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No Inverno o Sol nasce tarde e põe-se cedo. O vento do Norte gela as florestas e os prados. A música da água deixa de se ouvir. A vida não é nada fácil para os pássaros e para os animais do campo. Já não há andorinhas, nem flores nem borboletas. No entanto, o Inverno não é sempre triste: os telhados, as árvores, o campo - tudo a neve põe branco. O Natal está a chegar. A Anita e o Pedro estão de férias. - Vamos experimentar o trenó na encosta da colina.
- Como é que conseguem travar? - pergunta o Pantufa.
- Atenção, meninos!… Segurem-se bem!
À noite, a família reúne-se à volta da lareira.
- Quando eu era pequeno - diz o pai - o Inverno começava cedo. O gelo formava-se depressa, bastavam alguns dias. A neve caía com abundância. O pai foi buscar um álbum de fotografias.
- Este aqui sou eu ao lado de um boneco de neve.
- E aqui, quem é?
- É a mãe. Está a patinar no lago. Era uma grande patinadora e nesta fotografia tinha mais ou menos a vossa idade.
- Lembro-me muito bem - diz a mãe. - A propósito, onde foram parar os meus patins? … Talvez os encontrem no sótão…
- No sótão? … Vamos ver…
No sótão está muito escuro.
Que barulho é este? pergunta o Pantufa. Não é nada. É o vento que sopra
nas vigas da madeira. - Era melhor irmo-nos embora.
- Era tão bom se encontrássemos os patins da mãe, não era?…
- Vamos procurar mais um bocadinho.
- E este senhor, quem é?
- Talvez seja o retrato do tio Gilberto.
-Tem um ar tão severo!
- Será que estava preocupado?
Infelizmente não encontram os patins.
- Anita, são horas de ir para a cama.
Lá fora a noite brilha. A Lua surge no horizonte.
Dormir? Dormir? É fácil de dizer… A Anita imagina o pai e a mãe a patinar no gelo.
- Ah! Se eu tivesse patins! suspira a Anita.
No dia seguinte, de manhã, a Anita decide falar ao Pai Natal.
Mas como? Telefonar? Para onde? Para que número?
Na lista está: “PAI NATAL. Grande escolha de brinquedos antigos e modernos. Telefonar para 00.11.22.33.” - Que número tão estranho! Vamos experimentar…
Está lá? É o Pai Natal?… Está a ouvir?
- Eu sou o gravador de chamadas. O Pai Natal não está. Deixem a vossa mensagem.
- Por favor, gostava de receber uns patins de gelo neste Natal. De repente, batem à porta. É o Francisco, vem aflito.
- Anita, Pedro, socorro! Venham depressa!
- O que é que se passa?…
- … O Pantufa caiu à água. Vai-se afogar. A Anita e o Pedro seguem o Francisco até ao lago.
- Eu vinha de bicicleta e vi o cão, sobre o gelo, a perseguir uma gaivota - explica o Francisco. - Então, gritei: Pantufa, Pantufa, anda cá!… Mas ele não ligou nenhuma. O gelo estava muito fininho, fez crac!… E o Pantufa caiu à água.
- Coitado! Como é que o vamos tirar deste sarilho?
- É preciso estender-lhe um remo.
- Dá-me o camaroeiro - diz a Anita.
O imprudente foi trazido para terra. Não se mexe.
Pantufa! Pantufa! Já Nem reconhece a voz da dona. É como se não ouvisse nada.
-Acham que ele morreu?
- Não… respira um bocadinho. - Deve ter engolido um pirolito!
- Não fiquem aí parados! - suplica a Anita. - Devemos fazer-lhe respiração boca a boca. Ou então pendurá-lo de cabeça para baixo.
- Seria melhor friccioná-lo, assim vai aquecer - diz o Francisco. A mãe não está em casa. E o pai também não.
Correm a procurar ajuda… Sozinhos, nunca irão conseguir…
No caminho, as crianças chegam a um castelo. Avistam uma torre, uma varanda alpendrada e, por cima da porta, uma lanterna.
Um castelo? Não. Talvez um solar. Há um vidro partido nesta janela. E este trenó, de quem será?
-Quem é que viverá nesta casa tão grande?
- Bate à porta. Vamos descobrir.
- Está aí alguém? Parece que não…
- Por favor, abram a porta!… Não podemos esperar. Este cãozinho está muito doente.
foto clip_image001 de Anita e a noite de NatalNa verdade, a porta não está totalmente fechada.
