billshcot
Banido
- Entrou
- Nov 10, 2010
- Mensagens
- 16,629
- Gostos Recebidos
- 160

Os aparelhos electrónicos aumentam o risco de distracção dos condutores, aumentando ao mesmo tempo o risco de acidentes na estrada.
Foi conduzido pelo GPS até um caminho sem volta. Em Outubro do ano passado, um homem de 37 anos teve morte imediata quando o carro caiu no pântano de La Serena, em Badajoz, depois de circular alguns metros numa estrada cortada.
O GPS do veículo, segundo as autoridades, terá indicado uma antiga estrada que desembocava num pântano, e a escuridão da noite não permitiu ao condutor travar a tempo. Só o co-piloto, de 38 anos, conseguiu alcançar a margem a nado e sobreviveu.
«O facto de os condutores seguirem cegamente as instruções do GPS é um perigo», disse um investigador do Instituto Superior Técnico (Departamento de Engenharia Mecânica), já que «as alterações dos sentidos de trânsito não contempladas nos mapas podem conduzir a acidentes, sobretudo se as rotas são programadas durante a condução».
Em Portugal, apesar de não existirem estudos epidemiológicos sobre os efeitos da tecnologia ao volante, não faltam episódios nas estradas. Diariamente as forças de segurança testemunham manobras de alto risco de condutores que se deixam enredar nas ‘maravilhas’ da tecnologia.
«Quase todos manuseiam o GPS em andamento», confirmou um militar da GNR, acrescentando que são os mais idosos que costumam causar mais problemas: «Por exemplo, vêm do Porto a Lisboa seguindo as indicações do aparelho, mas quando se aproximam do destino, param de propósito na berma da auto-estrada (infracção muito grave) para introduzir mais dados».
Alheios ao ambiente que os rodeia, «quando voltam a arrancar fazem-no de chofre, como se estivessem numa via de aceleração». Muitos acidentes, assegura, acontecem nestas circunstâncias.
Mas não é só o GPS que pode distrair. «No Verão, muitos turistas são apanhados a conduzir enquanto vêem televisão» – uma infracção que pode custar entre 120 e 600 euros.
Falar ao telemóvel dá origem a situações não menos caricatas. «Continua a ser frequente condutores usarem os dois auriculares, o que é proibido. Ficam de tal maneira distraídos que nem sequer se apercebem que circulamos mesmo ao seu lado e com as sirenes ligadas», conta o militar, que já conhece de cor certos truques: «Os camionistas usam muito umas cortinas no vidro lateral. Dizem que é para se protegerem do Sol, mas na verdade é para poderem falar à-vontade».
Apesar de quase todos os países da União Europeia, excepto a Suécia, proibirem o uso de telemóvel durante a condução, este factor ainda não é tratado nos relatórios de sinistralidade – em Portugal, está previsto já este ano que a PSP e a GNR passem a registar esta variável nos Boletins de Acidentes de Viação.
Quase sete milhões em multas de telemóvel
Conduzir e falar ao telemóvel ao mesmo tempo aumenta quatro vezes o risco de acidente, pois os reflexos ficam reduzidos a metade – indica um relatório da Comissão Europeia, que sintetiza diversos estudos técnicos sobre esta matéria. Da mesma forma, enquanto enviam SMS, os condutores gastam mais 400% do tempo a olhar para fora da estrada do que em condições normais.
Na Suécia, investigadores concluíram que entre 10 a 20 pessoas morrem anualmente nestas condições. Na Holanda, 600 vidas seriam poupadas se se erradicasse este hábito.
Já nos EUA, onde este tema mobiliza milhões de pessoas, em parte graças à campanha lançada pela apresentadora Oprah Winfrey – mais de 413 mil condutores já se comprometeram a não usar este utensílio enquanto conduzem –, uma pesquisa mostrou que, em média, todos os anos, 2.600 pessoas morrem e 330 mil ficam gravemente feridas. Um trabalho da Universidade Carnegie Mellon mostrou que a actividade cerebral dedicada à condução diminui 37% com a utilização do telemóvel.
Em Portugal, campanhas de prevenção sobre este tema são praticamente inexistentes. Em contrapartida, o Estado tem lucrado milhões, nos últimos anos, com esta infracção. Segundo a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, em 2009 foram multados 45.291 condutores e, no ano passado, 53.939 – o que equivale a uma receita de quase sete milhões de euros.