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Descargas ilegais e de ETAR mancham rios selvagens portugueses
Os rios Paiva, Côa e Cávado são alguns dos mais belos rios nacionais que enfrentam o desafio de manter as suas características naturais quando os impactes são cada vez maiores e inevitáveis. Conciliar os dois cenários não é tarefa fácil.
O rio Paiva, que nasce na Serra de Leomil, concelho de Moimenta da Beira, considerado ainda um dos mais bem preservados rios nacionais, foi alvo de uma candidatura ao concurso «7 Maravilhas Naturais de Portugal», apresentada pelo movimento SOS Rio Paiva e a Câmara Municipal de Castelo de Paiva. O rio, considerado Sítio de Importãncia Comunitária na Rede Natura 2000, poderá ser uma das 77 candidaturas eleitas até Fevereiro de 2010, ano em que se comemora o Ano Internacional da Biodiversidade.
Só que aquele que era até há pouco tempo um dos rios mais limpos da Europa, enfrenta vários problemas relacionados com a actividade humana que põem em risco a biodiversidade deste habitat de várias espécies. O Movimento SOS Paiva tem vindo a registar alguns dos problemas, nomeadamente, o mais recente, relativo a descargas ilegais de efluentes. Em Julho, o movimento apresentou mesmo uma queixa ao SEPNA, depois de várias análises efectuadas terem detectado níveis preocupantes de poluição, que coloca em sério risco a sobrevivência de várias espécies como a salamandra lusitânica, o lagarto-de-água, a lontra ou o mexilhão-de-rio.
O autarca de Vila Nova de Paiva informou entretanto que a estação de tratamento de águas residuais (ETAR) não estava a funcionar em plenas condições. «Os indícios de mau funcionamento da ETAR de Vila Nova de Paiva levantam-nos também sérias dúvidas sobre o funcionamento de outros equipamentos do género que efectuam descargas para o Paiva e seus afluentes, bem como em relação aos municípios onde nem sequer existe tratamento de águas residuais, levando à drenagem de esgotos que contaminam pessoas e animais, campos e vales, rios e ribeiros», frisa o movimento. No entanto, em Setembro último, o SEPNA respondeu aos responsáveis pela queixa dizendo que após averiguações no rio e na referida ETAR não foram confirmadas as denúncias.
Côa, melhores dias em 2010?
Próxima da Serra da Malcata, nasce o rio Côa, que percorre cerca de 130 km até desaguar na margem esquerda do rio Douro, perto de Vila Nova de Foz Côa. É dos poucos rios portugueses que efectuam um percurso na direcção Sul-Norte, sendo que a zona de Riba-Côa é dominada por bosques, pinhais, fortalezas, planaltos e paisagens típicas da Beira Interior.
Mas o nome do rio ficou mundialmente associado à descoberta daquele que é já considerado o maior museu ao ar livre do Paleolítico, de todo o mundo. Depois de vários anos de impasse, e do expectro da construção de uma barragem em Foz Côa que iria submergir tais gravuras, o Governo declarou em 1995 a suspensão da obra. Entretanto foram identificados vários "sítios" ao longo de 17 quilómetros do Vale do Côa, até que a importância de tais achados foi reconhecida pela UNESCO, que não demorou a considerá-los Património Cultural da Humanidade.
Porém, se o rio granjeou fama para manter o seu curso natural, o mesmo não se poderá dizer da qualidade da sua água. O rio Noème é um dos afluentes do Côa, que está a braços com graves problemas de poluição. Há muitos anos que a câmara municipal do Sabugal prometeu que o rio iria ser despoluído, mas o curso de água continua “morto e sem qualquer vida”.
Segundo o presidente da autarquia, «95 por cento da poluição do rio Noéme é causada pelo rio Diz, que nasce nas proximidades da cidade, cuja poluição está relacionada com os efluentes que recebe de uma empresa de lanifícios. A ETAR da empresa tem parâmetros ambientais aceitáveis para os efluentes serem lançados numa linha de água com caudal suficiente para diluir o efluente com tratamento primário, o que não é o caso do rio Diz, porque tem troços praticamente secos no seu percurso».