Num aviso, um pequeno texto diz: «Em caso de urgência, entrem sem bater.»
A Anita, o Pedro e o Francisco entram em biquinhos dos pés.
A Anita deita o Pantufa no chão, coberto de palha.
Com uma mão-cheia de feno fricciona o cãozinho para o reanimar o mais depressa possível…
- Já me sinto melhor - diz o Pantufa.
- Parece mesmo que já está a recuperar.
Mesmo assim, a sua imprudência podia ter-lhe sido fatal.
- Para a próxima, pensa melhor. Não se anda em cima dos lagos gelados sem verificar se o gelo está bem duro.
O Pantufa já está de pé.
Anda num vaivém.
Corre por todos os lados.
- Olha! Encontrei uma vaca com ramos na cabeça.
- Não é uma vaca, meu tonto. É um veado - explica a Anita.
- Não, é uma rena - corrige o Francisco.
Um castelo que é um solar, uma porta que se abre sozinha, uma rena no país das vacas - isto não é normal!
Vamos ver o que há na sala ao lado… Talvez…
- Olha!
Há marionetas (com chapéus de palha, barretes e cartolas), uma bruxa montada na vassoura, bonecas e mais bonecas enchem as prateleiras. Chamam-se Tuxa, Francisca e Teresa. - Esta aqui, parece que respira.
- Não - diz o Pedro -, tens cada ideia!
- Quem viverá neste castelo?
- O marquês de Carabas ou a Bela Adormecida?
- Não, é um príncipe da Idade Média com a sua corte: cavaleiros, trovadores, bobos e homens de armas.
- Aonde irão estes cavaleiros? - Olha, vão a um torneio!
- Será que vão à caça de um dragão?
- Uma vela a bombordo!
- Deve ser o Hispaniola que volta da Ilha do Tesouro.
- Será que este veleiro transporta pedras preciosas, ouro e marfim? -Toda a gente para a ponte! Vamos içar a bandeira preta! Isto vai aquecer, rapazes!
- O que é esta bandeira preta? - pergunta o Pantufa.
- É a bandeira dos piratas.
-Mas vocês estão a sonhar ou quê? - diz a Anita. - Estes brinquedos pertencem ao proprietário da quinta.
- Parece que estamos numa loja de brinquedos. Estes embrulhos estão prontos a ser enviados. Até têm etiquetas! - Este aqui diz: “Para a Mariana, Quinta
-Nova.”
- E este: “Para o Francisco, Rua do Choupal.”
- Olha! Aqui está escrito: “Para a Anita” e ali: “Para o Pedro”! Esta agora!
Este robot diz: “Para o João Luís, o filho do dono da garagem.”
- E esta capa, não é do Pai Natal?…
- Querem ver que estes brinquedos lhe pertencem? Fizemos uma grande asneira - diz a Anita.
- Nem uma palavra disto a ninguém. Prometido?
-Sim, sim. Vamos jurar sobre a cabeça do Pantufa!
E agora, silêncio! Já é tarde. Vamos para casa…
Passam alguns dias.
A Anita tricota um cachecol com as cores do arco-íris.
Para quem será?
Para o Pai Natal, repara bem! Ele faz os possíveis para agradar a todas as crianças. Por certo que gostava de receber uma prenda… E tu, o que é que arranjaste?
- É segredo.
Chegou a noite de Natal.
- Quem me dera ver o Pai Natal!
- Quando ele entrar fazemos-lhe uma festa. - Será que vem?
- Desde que não se esqueça dos meus patins!…
Quando se espera uma visita, a noite é muito longa. Ouvimos os barulhos da rua e o tiquetaque do relógio. As pálpebras estão pesadas. As crianças adormecem.
- Levantem-se! Levantem-se! Vi passar o Pai Natal!
- É feio mentir, Pantufa.
O Pantufa não estava a mentir.
O Pai Natal entrou mesmo em casa. Deixou os presentes e uma carta:
“Queridos meninos, hoje é um dia muito bonito. Deixo um par de patins para cada um e goluseimas. Muitos beijinhos…” Ah! Se pudéssemos abraçar o Pai Natal!
O Inverno que anunciou o Senhor Meteorologista chega ao seu máximo. É uma estação excepcional!
O gelo está duro, seco e profundo.
Não. O Pantufa não vai voltar a pôr as patas sobre o gelo. Nunca mais…
A Anita experimenta patinar. Não é nada fácil!
