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Um protocolo foi assinado hoje entre o Parque Biológico de Gaia e a Faculdade de Ciências do Porto para garantir a monitorização do Rio Febros, afluente do rio Douro que, em finais de Agosto, foi atingido por um derrame de ácido clorídrico, na sequência de um acidente envolvendo um camião-cisterna.
Na altura, o rio, cujo curso atravessa o parque situado em Avintes, viu ser contaminado com aquele líquido corrosivo cerca de um terço do seu caudal, o que provocou a morte de muitos peixes e outros animais fluviais e levou mesmo o vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Marco António Costa, a convocar uma conferência de imprensa para alertar a população para os perigos associados à utilização da água do rio.
Segundo Nuno Oliveira, presidente do Parque Biológico, três meses volvidos já não existem vestígios do nocivo ácido e a vida aquática dá mostras de estar a recuperar bem, apesar de este ser um processo mais longo. “Do ponto de vista físico-químico, o rio está completamente recuperado. Do ponto de vista da fauna aquática, enfim, demora mais tempo. Os peixes crescem, desenvolvem-se, reproduzem-se e isso demora pelo menos um ciclo anual. Mas está já em recuperação evidente”, afiançou.
Com duração prevista de um ano, a monitorização da qualidade da água vai começar em breve, não só no rio Febros, como também na ribeira de Jaca, também afectada pelo acidente de Agosto. “Vão ser feitas amostragens trimestrais da comunidade piscícola e mensais da comunidade de macroinvertebrados, no sentido de apreciar a forma como estão a recuperar”, disse ao PÚBLICO Alexandre Valente, responsável pelo estudo e professor do departamento de Zoologia e Antropologia, sector da Faculdade de Ciências que vai assumir os trabalhos no rio. “Tem que se verificar a quantidade de peixes que está no rio e em que zonas é que eles estão. Para ver se eles estão a regressar aos sítios onde existiam, antes do acidente”, acrescentou.
Além de Nuno Oliveira e Alexandre Valente, estiveram na cerimónia de assinatura do protocolo Baltasar Romão de Castro, director da Faculdade de Ciências, e Nuno Miguel Clemente, administrador da Tranquilidade, companhia que segurava o camião-cisterna responsável pelo derrame, razão pela qual vai pagar ao Parque Biológico uma indemnização no valor de cinquenta mil euros. “A nossa atitude é de não apenas assumir as responsabilidades pelo sinistro como também de ser parte deste estudo”, realçou Nuno Miguel Clemente. “Obviamente, que, do ponto de vista da imagem e do ponto de vista de posicionamento no mercado, também queremos ter aqui contrapartidas de imagem e de diferenciação na forma de estar no mercado”, continuou.
O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, foi o grande ausente da cerimónia, que decorreu no Parque Biológico, sobre uma pequena ponte que une as duas margens do rio Febros. Para o substituir, marcou presença o vereador José Guilherme Aguiar, segundo o qual “uma doença súbita” afastou o líder da autarquia do acontecimento e “de algumas outras reuniões”. “Este rio é uma imagem de marca da política ambiental que o presidente implementou, numa área de intervenção que ele considera prioritária”, considerou. “Se dependesse de nós, o rio Douro seria completamente azul e despoluído. Da parte de Gaia, fazemos o nosso trabalho”, defendeu, a respeito de outras águas, Guilherme Aguiar.
Público