O edil adiantou ainda, numa reunião camarária realizada em Dezembro sobre esta matéria, que a empresa está disponível para colaborar na construção de uma estação elevatória, logo à saída da unidade, e que a componente pública terá de edificar o colector para ligação à ETAR de S. Miguel. O projecto foi incluído no PEAASAR II (Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais – 2007/2013), informou, adiantando que, caso não seja contemplado por aquele plano, a câmara fará essa ligação, podendo surgir uma solução no primeiro semestre de 2010.
Cávado não está livre da poluição
Na Serra do Larouco, a uma altitude de cerca de 1520 metros, nasce o rio Cávado, que passa perto de Braga, Barcelos e desagua no Oceano Atlântico junto a Esposende, após um percurso de 135 km. Tem um importante património faunístico e ripícola, em que se destaca a pêga-rabuda, o corvo-marinho, o pato real, a lampreia, o freixo, o amieiro, ou os carvalhos, que formam uma paisagem única e nalguns troços transponível apenas por exímios manejadores de kayaks.
Mas também aqui a qualidade da água não está isenta de problemas. Na zona de Barcelos, por exemplo, a empresa Águas de Barcelos (AdB) é acusada de permitir, com continuidade, que ocorram descargas de efluentes no rio Cávado. Uma situação já reconhecida, aliás, pelo Núcleo de Protecção do Ambiente da Guarda Nacional Republicana.
Em Outubro foi registada uma nova descarga, alegadamente devido a uma avaria na estação elevatória da Ribeira da Vila, avaria que carece de solução definitiva por parte da entidade responsável – a AdB. O processo deverá resultar na aplicação de coima ou contra-ordenação, anunciou então o responsável da GNR, isto apesar de as descargas estarem a suceder-se repetidamente nos últimos meses.
Portal Ambiente

Os rios Paiva, Côa e Cávado são alguns dos mais belos rios nacionais que enfrentam o desafio de manter as suas características naturais quando os impactes são cada vez maiores e inevitáveis. Conciliar os dois cenários não é tarefa fácil.
O rio Paiva, que nasce na Serra de Leomil, concelho de Moimenta da Beira, considerado ainda um dos mais bem preservados rios nacionais, foi alvo de uma candidatura ao concurso «7 Maravilhas Naturais de Portugal», apresentada pelo movimento SOS Rio Paiva e a Câmara Municipal de Castelo de Paiva. O rio, considerado Sítio de Importãncia Comunitária na Rede Natura 2000, poderá ser uma das 77 candidaturas eleitas até Fevereiro de 2010, ano em que se comemora o Ano Internacional da Biodiversidade.
Só que aquele que era até há pouco tempo um dos rios mais limpos da Europa, enfrenta vários problemas relacionados com a actividade humana que põem em risco a biodiversidade deste habitat de várias espécies. O Movimento SOS Paiva tem vindo a registar alguns dos problemas, nomeadamente, o mais recente, relativo a descargas ilegais de efluentes. Em Julho, o movimento apresentou mesmo uma queixa ao SEPNA, depois de várias análises efectuadas terem detectado níveis preocupantes de poluição, que coloca em sério risco a sobrevivência de várias espécies como a salamandra lusitânica, o lagarto-de-água, a lontra ou o mexilhão-de-rio.
O autarca de Vila Nova de Paiva informou entretanto que a estação de tratamento de águas residuais (ETAR) não estava a funcionar em plenas condições. «Os indícios de mau funcionamento da ETAR de Vila Nova de Paiva levantam-nos também sérias dúvidas sobre o funcionamento de outros equipamentos do género que efectuam descargas para o Paiva e seus afluentes, bem como em relação aos municípios onde nem sequer existe tratamento de águas residuais, levando à drenagem de esgotos que contaminam pessoas e animais, campos e vales, rios e ribeiros», frisa o movimento. No entanto, em Setembro último, o SEPNA respondeu aos responsáveis pela queixa dizendo que após averiguações no rio e na referida ETAR não foram confirmadas as denúncias.