Na fotografia, a mãe patinava com tanta graça e elegância! Quando a Anita tiver algumas lições de equilíbrio, tudo vai correr melhor! Ao longe, ouve-se o trenó do Pai Natal que se afasta.
- Como é que conseguem travar? - pergunta o Pantufa.
- Atenção, meninos!… Segurem-se bem!
À noite, a família reúne-se à volta da lareira.
- Quando eu era pequeno - diz o pai - o Inverno começava cedo. O gelo formava-se depressa, bastavam alguns dias. A neve caía com abundância. O pai foi buscar um álbum de fotografias.
- Este aqui sou eu ao lado de um boneco de neve.
- E aqui, quem é?
- É a mãe. Está a patinar no lago. Era uma grande patinadora e nesta fotografia tinha mais ou menos a vossa idade.
- Lembro-me muito bem - diz a mãe. - A propósito, onde foram parar os meus patins? … Talvez os encontrem no sótão…
- No sótão? … Vamos ver…
No sótão está muito escuro.
Que barulho é este? pergunta o Pantufa. Não é nada. É o vento que sopra
nas vigas da madeira. - Era melhor irmo-nos embora.
- Era tão bom se encontrássemos os patins da mãe, não era?…
- Vamos procurar mais um bocadinho.
- E este senhor, quem é?
- Talvez seja o retrato do tio Gilberto.
-Tem um ar tão severo!
- Será que estava preocupado?
Infelizmente não encontram os patins.
- Anita, são horas de ir para a cama.
Lá fora a noite brilha. A Lua surge no horizonte.
Dormir? Dormir? É fácil de dizer… A Anita imagina o pai e a mãe a patinar no gelo.
- Ah! Se eu tivesse patins! suspira a Anita.
No dia seguinte, de manhã, a Anita decide falar ao Pai Natal.
Mas como? Telefonar? Para onde? Para que número?
Na lista está: “PAI NATAL. Grande escolha de brinquedos antigos e modernos. Telefonar para 00.11.22.33.” - Que número tão estranho! Vamos experimentar…
Está lá? É o Pai Natal?… Está a ouvir?
- Eu sou o gravador de chamadas. O Pai Natal não está. Deixem a vossa mensagem.
- Por favor, gostava de receber uns patins de gelo neste Natal. De repente, batem à porta. É o Francisco, vem aflito.
- Anita, Pedro, socorro! Venham depressa!
- O que é que se passa?…
- … O Pantufa caiu à água. Vai-se afogar. A Anita e o Pedro seguem o Francisco até ao lago.
- Eu vinha de bicicleta e vi o cão, sobre o gelo, a perseguir uma gaivota - explica o Francisco. - Então, gritei: Pantufa, Pantufa, anda cá!… Mas ele não ligou nenhuma. O gelo estava muito fininho, fez crac!… E o Pantufa caiu à água.
- Coitado! Como é que o vamos tirar deste sarilho?
- É preciso estender-lhe um remo.
- Dá-me o camaroeiro - diz a Anita.
O imprudente foi trazido para terra. Não se mexe.
Pantufa! Pantufa! Já Nem reconhece a voz da dona. É como se não ouvisse nada.
-Acham que ele morreu?
- Não… respira um bocadinho. - Deve ter engolido um pirolito!
- Não fiquem aí parados! - suplica a Anita. - Devemos fazer-lhe respiração boca a boca. Ou então pendurá-lo de cabeça para baixo.
- Seria melhor friccioná-lo, assim vai aquecer - diz o Francisco. A mãe não está em casa. E o pai também não.
Correm a procurar ajuda… Sozinhos, nunca irão conseguir…
No caminho, as crianças chegam a um castelo. Avistam uma torre, uma varanda alpendrada e, por cima da porta, uma lanterna.
Um castelo? Não. Talvez um solar. Há um vidro partido nesta janela. E este trenó, de quem será?
-Quem é que viverá nesta casa tão grande?
- Bate à porta. Vamos descobrir.
- Está aí alguém? Parece que não…
- Por favor, abram a porta!… Não podemos esperar. Este cãozinho está muito doente.
foto clip_image001 de Anita e a noite de NatalNa verdade, a porta não está totalmente fechada.
Num aviso, um pequeno texto diz: «Em caso de urgência, entrem sem bater.»
A Anita, o Pedro e o Francisco entram em biquinhos dos pés.
A Anita deita o Pantufa no chão, coberto de palha.
