Garcia de Orta, em Almada. "Fizeram CTG, estava tudo bem, mas não internaram porque não tinham vaga", contou.
Passados dois dias, a situação repetiu-se e a mulher ligou para o SNS24, sendo encaminhada para o Hospital de Cascais, onde lhe disseram, conta ao Correio da Manhã, que não tinham vaga. Aqui, recusou voltar para casa e acabou por ser reencaminhada para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
E.C. deu entrada no Santa Maria a 21 de junho e, nesse hospital, foi decidido que o parto devia ser induzido. "No dia 22, tentaram o parto normal, mas não conseguiram e fizeram cesariana de emergência. A minha filha nasceu com 4525 gramas, mas com batimentos cardíacos fracos. Fizeram manobras de reanimação, mas não resistiu", apontou.
O Notícias ao Minuto entrou em contacto com todas as unidades hospitalares envolvidas, mas ainda só obteve resposta do Garcia de Orta. Ao Correio da Manhã, a ULS de Santa Maria explicou que as ecografias apresentadas pela utente "indicavam um feto com crescimento normal" e que o CTG realizado à entrada "era normal."
A decisão de induzir o parto ter-se-á prendido com a existência de "dois partos vaginais anteriores" de E.C., em que um deles o recém-nascido "pesava 3900 g, motivo pelo que não existia qualquer indicação para cesariana."
Segundo a mesma fonte, foi ainda tentado um parto instrumentado, por forma a diminuir o período expulsivo, dado que o feto apresentava "no CTG desacelerações da frequência cardíaca, mas este não teve sucesso, razão pela qual se partiu logo de seguida para uma cesariana".
Terá sido aí que se verificou a existência de um hematoma grande do ligamento largo do útero, "o qual dificultou a incisão no útero e atrasou substancialmente a extração do feto".
"O recém-nascido mostrava sinais de vida, mas não resistiu ao episódio de baixa oxigenação sofrido nos momentos que antecederam o nascimento", explicou a ULS Santa Maria.
O resultado da autópsia ainda não é conhecido.
IN:NM