Côa, melhores dias em 2010?
Próxima da Serra da Malcata, nasce o rio Côa, que percorre cerca de 130 km até desaguar na margem esquerda do rio Douro, perto de Vila Nova de Foz Côa. É dos poucos rios portugueses que efectuam um percurso na direcção Sul-Norte, sendo que a zona de Riba-Côa é dominada por bosques, pinhais, fortalezas, planaltos e paisagens típicas da Beira Interior.
Mas o nome do rio ficou mundialmente associado à descoberta daquele que é já considerado o maior museu ao ar livre do Paleolítico, de todo o mundo. Depois de vários anos de impasse, e do expectro da construção de uma barragem em Foz Côa que iria submergir tais gravuras, o Governo declarou em 1995 a suspensão da obra. Entretanto foram identificados vários "sítios" ao longo de 17 quilómetros do Vale do Côa, até que a importância de tais achados foi reconhecida pela UNESCO, que não demorou a considerá-los Património Cultural da Humanidade.
Porém, se o rio granjeou fama para manter o seu curso natural, o mesmo não se poderá dizer da qualidade da sua água. O rio Noème é um dos afluentes do Côa, que está a braços com graves problemas de poluição. Há muitos anos que a câmara municipal do Sabugal prometeu que o rio iria ser despoluído, mas o curso de água continua “morto e sem qualquer vida”.
Segundo o presidente da autarquia, «95 por cento da poluição do rio Noéme é causada pelo rio Diz, que nasce nas proximidades da cidade, cuja poluição está relacionada com os efluentes que recebe de uma empresa de lanifícios. A ETAR da empresa tem parâmetros ambientais aceitáveis para os efluentes serem lançados numa linha de água com caudal suficiente para diluir o efluente com tratamento primário, o que não é o caso do rio Diz, porque tem troços praticamente secos no seu percurso».
O edil adiantou ainda, numa reunião camarária realizada em Dezembro sobre esta matéria, que a empresa está disponível para colaborar na construção de uma estação elevatória, logo à saída da unidade, e que a componente pública terá de edificar o colector para ligação à ETAR de S. Miguel. O projecto foi incluído no PEAASAR II (Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais – 2007/2013), informou, adiantando que, caso não seja contemplado por aquele plano, a câmara fará essa ligação, podendo surgir uma solução no primeiro semestre de 2010.
Cávado não está livre da poluição
Na Serra do Larouco, a uma altitude de cerca de 1520 metros, nasce o rio Cávado, que passa perto de Braga, Barcelos e desagua no Oceano Atlântico junto a Esposende, após um percurso de 135 km. Tem um importante património faunístico e ripícola, em que se destaca a pêga-rabuda, o corvo-marinho, o pato real, a lampreia, o freixo, o amieiro, ou os carvalhos, que formam uma paisagem única e nalguns troços transponível apenas por exímios manejadores de kayaks.
Mas também aqui a qualidade da água não está isenta de problemas. Na zona de Barcelos, por exemplo, a empresa Águas de Barcelos (AdB) é acusada de permitir, com continuidade, que ocorram descargas de efluentes no rio Cávado. Uma situação já reconhecida, aliás, pelo Núcleo de Protecção do Ambiente da Guarda Nacional Republicana.
Em Outubro foi registada uma nova descarga, alegadamente devido a uma avaria na estação elevatória da Ribeira da Vila, avaria que carece de solução definitiva por parte da entidade responsável – a AdB. O processo deverá resultar na aplicação de coima ou contra-ordenação, anunciou então o responsável da GNR, isto apesar de as descargas estarem a suceder-se repetidamente nos últimos meses.
Portal Ambiente