Com uma mão-cheia de feno fricciona o cãozinho para o reanimar o mais depressa possível…
- Já me sinto melhor - diz o Pantufa.
- Parece mesmo que já está a recuperar.
Mesmo assim, a sua imprudência podia ter-lhe sido fatal.
- Para a próxima, pensa melhor. Não se anda em cima dos lagos gelados sem verificar se o gelo está bem duro.
O Pantufa já está de pé.
Anda num vaivém.
Corre por todos os lados.
- Olha! Encontrei uma vaca com ramos na cabeça.
- Não é uma vaca, meu tonto. É um veado - explica a Anita.
- Não, é uma rena - corrige o Francisco.
Um castelo que é um solar, uma porta que se abre sozinha, uma rena no país das vacas - isto não é normal!
Vamos ver o que há na sala ao lado… Talvez…
- Olha!
Há marionetas (com chapéus de palha, barretes e cartolas), uma bruxa montada na vassoura, bonecas e mais bonecas enchem as prateleiras. Chamam-se Tuxa, Francisca e Teresa. - Esta aqui, parece que respira.
- Não - diz o Pedro -, tens cada ideia!
- Quem viverá neste castelo?
- O marquês de Carabas ou a Bela Adormecida?
- Não, é um príncipe da Idade Média com a sua corte: cavaleiros, trovadores, bobos e homens de armas.
- Aonde irão estes cavaleiros? - Olha, vão a um torneio!
- Será que vão à caça de um dragão?
- Uma vela a bombordo!
- Deve ser o Hispaniola que volta da Ilha do Tesouro.
- Será que este veleiro transporta pedras preciosas, ouro e marfim? -Toda a gente para a ponte! Vamos içar a bandeira preta! Isto vai aquecer, rapazes!
- O que é esta bandeira preta? - pergunta o Pantufa.
- É a bandeira dos piratas.
-Mas vocês estão a sonhar ou quê? - diz a Anita. - Estes brinquedos pertencem ao proprietário da quinta.
- Parece que estamos numa loja de brinquedos. Estes embrulhos estão prontos a ser enviados. Até têm etiquetas! - Este aqui diz: “Para a Mariana, Quinta
-Nova.”
- E este: “Para o Francisco, Rua do Choupal.”
- Olha! Aqui está escrito: “Para a Anita” e ali: “Para o Pedro”! Esta agora!
Este robot diz: “Para o João Luís, o filho do dono da garagem.”
- E esta capa, não é do Pai Natal?…
- Querem ver que estes brinquedos lhe pertencem? Fizemos uma grande asneira - diz a Anita.
- Nem uma palavra disto a ninguém. Prometido?
-Sim, sim. Vamos jurar sobre a cabeça do Pantufa!
E agora, silêncio! Já é tarde. Vamos para casa…
Passam alguns dias.
A Anita tricota um cachecol com as cores do arco-íris.
Para quem será?
Para o Pai Natal, repara bem! Ele faz os possíveis para agradar a todas as crianças. Por certo que gostava de receber uma prenda… E tu, o que é que arranjaste?
- É segredo.
Chegou a noite de Natal.
- Quem me dera ver o Pai Natal!
- Quando ele entrar fazemos-lhe uma festa. - Será que vem?
- Desde que não se esqueça dos meus patins!…
Quando se espera uma visita, a noite é muito longa. Ouvimos os barulhos da rua e o tiquetaque do relógio. As pálpebras estão pesadas. As crianças adormecem.
- Levantem-se! Levantem-se! Vi passar o Pai Natal!
- É feio mentir, Pantufa.
O Pantufa não estava a mentir.
O Pai Natal entrou mesmo em casa. Deixou os presentes e uma carta:
“Queridos meninos, hoje é um dia muito bonito. Deixo um par de patins para cada um e goluseimas. Muitos beijinhos…” Ah! Se pudéssemos abraçar o Pai Natal!
O Inverno que anunciou o Senhor Meteorologista chega ao seu máximo. É uma estação excepcional!
O gelo está duro, seco e profundo.
Não. O Pantufa não vai voltar a pôr as patas sobre o gelo. Nunca mais…
A Anita experimenta patinar. Não é nada fácil!
Na fotografia, a mãe patinava com tanta graça e elegância! Quando a Anita tiver algumas lições de equilíbrio, tudo vai correr melhor! Ao longe, ouve-se o trenó do Pai Natal que se afasta.